Agnes LeBlanc
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— Que tipo de brincadeira é essa, papai?Falo, me levantando da cadeira, sentido o ar dos meus pulmões se esvair.
— Como assim? Como pode ser que a mulher que eu chamei de mãe, e amei como tal por duas décadas, não é minha mãe?
Olho para ele sem entender, os meus olhos se enchendo d'água, e por mais que aquela situação fosse tecnicamente o começo de um caos em minha vida, eu esperava que fosse apenas uma brincadeira de mal gosto.
— Está mentindo, não está?
Continuo com a voz trêmula.
— Porque está fazendo isso papai? É por causa da Leonor? A sua filha preferida, é por isso que está mentindo dessa forma para mim?
Lágrimas começam a escorrer por meu rosto, e eu continuo me negando a acreditar no que ele acabou de dizer.
— Sei que é difícil para você aceitar. Mas, essa é a verdade, a mais pura verdade, Agnes.
Busquei em seu rosto, alguma evidência que mostrasse que ele estava mentindo, mas, não encontrei absolutamente nada.
— Papai... por favor... Diz que isso não é verdade...
Falo, tentando controlar a minha respiração, que estava pesada, me contendo para não começar a chorar.
Ele me olha sério e pede desculpa.
— Desculpa filha, mas, é a verdade.
E isso fez eu me disfarça por dentro.
Me sento novamente na cadeira, tentando manter a calma.
— Porque só me contou agora?
Ele volta com a mesma história chata dos papéis, e tira o seu olhar de mim.
— Porque você precisa entender que esse não é o seu destino.
Ele fala secamente.
— E qual é o meu destino pai?
— Não sei, mas, com certeza não é ao lado de Arthur LeBlanc.
Ele continua.
— Vamos ajeitar as papelada do divórcio e no final você só precisa assinar.
— Eu não vou fazer isso!
Ele levanta o seu olhar de volta para mim, a sua irritação com as palavras que acabei de falar totalmente visíveis.
— Como?
— Eu disse que não vou me divorciar, papai.
Leva dois segundos para que as suas mãos toquem a madeira refinada da mesa, fazendo um barulho de certa forma perturbador.
— Agnes, essa não é uma opção!
Ele fala deixando transparecer a sua irritação.
Se esse acontecimento tivesse acontecido dois dias depois do meu casamento ou durante a segunda semana, eu com certeza ficaria feliz em me divorciar dele, mesmo com as coisas que acabei de descobrir sobre a minha vida.
Mas, agora as coisas são diferentes, eu o amo, o amo muito. E, eu não vou deixar o homem que eu amo, livre para outra mulher pegá-lo de mim, nem mesmo que essa mulher seja a minha irmã.
Leonor, teve a chance dela de ser feliz ao lado do Arthur, e preferiu jogá-la fora.
Eu a conheço bem o suficiente para não acreditar nas juras de amor que ela jurou mais cedo, ela não o ama, o abandonou por que ele havia ficado inválido.
Leonor, é vaidosa e de certa forma gananciosa, ela nunca iria querer a imagem dela, ligada a um homem que não pode andar, seria de mais para aquele ego de lesma dela.
— Você está certo pai, isso nunca foi uma opção!
Me chamem de egoísta e gananciosa, eu não me importo mais. Então, pela primeira vez na vida, eu vou escolher o que eu creio ser melhor para mim.
Vou escolher ficar ao lado do homem que eu amo, mesmo que isso signifique ser odiada pelo meu próprio pai.
— Eu não vou me divorciar do Arthur, eu amo.
Pego a minha bolsa e me preparo para ir embora.
— Você o ama?
Ele pergunta incrédulo.
— Sim, e não vou deixar o homem que amo, para outra pessoa.
— Agnes Santana! — Sua garota mimada, você não tem ideia do que está acontecendo!
Ele fala irritado, não me deixo assustar por sua irritação.
— Realmente não tenho, mas, de uma coisa eu tenho certeza.
Ele me observa enquanto cerra os punhos.
— O Meu nome agora é Agnes LeBlanc, e eu não vou me divorciar do meu marido tão facilmente.
Me viro para sair, tentando conter a onde de raiva, angústia e de certa forma impotência, que eu estava sentindo.
O meu pai ficou furioso, gritando o meu nome e dizendo para eu voltar imediatamente para lá.
Mas, pela primeira vez na minha vida eu decidi dar as costas para ele, e não seguir o pé da letra, as suas ordens.
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Não era nem mesmo meio-dia, quando eu cheguei em casa.O meu corpo estava pesado e a minha cabeça parecia que iria explodir a qualquer momento, de tanto que doía, era como se vários caminhos tivessem passado por cima de mim, nas últimas horas.
Me arrastei para o quarto, como uma expressão que se via muito em funerais, de certa forma, era como se eu estivesse indo para um.
Assim que entrei no quarto, joguei a minha bolsa em cima da poltrona e caminhei diretamente para o banheiro, tirei as minhas roupas e me posicionei de baixo do chuveiro, enquanto um mar de água gelada escorria pela minha pele nua.
Não sei dizer ao certo, quanto tempo passei lá, mas, pareceu ser uma eternidade.
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Minha Querida Esposa
RomanceAgnes Santana, uma moça pura e sonhadora, ela é forçada a se casar com o noivo de sua irmã, logo após ele sofrer um acidente e ficar paraplégico.