Capítulo 7 - Solidão

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21/03/23.

Enquanto minha mãe ora, estou longe dela. O banco é feito de madeira e não estou na igreja, mas sim em uma pequena praça em frente à minha escola. Ela não sabe que estou aqui. Não é seguro ficar sozinho aqui, especialmente à noite. Mas estar sozinho é confortável. A música projetada pelo meu novo fone de ouvido me faz sentir como se estivesse no espaço.

A quadra de areia é minimalista, com apenas areia, redes e troncos de madeira formando a quadra. A solidão me deixa desconfortável muitas vezes. Estou sempre olhando ao meu redor, com medo de ser roubado.

Ao meu lado direito, há um pequeno prédio de três andares que está inacabado há três anos. Ele é pintado de branco e cinza, e a cerca é feita de pedaços de aço. O local é escuro e sombrio.

São 19:40 e o tempo parece estar passando devagar. Felizmente, não haverá aula amanhã e poderei descansar, mas lembro dos deveres que tenho que fazer. De repente, ouço a frase "Sei que um dia eu vou morrer..." em meus ouvidos, acompanhada de um ritmo alegre de bateria, guitarra e baixo. A combinação da frase depressiva de aceitação da morte com a música alegre é perfeita.

A fumaça do cigarro do homem sentado à minha direita vem em minha direção. Fico preocupado em chegar à igreja com cheiro de cigarro, o vento quase não está presente e o clima está perfeito. O homem se levanta, arruma o chinelo e sai, levando consigo o cheiro desagradável.

Sinto que devo voltar para a igreja e assim o faço. Os postes mal iluminados criam uma boa ambientação. A música tensa e o clima pesado logo desaparecem quando chego à porta.

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