POV FREEN
Tinha sido uma atitude impulsiva oferecer minha mão para ela, mas eu entendi suas reações a nossa proximidade. Quando me sentei ao seu lado na cadeira, tudo o que eu queria era lhe ter mais perto. Tudo o que eu queria sempre que estávamos juntas era isso: tê-la mais perto. Eu não ligava que apenas meu pulso tocasse levemente seu joelho, pois era como se eu estivesse conectada a ela. A brisa leve trazia seu cheiro doce e o calor da sua presença era tudo o que importava para mim, mas quando eu percebi que ela queria o mesmo que eu, decidi que não tinha porquê nos privarmos daquilo. Era só um toque de mãos, afinal.
"Não precisa significar nada mais do que a gente não queira," eu disse a encorajando quando ela hesitou. Tentei não levar para o coração, era normal ela ter suas reservas. Eu só torcia para que ela quisesse o mesmo que eu.
Quando seus dedos entrelaçaram nos meus, fechei meus olhos automaticamente. Quem eu estava enganando? Entre eu e Becky nunca seria apenas num toque de mãos. Era um encaixe exato, a metáfora perfeita para o que éramos uma para outra. Meu dedão deslizou pelas costas da sua mão, enquanto eu fingia uma calma exterior que eu não sentia. Eu consegui sentir a mão de Becky enrijecer por alguns segundos, antes de voltar a relaxar na minha. O suspirou que ela soltou ao mesmo tempo me fez encará-la. Ela olhava nossas mãos.
"O que está pensando?" perguntei suavemente, continuando o caminho dos meus dedo, agora deslizando ele para tocar a palma de sua mão.
Seus olhos levantaram lentamente até se prenderem nos meus.
"A pergunta correta é o que eu não estou pensando," ela disse, voltando a suspirar e soltando uma risada nervosa.
"Você tem medo?" questionei, me sentindo um pouco mais corajosa. Isso a fez rir novamente.
"Muito," ela respondeu, enfim, deixando o copo com suco ao seu lado no chão.
Sua mão, agora livre, foi de encontro ao meu pulso, fazendo com que eu parasse meus movimentos. Me senti um pouco confusa e desapontada quando seus dedos desentrelaçaram dos meus, mas logo em seguida ela reposicionou minha mão com a sua que segurava meu pulso e começou a traçar as linhas da minha palma com a ponta dos seus dedos. Fechei meus olhos com aquele novo toque, porque ele me remetia a um outro tempo.
"Você adorava fazer isso," me vi comentando, ainda de olhos fechados.
"Eu gostava que a nossa linha da vida tinha o mesmo comprimento," ela disse em um quase sussuro, como uma confissão. Isso me fez abrir meus olhos. Essa era uma informação nova. "Me fazia acreditar que era porque passaríamos elas juntas," ela disse, ainda em sussurro, um pouco mais tímida.
Fechei minha mão sobre seus dedos que ainda deslizavam por ali, chamando sua atenção para o meu rosto. Fixei meu olhar no seu, porque queria que ela me ouvisse de verdade.
"Ainda temos muita vida, Becky," falei firmemente.
Ela me encarou por alguns segundos, como se absorvendo as minhas palavras e sorriu. Sua mão que segurava o meu pulso, apertou, me fazendo abrir a minha e liberar seus dedos, que ela usou para voltar a entrelaçar nossas mãos. Soltou meu pulso e subiu nossas mãos entrelaçadas em direção ao seu rosto. Tudo foi em uma velocidade normal, mas eu observava como se em câmera lenta. Ela encostou as costas da minha mão em sua bochecha e fechou os olhos em suspiro seguido de um sorriso.
Eu não entendia muito bem suas reações, mas não queria forçar nada, não precisava forçar nada. Como eu havia dito anteriormente, ainda tínhamos muita vida para viver e essa vez, eu faria de tudo para que o que ela acreditava se concretizasse.
Quando seus olhos se abriram, eles brilhavam diferentes. Era como se ela tivesse alcançado algum esclarecimento. Isso fez com que o meu coração acelerasse no peito. Pensei em lhe perguntar com palavras, mas quando fiz menção em falar, ela negou com a cabeça.
"Ainda não," ela respondeu. Ainda sendo a palavra chave. Concordei com a cabeça, sorrindo. Não me importava a espera. Não por ela. Nunca por ela.
"O tempo que for," prometi, antes de levar nossas mãos até o meu rosto e beijar as pontas dos seus dedos. Não precisava de pressa quando eu a tinha ao meu lado. Eu tinha certeza, que assim como nossos dedos, nossas linhas da vida também estavam entrelaçadas.
Em um acordo mútuo e mudo, desentrelaçamos as nossas mãos e eu fui buscar Li para sair da piscina para que pudéssemos almoçar. A nossa conversa não havia sido formada por muitas palavras, mas tinha sido intensa e motivadora. Apesar de saber que o que havia nos afastado anos atrás tinha sido a falta de comunicação, eu não sentia que a falta de palavras nesse diálogo era a mesma coisa. Eu havia entendido o recado de Becky com a sua pequena sentença e seu gesto. Ela me dizia que me queria em sua vida a cada resposta que me enviava com tanta rapidez quanto eu a respondia via mensagem. Ela demonstrava que estava disposta a ter um espaço na minha vida só de estar aqui hoje. Eu não precisava que ela me prometesse o mundo, o seu toque suave e sua reação a minha presença me eram suficientes por enquanto. Eu estava ok com o seu "ainda não", porque o ainda era breve, era passageiro, e me levaria para onde eu queria estar.
Almoçamos no restaurante principal do clube depois de guardar nossas coisas no carro. Li e Becky conversavam sobre música enquanto comiam e eu apenas observada a interação das suas com um sentimento leve no peito. Depois do almoço, fomos até o chalé de carro, porque era um pouco distante, e depois de descarregar nossas coisas novamente, levei Li para tomar um banho e tirar o cloro da piscina.
Becky ficou do lado de fora organizando as coisas. Quando voltei, ela estava mais uma vez sentada em uma espreguiçadeira de madeira, só que agora em frente ao chalé, lendo o seu livro. Li, que estava ao meu lado, foi prontamente em sua direção quando viu o livro em sua mão.
"O que você está lendo, Becbec?" minha filha perguntou, deixando claro seu interesse pela leitura.
"É uma série de livros um pouco triste, mas muito linda chamada Desventuras em série," Becky respondeu, dando espaço para Li sentar ao seu lado, já que minha filha já estava praticamente sobre ela em sua cadeira. Eu ri do jeito afobado e fofo de Li. Ela sempre foi muito curiosa e apesar de um pouco fechada, com Becky parecia não ter restrições depois dos primeiros contatos.
"Eu posso ler com você?" ela perguntou, retomando um pouco sua timidez. O que era muito contraditório, pois ela já estava deitada na cadeira, praticamente em cima de Becky.
"Claro," Becky disse rindo, provavelmente pensando o mesmo que eu. Seus olhos vieram até mim e eu dei de ombros, rindo.
Li tomou as palavras de Becky como incentivo para se aconchegar nos braços da mais velha, assim como ela fazia comigo quando eu lia para ela. Ela opoiou seu rosto no peito de Becky e colocou sua perna e braço direito sobre o seu corpo. Isso fez com que Becky a encarasse de forma carinhosa, fazendo meu coração querer explodir no peito.
"Confortável?" Becky perguntou em uma voz doce e Li concordou com a cabeça. Antes de continuar, Becky voltou a me encarar e deve ter percebido o meu sorriso de boba apaixonada, poi desviou seu olhar de forma tímida. Não querendo interromper aquele momento, eu decidi que iria aproveitar para tomar um banho rápido e tirar o suor que havia acumulado em meu corpo na correria de arrumar Li.
"Vou tomar um banho rápido," anunciei e as duas me olharam rapidamente, concordando.
Me virei para entrar no chalé ao mesmo tempo que ouvi a voz suave de Becky começar a ler:
"Esperar é uma das coisas difíceis da vida..."
Fechei meus olhos e sorri sozinha. Podia ser difícil, mas tinham coisas que valiam mais que a pena a espera.
Notas da autora:
Bom dia, bebês. Como estamos?
Eu gostei muito de escrever esse capítulo e espero que vocês gostem também.
E sim, essa fic é slow burn, é como eu gosto de escrever. Espero que entendam.
É isso. Até o próximo!
(Ah, quem estiver me procurando no twitter, vocês me encontram no @bbiza13)
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People Change
FanfictionDez anos após a estréia de Gap e de um romance escondido, Freen e Becky são convidadas para um reencontro na mídia, mas a verdade é que ninguém sabe que elas não se falam há anos. Freen reconstruiu sua vida e montou uma família. Dez anos depois, Be...