42. Livres

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POV BECKY

Fui embora da casa da Freen aquela noite, me sentindo diferente. Era como se uma porta, que estava há muito tempo trancada, tivesse finalmente sido aberta. Mas ao mesmo tempo, por de trás dessa porta, havia muito mais do que eu me lembrava. A cada novo dia com Freen, eu redescobria as sensações de tê-la em minha vida. Não apenas seus toques físicos, mas sim sua como a sua presença me afetava, como mais que uma amiga, como alguém que eu queria construir um futuro.

Deitei na minha cama aquela noite e sorri feito uma boba. Isso me lembrou da cena de Mon acordando no dia seguinte da "missão" ser cumprida e acabei rindo. Nenhuma missão tinha sido cumprida aquele dia, mas eu me sentia mais de Freen do que nunca. Ela tinha me confiado o que dela era mais precioso: seu coração e sua família.

Infelizmente não puder ver Freen e nem Li naquele final de semana. Eu ainda tinha que trabalhar na música que havia começado a compor naquela sexta-feira e no domingo, eu tinha que participar de dois podcasts falando sobre alguns trabalhos meus que estavam sendo lançados. Freen, no entanto, passou aqueles dias me mandando mensagens fofas e stickers. Até um audio de Li eu recebi no domingo, dizendo que ela estava ouvindo minha voz no som do carro. Freen tendo colocado o podcast para tocar enquanto as duas voltavam de um passeio.

Freen finalizaria sua novela aquela semana e tinha me perguntado, de forma tímida, se eu queria ir jantar novamente na sua casa naquela sexta-feira, mas dessa vez, seríamos apenas nós duas, porque aquele era o final de semana de Li ficar com Rune. Eu aceitei prontamente, porque estávamos uma semana sem nos ver e eu estava morrendo de saudade do seu rosto, do seu sorriso, do seu cheiro, da sua risada alta... Dela inteira.

Eu a respondi exatamente dessa forma, listando cada coisa que eu havia sentido falta durante aquela semana, o que fez ela me responder diversos stickers, esses variando entre expressões tímidas e apaixonadas. Eu ri, sabendo com propriedade qual era a expressão em seu rosto.

Na sexta-feira, Freen havia me dito para eu chegar em sua casa as 20h, porque ela prepararia o jantar assim que chegasse do estúdio, mas eu sabia que a sua semana tinha sido exaustiva e não estava nos meus planos deixar ela fazer mais nada naquele dia. Assim formei um plano, porque saberia que como das outras vezes, ela não aceitaria minha ajuda se soubesse das minhas intenções.

Eu saí mais cedo do trabalho aquele dia e fui em casa me trocar e ficar pronta para ver Freen. Meu coração batia ansioso em saber que a veria. Eu acho que sempre seria assim.

Pedi um carro particular para me deixar no seu estúdio de gravação e fui até o estacionamento onde sabia que Freen teria o seu carro estacionado. Encontrei com facilidade o automóvel e me escorei no mesmo. Eu sabia que Freen logo estaria ali, pois estávamos conversando no decorrer do dia e eu tirei, sutilmente, informações dela durante a nossa conversa.

Como esperado, eu vi quando ela e alguns outros colegas saíram pelas portas do estúdio se despedindo de forma cansada, mas com sorrisos grandes nos rostos. Era o último dia de gravação, mas eles teriam uma festa de despedida e encerramento na outra semana, de acordo com Freen.

Demorou um tempo para que os seus olhos me encontrassem, mas quando o fizeram, se abriram levementem em espanto, mas logo suavizaram, ao mesmo tempo que um sorriso se desmanchou em sua boca.

"Ei," ela disse tão suavemente quando se aproximou de mim, que eu quis derreter. A minha sorte é que eu estava escorada no carro. A minha vontade era de puxar seu corpo contra o meu e beijar sua boca ali mesmo. Não era possível que eu tivesse conseguido passar tanto tempo longe dessa mulher.

"Surpresa," falei, controlando meus impulsos, mas tomando sua mão na minha mesmo assim.

"E que surpresa," ela disse, sorrindo abertamente, e levando sua mão até o meu rosto, movendo a mexa de cabelo que cobria parcialmente minha visão.

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