Capítulo 3

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CAPÍTULO 3

No dia seguinte, Jessie parecia ter sido acometida por alguma virose potente, que a deixou acamada. Não pude evitar de pensar que isso, talvez, tivesse sido causado pela exposição ao frio intenso e aos milhões de germes que deviam estar por todos os lados na aglomeração da qual fizemos parte na madrugada anterior.

Cheguei ao apartamento de Juliet e Marcus para buscá-la para nosso encontro, mas a visão que encontrei era de cortar o coração: ela estava jogada na cama, envolta em cobertores grossos, ainda tremendo de frio; sua pele queimando em febre, seu delicado nariz estava totalmente avermelhado, seus olhos fundos, como se não dormisse há semanas.

- Não fique perto de mim advertiu em meio a uma crise de tosse. Pode ser contagioso.

- Eu não me importo rebati.

Sentei-me na cama e Jessie repousou sua cabeça sobre minha perna enquanto eu acariciava seus cabelos macios. Ela dormiu antes que eu pudesse dizer qualquer outra coisa.

- Ela está sob efeito de muito remédio para resfriado - Juliet explicou. Sua voz também não soava bem, como se estivesse com o nariz bastante entupido.

- Você está bem? - perguntei, mesmo sendo óbvio que não.

- Mais ou menos - ela respondeu. - Acho que também peguei essa gripe. E Marcus está com febre, no quarto ao lado - ela apontou com o polegar.

- Sinto muito. Tem algo que posso fazer para ajudar?

- Só cuida da Jess. Eu vou levar isso aqui para o Marcus - ela balançou uma garrafa de isotônico em sua mão. - E vê se toma cuidado para não ficar doente também.

- Pode deixar.

Ela foi para o outro quarto, e eu fiquei sentado ali com Jessie, correndo meus dedos por suas mechas acobreadas, em silêncio, tentando de alguma forma confortá-la. Levou algumas horas para que ela acordasse novamente.

- Desculpa, Sammy. Eu sei que tínhamos um encontro marcado hoje - fungou. Esse resfriado maldito estragou tudo.

- De jeito nenhum. Nós estamos juntos e, para mim, isso já é um encontro. E está muito bom.

Ela sorriu, e eu não pude resistir. Comecei a baixar minha cabeça para dar-lhe um beijo, mas ela tentou me impedir.

- Não me beije. Você vai acabar pegando também.

- É um risco que estou disposto a correr.

Continuei minha investida, mas ela ainda parecia receosa em permitir que eu a beijasse.

- Sammy, é sério, não quero te passar essa doença.

- Por um beijo seu, eu acho que vale a pena - insisti.

Ela finalmente cedeu. E eu a beijei.

E ela estava certa. Foi dito e feito: na manhã seguinte, eu também estava doente. E eu também estava certo: valeu a pena.

Precisei ligar para o despachante da minha companhia aérea e informar que estava doente e não poderia ir trabalhar. Ele disse que iria tirar meu nome das próximas escalas e que eu não deveria aparecer para trabalhar enquanto estivesse assim. Aparentemente, estava havendo um grande surto de algum vírus desconhecido, que vinha acometendo centenas de milhares de pessoas. A recomendação era que ficássemos em isolamento enquanto estivéssemos apresentando sintomas.

Seguimos à risca as recomendações médicas, o que nos concedeu vários dias de isolamento, juntos, já que estávamos ambos adoecidos.

Eu não podia voltar para o meu apartamento, pois corria o risco de deixar Bob doente. Por isso, fiquei no apartamento de Juliet e Marcus, já que todos ali também estavam com o tal vírus.

Sob O Pôr Do SolOnde histórias criam vida. Descubra agora