Capítulo 23 - Verdades

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12/07/23.

Cansado. A aula foi incrivelmente decepcionante, mas pude aproveitar o dia com minha paixão. Infelizmente, tive que me despedir do meu melhor amigo Sheldon, que irá se mudar para uma cidade distante. Sentirei falta das nossas risadas, das nossas piadas, dos nossos momentos. Não pude me despedir direito, mas saiba que você é, e sempre será, meu melhor amigo.

As consequências chegaram no momento em que pus meus pés em casa. Consequências da resposta que dei a eles quando fui para a escola.

Gritos, ofensas, desabafos, verdades. Conforme ele dizia suas palavras, minha visão foi sumindo, até eu não poder enxergar nada. Eu caí ao chão após o golpe, estava tão fora de mim que não sei se levei um tapa, um soco ou um empurrão, o que importa é que não senti dor. Ele me fez pedir perdão para minha mãe, ajoelhado. Ameaçou quebrar as coisas que conquistei e comprei com meu dinheiro. Ditou regras novas e disse que sou uma pessoa horrível, um lixo.

Não chorei. Não gritei. Não revidei. Não respondi. Apenas continuei fixamente meu olhar para o chão. Ajoelhado, sinto o peso da responsabilidade. Ajoelhado, sinto meus pecados me puxarem. Ajoelhado, sinto a culpa. Ajoelhado, me sinto um fardo.

Me levanto e faço o que me foi dito para fazer. Acabei dizendo coisas sem pensar, e acabei desmerecendo as pessoas que me botaram no mundo e me criaram. Fui ingrato. Mal-agradecido. As paredes se quebram ao meu lado, o chão some. A goteira cai sobre meu corpo. Pequenas gotas de suor, que se transformam em sangue. A chuva começa, encharcando meu corpo com o líquido avermelhado. Ajoelhado, vejo minhas mãos sujas. Ajoelhado, vejo meu passado, minha história.

Ajoelhado, escuto meu subconsciente me dizer:

- Eu não sou maluco.

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