Capítulo 18

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CAPÍTULO 18

Sem a pressão dos estudos de seu mestrado, agora que tudo havia sido concluído, Jessie podia manter seu repouso mais rigorosamente. E eu fazia tudo ao meu alcance para ajudá-la naquela empreitada.

Ela seguia as recomendações médicas, mesmo que ainda não quisesse reconhecer abertamente a gravidez. Não compramos nenhuma roupinha com antecedência, não contamos a ninguém, não preparamos o quarto, não debatemos nomes... nada. Sem festa de revelação, sem chá de bebê, sem nem mesmo ousar falar sobre tais coisas. Ela refreava cada desejo, mantinha sua alimentação saudável, tomava suas vitaminas e comparecia a todos seus exames pré-natais, religiosamente. Mas jamais falava abertamente a respeito da arriscada gestação.

Tentei ao máximo comparecer a todos os seus exames semanais, mas era algo impraticável devido a minha escala de trabalho. Mesmo assim, estive com ela em tantos quanto pude.

No dia da temida ultrassonografia morfológica do segundo trimestre, foi como se não pudéssemos respirar. Ela estava com vinte e uma semanas, quase a mesma quantidade de tempo que tinha quando descobrimos o aborto em sua primeira gravidez. A aflição era tanta que tudo parecia estar em câmera lenta.

Diferentemente do fatídico "ultrassom da morte" da primeira gestação, este tinha som. Tinha vida. Tinha batimentos cardíacos. Batimentos acelerados do pequeno coraçãozinho do nosso bebê.

- Meus parabéns! É um menino - a médica confirmou.

Ao ouvir aquelas palavras, em meio às pequenas batidas descompassadas, foi como se eu pudesse ouvir meu próprio coração bater dentro de mim. Meu coração, que antes parecia ter sido congelado, agora batia freneticamente, no mesmo ritmo da batida desenfreada do coraçãozinho do nosso filho, que estava vivo. Ele estava vivo! E eu finalmente podia respirar.

- E ele parece saudável - a doutora acrescentou. - Sem quaisquer sinais aparentes de anomalias cromossômicas ou malformações congênitas... O tamanho também parece bom. Crescimento compatível com a idade gestacional.

Jessie começou a chorar, copiosamente. Eu também não pude conter as lágrimas. Foi como se um peso enorme tivesse sido tirado de nós. Mas sabíamos que ainda estávamos apenas na metade do caminho.

- Vocês estão indo muito bem - a médica voltou a falar, agora tentando nos consolar. Depois segurou a mão de Jessie e disse, olhando em seus olhos: - Você está fazendo um ótimo trabalho, mamãe. Continue assim.

Jessie apenas assentiu com a cabeça. Sem conseguir parar de chorar, ela soluçava.

- Agora você precisa continuar se cuidando. Tente fazer o máximo de repouso possível. Evite se manter de pé por períodos prolongados. Procure manter-se sempre hidratada, tenha uma alimentação balanceada, e nós vamos continuar mantendo a frequência dos exames periódicos. Eu vou te acompanhar de perto.

- Obrigada, doutora - Jessie enfim falou.

Saímos de lá como se estivéssemos nas nuvens. Ainda chorávamos. Mas, dessa vez, não foram lágrimas de tristeza. Era um choro de alegria. Como um suspiro de alívio. Pela primeira vez desde que descobrimos a gravidez, nós nos permitimos sentir genuinamente felizes por estarmos aguardando um filho. Aquilo era real. Inacreditável, mas real.

Mesmo assim, ainda não nos sentíamos seguros o suficiente para permitir que outras pessoas soubessem. Entretanto, o grande problema é que Jessie precisava de alguém que cuidasse dela em tempo integral, para que ela pudesse manter seu repouso absoluto, para que ela e o nosso bebê pudessem chegar ao final da gestação com saúde.

- Precisamos contar para a família - recomendei.

- Não. Ainda não - ela recusou com veemência. - É cedo demais.

Sob O Pôr Do SolOnde histórias criam vida. Descubra agora