People Change

58. Pertencimento

POV FREEN

Devo confessar que eu não estava acostumada a sentir inseguranças em relação ao meu relacionamento com Becky. Que a conforto da bolha em que vivíamos o nosso amor tornava cômodo e simples as nossas interações. E que, desde o momento em que Becky apareceu de repente em minha casa, me dizendo que nada mais nos impedia de ficar juntas e me beijou, eu nunca mais havia me sentindo como me senti hoje.

Grande parte de mim me sentia boba, agora com seu braço firmemente entrelaçado em minha cintura, as frentes dos nossos corpos colados e seus olhos me encarando com a mesma sede que o faziam em nossa intimidade. Aqui, eu podia ver que minhas inseguranças eram em vão. O que quer que Becky tenha tido com Aran, ela tinha deixado claro e transparente pra mim, que tinha terminado. E mesmo que ela não tivesse me falado de diferentes formas o quanto continuou me amando durante os nosso anos de afastadas, ela fazia questão de me provar nos meses que voltamos a nos pertencer.

Eu não tinha motivos nenhum para sentir ciúmes dela, mas de qualquer forma havia sentido. Não há porquê eu me martirizar por isso, afinal todos temos vulnerabilidades e contanto que eu fosse honesta com ela em relação as minhas, estaríamos bem.

Foi com esse pensamento, que apesar de saber que era completamente inapropriado, eu não resisti de tomar sua boca na minha em um beijo intenso. Eu sugava seus lábios entre os meus de uma forma quase feroz, enquanto cravava minhas unhas curtas na pele macia do seu pescoço. Becky correspondeu prontamente ao meu beijo, puxando ainda mais meu corpo contra o seu, mesmo que não tivesse mais nenhuma distância a ser vencida entre eles. Eu queria que ela me sentisse nela e estava completamente louca para sentir ela em mim. Queria que seu corpo me tocasse assim como os seus olhos fizeram a noite inteira.

Um baralho estrondoso do outro lado da porta me fez voltar a raciocinar. Com o meu corpo ainda em chamas, relaxei meu aperto sobre Becky e soltei um suspiro, descolando nossas bocas. Senti o abraço de Becky relaxar também ao redor do meu corpo e abri meus olhos lentamente, encontrando com os seus. Eu tinha certeza que meus olhos espelhavam o mesmo desejo e necessidade que os olhos castanhos a minha frente faziam. E foi com grande esforço que eu soltei mais um suspiro, e desviei do olhar intenso da minha namorada.

"Me desculpa, babe, mas temos que voltar," falei, deixando um beijo casto em seus lábios antes de passar minhas mãos gentilmente pelo seu rosto.

Ela apenas me respondeu com um sorriso aberto em seus lábios, segurando as minhas mãos nas suas, e deixando um beijo em cada palma. Era um carinho tipicamente dela que me encantava.

"Não seja boba, Freen. Você não se desculpa por dar uma amostra grátis escondido em uma festa para a sua namorada," ela falou, transformando seu sorriso em um daqueles sapecas, que ainda me faziam corar e derreter ao mesmo tempo.

"Amostra grátis?" falei rindo de sua fala boba. "Isso parece tão inapropriado."

Becky revirou mais uma vez seus olhos, antes de aproximar seu rosto novamente do meu e deixar um selinho rápido em minha boca.

"Não seja tão séria, afinal foi você que me atacou contra a porta," ela brincou, fazendo ser minha vez de revirar meus olhos para ela. "Não faça essa cara, você sabe que eu mais do que gostei," ela disse rindo.

"Eu sei bem que você gostou..." comecei, pensando em fazer alguma provocação quando vi que o sorriso sapeca voltava a adornar seu rosto, mas honestamente, estar com ela me fazia tão bem, tão feliz e livre, que eu apenas deixei aquelas sensações voltarem a tomar conta do meu corpo, me livrando da tensão que havia sentido durante a tarde inteira. "Eu amei também, meu amor," falei em um tom suave.

A expressão apaixonada que surgiu no rosto de Becky não devia me causar nenhuma surpresa, afinal eu a via constantemente, mas ainda assim ela aqueceu meu coração. Colar minha boca na sua para um último beijo lento e íntimo me pareceu a única reação correta.