POV BECKY
Sabe aquelas semanas que já começam com você desejando que elas terminem? Que parece que cada minuto se arrasta e que quando você acha que nada pior pode acontecer, você simplesmente é provada contrária?
Essa era a minha última semana de agosto.
Eu sei que tinha pouco do que reclamar, afinal eu tinha uma vida confortável financeiramente, um trabalho que eu amava e, nos últimos seis meses, tinha reconectado com o amor da minha vida. Algo que eu sonhei por anos, mas nunca realmente acreditei que aconteceria.
No entanto, mesmo no meio da maior estabilidade que eu já tinha tido em toda a minha vida adulta, tinham momentos em que eu me sentia sobrecarregada. Por muito tempo eu vivi em minha própria bolha e em minha própria cabeça. Tirando a minha família, eu havia cercado meu coração e deixava apenas o que eu queria ser exposto. Eu tinha aprendido a viver sozinha e lidar com as minhas coisas do meu próprio jeito e sim, conscientemente, eu sabia que não era feliz vivendo dessa forma. Eu sabia que cada minuto compartilhado com Freen e Li valiam mais do que os anos que passei me isolando do mundo. Mas ainda assim era difícil.
É difícil se desvencilhar de velhos hábitos. Porque coisas que inicialmente são escolhas, acabam se tornando rotina, decisões automáticas do seu cérebro. Eu sabia que a maioria dessas minhas atitudes, eu tinha tomado para me proteger, para conseguir sobreviver, honestamente. Mas agora eu via essas mesmas atitudes machucando quem eu mais amava e isso me doía. Me doía profundamente, mas ainda assim eu não sabia como fazer diferente.
Aquela semana havia começado ruim. Freen e Li haviam passado o final de semana com sua família no interior e eu tinha passado aqueles dias sozinha, sem muitos trabalhos para serem feitos e com muito tempo livre em minhas mãos. Normalmente isso não seria problema para mim, eu estava acostumada - e honestamente, preferia - passar horas sozinha. Mas nos últimos meses, eu tentava com todas as forças reabrir minhas portas para o mundo. Eu tentava sair mais, me reconectar com as pessoas - Nam e Irin sendo as principais na minha lista - e tentava também interagir mais com meus fãs pelas redes sociais.
Ah, as redes sociais.
Por um tempo eu havia esquecido o quão tóxicas elas podem ser.
Eu retornei a passar mais tempo por elas e, no início, era tudo ótimo. A pequena bolha, que eu estava reconstruindo com a minha fan base, era segura. Eu mandava algumas mensagens nos meus spaces, fazia alguns Q&A e até algumas lives, tocando algumas músicas minhas e de outros artistas. Não passava mais que 3h por semana nessas interações, mas me fazia bem e eu sabia que agradava as pessoas que por anos foram o meu maior suporte. E isso me fazia feliz.
Eu gostava, particularmente, de ter os olhos brilhantes e intensos de Freen sobre mim enquanto eu dedilhava as teclas do teclado que eu tinha em casa, e cantava as músicas que eu havia composto com ela em mente. Algumas eram tristes, baseadas em sentimentos de saudade e nostalgia, mas que agora tinham um novo significado, porque eu sabia que Freen as ouvia e também pensava em mim. Também compartilhava comigo cada um daqueles sentimentos, e estranhamente, isso fazia com que eu não me sentisse tão só. Que mesmo no meu passado isolado, eu sempre a tivesse, mesmo à distância. Era louco, mas real.
Naquele domingo, porém, enquanto eu deslizava pelas minhas redes sociais, mais uma vez eu me senti só. Eu não buscava nada demais, apenas tentava distrair minha mente enquanto esperava o tempo passar para o horário que Freen havia combinado de me ligar naquela noite. Eu sorria com alguma especulação de reaproximação entre eu e Freen quando meus olhos caíram sobre um comentário.
"Essa daí passou tanto tempo no esquecimento, vivendo apenas das músicas que as delulu compravam porque achavam que ela escrevia sobre a Freen. E provavelmente escrevia com esse objetivo mesmo, para usar dessas trouxas, enquanto saía com todos os músicos da gravadora dela. Agora, do nada, quando já estava com a carreira morta, decide voltar pras redes sociais para ficar curtindo coisas antigas da Freen e soltar indiretinhas, tudo para ver se consegue voltar dos mortos. Nojo disso. Nojo dela usando nossa tulipa assim de novo."
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People Change
FanfictionDez anos após a estréia de Gap e de um romance escondido, Freen e Becky são convidadas para um reencontro na mídia, mas a verdade é que ninguém sabe que elas não se falam há anos. Freen reconstruiu sua vida e montou uma família. Dez anos depois, Be...