26. Favoritos.

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POV FREEN

Eu e Becky voltamos a nos comunicar com frequência durante a semana que se passou. Infelizmente não pudemos nos ver, por conta dos nossos trabalhos e da nossa rotina de maneira geral. Eu queria muito vê-la, mas também não queria impor minha presença. Foi assim que decidi que falaria dos meus planos para aquele final de semana de uma forma que parecesse um convite, mas deixasse em aberto para caso ela tivesse outros planos ou realmente não se interessasse.

Faziam alguns meses que eu queria levar Li para a praia, mas o meu horário não me permitia sair de Bangkok, logo fui adiando esses planos. Com o término da novela em algumas semanas, no entanto, eu teria tempo para isso. Como a praia estava fora de cogitação, decidi que podíamos passar o dia em clube reservado logo nos arredores da cidade.

Era um clube privado, onde pessoas públicas podiam ir sem se preocupar de ter sua privacidade espalhada nas mídias. Era um lugar que eu costumava frequentar muito, por conta de sua área verde vasta, piscinas e atividades infantis que Li adorava. Na parte mais afastada do clube, tinham alguns chalés privativos com jardins onde haviam cadeiras para o lounge na área externa e um conjunto de quarto, cozinha e sala na parte interna.

Eu nunca havia passado a noite ali, mas gostava de aproveitar o dia com Li nas áreas mais movimentadas, e depois do almoço, curtir uma tarde preguiçosa no jardim da casa.

Contei dos meus planos para Becky em uma das nossas mensagens trocadas e torci para que ela entendesse o meu sutil convite para ela se juntar a nós naquele dia.

Aguardei ansiosamente sua mensagem, que demorou mais do que eu imaginava. Eu havia mandando a mensagem pela manhã e ela só foi me responder a noite, quando eu acabava de chegar em casa com Li.

Becky: Você acha que é sútil, mas não é nem um pouco, P'Freen. Se você quiser minha companhia, basta pedir. Eu ia adorar passar o dia com a Li.

O sorriso que surgiu em meu rosto desafiava a física de tão brilhante. Algo no meu estômago remedia quando ela me chamava de P'Freen, pois nas nossas idades, esses títulos já não nos cabiam, mas eu podia imaginar o tom de provocação em sua voz ao meu chamar assim. E o jeito que ela falava de Li também não ajudava as borboletas no meu estômago.

Toda vez que eu mencionava Li, ela era atenta e perguntava coisas importantes do bem estar da minha filha. Lógico que eu sempre soube que Becky era gentil e cuidadosa, mas era especial ver essas atitudes direcionadas a Li.

Freen: E eu achando que tinha disfarçado bem a minha vontade de ter sua companhia. Só com a Li?

Mordi meu lábio em um hábito que estava se tornando habitual em nossas conversas. Eu me sentia uma adolescente novemente, esperando cada resposta às minhas pequenas provocações.

Becky: Claramente você precisa trabalhar na sua sutileza. Só com Li não, mas ela é a minha Chamkimha favorita, você não sabia?

Freen: Ah, é mesmo? Acho que vou ter que repassar esse recado para a minha mãe.

Becky: Não se preocupe, Freen, tenho certeza que ela não vai se incomodar de ser a minha segunda Chamkimha favorita.

Eu ri alto da sua provocação, mas decidi que me faria de ofendida.

Freen: E que posição eu ocupo nesse podium, aparentemente bem disputado, de favoritismo?

Becky: Um sólido quarto lugar, é claro.

Freen: Quaaaarto????? 💔💔💔

Becky: Sua avó foi sempre muito gentil comigo.

Freen: E você sabe qual sua posição dos meus Armstrong favoritos?

Becky: Devo contar com o Bonbon?

Freen: Deveria ter contado ele como um Chamkimha também.

Eu mandei essa última mensagem sem pensar e quando fui pensar em me desculpar, ela já havia me respondi.

Becky: Você tem razão. Sua nova posição é quinto lugar.

Sua resposta fez meu coração aquecer dentro do peito. Se eu fechasse meus olhos era como nenhum tempo tivesse passado. Era como se ainda tivessemos 20 e poucos anos, descobrindo nosso lugar no mundo. Becky tomando seu Milk Tea no seu loft a alguns minutos do meu, enquanto eu pensava se pedia alguma comida ou se a chamava para jantar em algum lugar diferente.

Becky: Devo adivinhar minha posição?

Ela mandou depois que demorei algum tempo para responder, perdida em meus pensamentos.

Freen: Eu duvido você acertar.

Becky: Terceiro? Depois do Bombon e do Richie?

Eu ri da sua resposta e até poderia concordar com ela, apenas para manter a sua provocação inicial. Mas não queria.

Freen: Errou.

Me perguntei se ela sentia as mesmas sensações na barriga e no peito que eu sentia com essas nossas conversas. Becky era o meu sorriso do final do dia. Depois que eu colocava Li para dormir com sua leitura escolhida da semana, eu me sentava no sofá, as vezes com um chá em mãos, as vezes como uma taça de vinho. E me permitia me transportar para os meus 20 e poucos anos, quando eu compartilhava tudo com a mulher do outro lado do telefone.

Becky: Quinto?

Eu neguei com a cabeça, deixando a xícara de chá na mesa de centro da minha sala. Tomei uma decisão impulsiva e levei o celular até o meu rosto, logo depois de apertar na tela para convifar Becky para uma chamada de voz.

O aparelho chamou algumas vezes antes de ser atendido. Esperei ansiosamente, com meu coração a mil. Sua voz saiu tímida e levemente rouca:

"P'Freen?" ela disse tão gentilmente que fechei meus olhos.

"Primeiro lugar. Sempre primeiro lugar," me vi respondendo.

Eu ouvi o seu suspiro do outro lado da linha e mais um barulho, comonse ela estivesse arrumando sua posição.

Eu esperei em aflição a sua resposta e ela não foi nada o que eu imaginava:

"Eu adoraria passar o dia com você e Li no sábado."

E o passado, a cada dia mais presente, me dava esperanças pelo futuro.

Notas da autora:

Opa, olha eu aqui de novo.

Eu sei que dão capítulos curtos, mas como já falei outras vezes, é meu jeitinho de escrever.

Amanhã tem mais. Até o próximo!

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