POV BECKY
Eu li os dois primeiros capítulos completos de Alice no País das Maravilhas antes de perceber que Li dormia, mais uma vez, um sono tranquilo em meus braços. Dessa vez, no entanto, Freen matinha-se acordada. Suas mão esquerda desenhando figuras aleatórias pelo meu braço, que agora segurava o livro, depois de um ajuste de posições.
Seu toque explorador, porém delicado, havia me distraído diversas vezes durante a leitura, mas nada que houvesse interrompido o fluxo da história. Li parecia gostar da forma com que eu lia e nem percebia os meus pequenos erros causados pelos carinhos de Freen. Essa última, no entanto, sabia bem o que estava fazendo, pois soltava uma risada abafada em seu lugar no meu pescoço. Eu não me irritava, no entanto. Quem poderia perder tempo com sentimentos tão pequenos quanto irritação, quando se estava preenchido de felicidade?
Quando parei de ler, Freen se movimentou um pouco, apenas o suficiente para poder me olhar no rosto.
"Ela dormiu," eu sussurrei, enquanto passava meus dedos pelos cabelos lisos da menina que ressonava tranquila ao meu lado. Um sorriso leve se fez nos lábios de Freen, enquanto ela se levantou da melhor maneira que pôde da poltrona, sem perturbar o sono da pequena.
"Eu vou levá-la para a cama," Freen falou em um tom de voz tão baixo quanto o meu. Ela se aproximou para tomar Li em seus braços, mas antes disso, selou nossos lábios, me tomando de surpresa. Assim que ela se afastou, eu senti que ela queria me dizer algo, mas pareceu hesitar.
Com um suspiro, seguido de outro sorriso tranquilo, ela beijou meu queixo antes de tomar Li em seus braços e garantir que voltava em breve. A observei saindo da sala e soltei um suspiro relaxado. Meu coração batia compassado e eu ainda podia sentir a minha pele quente do calor confortável dos dois corpos que me rodeavam anteriormente. Eu havia me tornado uma boa compositora durante os anos, e alguns diziam que eu tinha o dom com as palavras, mas nesse momento, eu não saberia formular uma sequer frase descrevendo os sentimentos que exalavam pelo meu corpo.
Eu sentia tudo e um pouco ao mesmo tempo, mas diferentemente das outras vezes, de quando o meu instinto me levaria para um lugar de proteção, - um lugar isolado o suficiente para que essa confusão se consumisse sozinha, ou me consumisse até eu conseguir fingir que ela não existia -, dessa vez eu me sentia forte, impenetrável. A confusão não me amedrontava, ela batia forte em meu peito, mas me fazendo lembrar que ele ainda batia. Que o sangue ainda percorria pelo meu corpo e que eu ainda podia sentir. Depois de tanto tempo, eu me sentia viva novamente.
"Que sorriso lindo é esse?" a voz de Freen interrompeu meus pensamentos, me fazendo olhar para ela, que entrava novamente na sala e caminhava na minha direção.
Sem respondê-la com palavras, abri meus braços, a convidando de volta, o que ela fez prontamente. Mas agora a sua perna envolvia meu corpo, assim como seu braço. Meus braços a envolveram automaticamente e eu apertei seu corpo contra o meu, a puxando para cima o suficiente para que, agora, o meu rosto pudesse encaixar no vão do seu pescoço. Passei meu nariz pela sua pele quente, sentindo seu aroma doce e suava, sentindo sua pele arrepiar contra a minha. Um sorriso natural se formou em meus lábios e beijei seu pescoço, sentindo a sua doçura agora com a minha lingua.
Senti quando a mão de Freen segurou com força o cabelo da minha nuca, em sinal de agrado. Sua respiração cada vez mais pesada com o movimento da minha boca em sua pele sensível. Eu a experenciava com todos os meus sentidos. Seu cheiro inebriante, seu gosto indescritível, sua pele ardente e seus suspiros sussurrados nublavam a minha mente e tudo o que conseguia sentir era Freen.
Minha boca continuou deslizando pelo pescoço esguio, que Freen oferecia para mim de bom grado, me direcionando com suas mãos firmes em meus cabelos, onde ela queria que eu a beijasse. A minha boca subiu pela sua garganta, em direção ao seu queixo e senti seu aperto em meus cabelos diminuirem, ela claramente gostando da direção que eu tomava. Distribui beijos pelo seu queixo até chegar em seus lábios, que suspiravam, entreabertos. Seus olhos fechados apertados, suas bochechas rosadas e seu cenho levemente franzido. Sua expressão uma escultura real dos meus maiores desejos.
"Me beija," ela pediu quando eu parei alguns segundos, totalmente perdida na sua expressão.
Ela não precisaria me pedir duas vezes, no entanto, pois logo meus lábios tomaram os seus e iniciamos uma dança conhecida. Seus lábios tomando o meu inferior, enquanto eu aprisionava o seu superior entre os meus. Sua lingua invadindo a minha boca. Meus dedos pressionando a carne da sua cintura e seus dedos possessivos entre minhas mexas. Era um ritmo habitual, familiar. Apesar dos inúmeros beijos e caricias trocadas desde o nosso recomeço, ainda tinha gosto de saudade, de alívio, de até que enfim.
Meu coração foi se acalmando no peito, assim como o ritmo dos beijos foi diminuindo gradativamente, até nossas bocas apenas se encontrassem em pequenos beijos cândidos e suaves. Não havíamos conversado sobre a cadência da nossa relação física, mas ainda assim parecíamos estar na mesma página. Os dedos de Freen relaxaram seu toque e agora arranhavam levemente meu couro cabeludo em um carinho que ela sabia que eu amava, assim como a minha mão deslizava pelas costas dela, de maneira relaxada.
Ela deixou um último beijo em meus lábios antes de me beijar a ponta do nariz e a testa, apoiando seu queixo no topo da minha cabeça, com um suspiro satisfeito. Seu corpo mais uma vez relaxou sobre o meu e eu ri baixo, voltando a puxá-la pra mim.
Apesar da calma do momento, meu coração batia acelerado, e tudo o que eu conseguia pensar eram naquelas três palavras que por muito tempo me torturaram, mas que agora queriam sair como pássaros enjaulados. A cada batida do meu coração, eu tinha mais certeza delas, mas sabia que não era ainda o momento.
Encaixei mais uma vez o meu rosto no vão do pescoço de Freen e deixei um beijo delicado ali. Meus labios deslizaram em seu pescoço novamente, e ela não saberia, mas maracaram em sua pele, aquilo o que o meu coração mais queria confessar. Hoje e sempre.
Notas da autora:
Boa noite, bebês. Como estamos?
Capítulo curtinho, eu sei, mas foi bem gostosinho de escrever.
Espero que gostem e até o próximo! 👀👀👀
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People Change
FanfictionDez anos após a estréia de Gap e de um romance escondido, Freen e Becky são convidadas para um reencontro na mídia, mas a verdade é que ninguém sabe que elas não se falam há anos. Freen reconstruiu sua vida e montou uma família. Dez anos depois, Be...