48. Chave

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POV BECKY

Acabamos dormindo, enroscadas uma na outra, sem saber onde uma começava e a outra terminava. Toda vez que eu adormecia ao lado de Freen, era como se eu conseguisse relaxar completamente e tinha sonos tranquilos, onde eu apagava completamente.

Foi exatamente por esse motivo, que acordei desnorteada ao ouvir barulhos vindo de outros cômodos da minha casa. Abri meus olhos lentamente, ainda tentando me ajustar a realidade e percebi que todos os meus sensos ainda estavam inundados de Freen, que dormia sonoramente ao meu lado. Completamente nua, assim como eu.

Os barulhos continuavam fora do quarto e eu senti meus olhos arregalarem, assim como o meu coração acelerar quando meu cérebro, ainda lento do despertar, fez sentido da realidade. Eu podia ouvir o barulho se aproximando e o desespero que me tomou, só me fez ser rápida o suficiente para dobrar meu corpo sobre a cama, alcançar a ponta da coberta e a puxar o mais rápido possível sobre o meu corpo e de Freen, isso tudo dois segundos antes da porta do meu quarto se abrir.

"Pensei que depois da Freen, você tinha se tornado menos um zumb..." as palavras se perderam nos lábios do meu irmão, ao mesmo tempo que seus olhos arregalaram quando ele se deparou com os meus no mesmo estado que os seus, apenas minimamente a mostra sobre onde eu segurava a coberta.

Ele prontamente fechou a porta e eu estava tentando relembrar como respirava, quando senti vibrações ao meu lado na cama. Olhei assustada para o meu lado e me deparei com os olhos escuros e boleados de Freen, brilhando divertimento, enquanto seu rosto deitava relaxado sobre o travesseiro.

"Do que você está rindo?" questionei indignada com sua reação à aquela situação completamente constrangedora.

"Você está completamente vermelha, babe," ela disse em um tom relaxado e tranquilo, a melodia da sua voz fazendo meu coração desacelerar o seu desespero anterior.

"O meu irmão praticamente pegou a gente," falei, em um misto de indignação e vergonha.

"Praticamente sendo a palavra chave aqui," ela disse, levando a mão até a minha clavícula, acariciando levemente a região. "Respira, amor," ela pediu, me auxiliando em retomar minha calma.

Acompanhei os movimentos lentos dos seus dedos até a minha respiração voltar a ficar compassada e meu coração bater em seu ritmo normal. Freen ainda me encarava com os seus olhos brilhantes e seu sorriso relaxado, tirando insititivamente de mim um sorriso em resposta. 

Ela retirou sua mão de onde ainda me tocava e começou a sair de debaixo da coberta, quando me vi perdendo o sorriso e perguntando o que ela estava fazendo. Ela terminou de se levantar da cama e virou pra mim com uma expressão confusa.

"Temos que levantar, Becky. O seu irmão está aí," ela respondeu como se fosse óbvio e gruni irritada, não queria sair do nosso casulo. Freen riu das minhas reações enquanto buscava as nossas roupas espalhadas pelo quarto e me entregava as minhas.

Me distraí momentâneamente seguindo seus movimentos, afinal ela ainda estava completamente nua e completamente linda. Nua, linda e minha. Me perdi nos meus pensamentos e naquela visão quando ela finalmente colocou sua camisa larga, cobrindo completamente seu corpo e me fazendo lembrar que tínhamo que nos vestir. E o porquê disso.

"É hoje que eu pego essa chave das mãos do Richie," resmunguei enquanto colocava a contragosto a minha roupa, isso fez Freen voltar a rir e se aproximar de mim novamente.

"Desfaz esse bico, babe. Assim que seu irmão for embora, a gente volta pra cá," ela disse, me segurando pela cintura e deixando um beijo curto em meus lábios, me derretendo completamente.

"Você promete?" perguntei,  manhosa, entrelaçando minhas mãos em seu pescoço e puxando seu corpo contra o meu.

"Sim, minha gatinha," ela disse, agora  mordendo levemente a minha bochecha, me fazendo rir e me afastar dela. "Vem, vamos," ela disse extendendo sua mão para mim, que prontamente tomei nas minhas, entrelaçando nossos dedos. Movimento esse que a fez sorrir e consequentemente o meu coração se agitar no peito.

Entramos na cozinha, ainda com nossas mãos entrelaçadas, e encontramos o meu irmão com o semblante mais pálido que eu já vi em toda a minha vida. Eu tinha começado a rir, quando Freen apertou sua mão na minha e me olhou com uma expressão de reprovação.

"Oi, Richie," ela disse, voltando a se virar pro meu irmão, que parecia olhar para todos os lugares, menos na nossa direção.

"Oi, Freen. Me desculpem por antes, eu..." ele começou, mas foi interrompido por Freen ao mesmo tempo que pela minha risada alta.

"Não precisa se desculpar, não aconteceu nada demais," Freen disse, voltando a me encarar com reprovação, mas eu não conseguia evitar.

Eu sei que havia ficado constrangida anteriormente, mas agora vendo a reação do meu irmão, eu sabia que quem havia saído traumatizado havia sido ele. E isso se comprovou quando ele foi embora, alguns minutos depois, e eu encontrei a chave reserva que ele tinha da minha casa sobre o balcão da cozinha. Peguei o objeto em minhas mãos, voltando a rir enquanto ia em direção ao meu quarto.

Freen, que agora secava seus cabelos após tomar banho, me encarou confusa.

"Do que você está rindo, amor?" ela perguntou e eu mostrei a chave em minhas mãos.

"Quebramos o meu irmão," falei ainda rindo. 

Ela negou com a cabeça, mas eu pude ver que ela lutava contra um sorriso na ponta da sua boca.

"O coitado não conseguiu me olhar nos olhos nenhuma vez," ela disse, extendendo a toalha e vindo em direção a cama, onde eu agora estava sentada.

"Nem nos meus. Eu nunca vi alguém comer tão rápido e olha que estava extremamente quente," falei, me lembrando da velocidade anormal que meu irmão consumiu a comida que ele havia trazido para o jantar.

"Coitado," ela respondeu.

Dessa vez Freen soltou uma risada baixa, ao mesmo tempo que empurrava meus ombros delicadamente com suas mãos, enquanto, em um movimento habilidoso e natural, se sentava sobre o meu colo, com seus joelhos dobrados de cada lado do meu corpo na cama. Como se o seu sorriso e o movimento já não fossem o suficiente para fazer a minha respiração falhar, ela ainda jogou seus cabelos semi úmidos para só um lado dos seus ombros, expondo sua pele e fazendo com que o cheiro fresco invadisse meus sentidos. Minhas mãos foram automaticamente até a sua cintura, segurando seu corpo contra o meu. Era instintivo, não importa o quão perto ela estava, eu sempre a queria mais perto ainda.

Suas mãos entrelaçaram nos cabelos da minha nuca e antes que eu pudesse falar qualquer coisa, ela colou sua boca na minha, tomando meu lábio inferior nos seus, iniciando um beijo lento e sensual que me fez esquecer qualquer outra coisa que não fosse ela. E era como se nunca tivéssemos saído dali da nossa bolha, do nosso casulo, dos  braços uma da outra.

Notas da autora:

Boa noite, bbs. Olha quem voltou. Hehehe.

Espero que ainda tenha alguém por aqui.

Espero que gostem também.

Até o próximo!

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