Dulce Liwes

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A casa estava uma maldita confusão, com pessoas correndo para lá e para cá, minha mãe gritando e meu pai resmungando pelos corredores. Agradeci novamente aos céus por não ser eu o pivô de tudo aquilo. Ayla estava prometida a um milionário famoso e ele viria jantar conosco.

Porém, minha irmã insuportável estava se gabando de algo que só ela almejava e cada vez mais irritante.

Ignorei o grito de mamãe pedindo que descesse e me concentrei em minha aparência. Usava um vestido azul escuro soltinho e uma sandália preta de strass. Meu cabelo estava escovado e com um penteado muito bem elaborado feito por Esther, usava jóias neutras e bem discretas. Perfeita.

Sai do quarto e ouvi o alvoroço no andar debaixo se diminuir. Clara apareceu ao meu lado e segurou minha mão com força. Ela morria de medo de escadas e estávamos de frente a uma. Descemos juntas a tempo de ver meu pai conversando com um homem alto, gordo e pela voz o reconheci. O homem mistérioso que estivera aqui anteriormente.

Ele parou e nos olhou.

ㅡ Olá, senhoritas. ㅡ Sua voz me deu enjôo. Forcei um sorriso e acenei.

ㅡ Boa noite, senhor... ㅡ Parei, sem saber seu sobrenome.

ㅡ Collowey.

ㅡ Boa noite, senhor Collowey. ㅡ Acenei uma última vez e puxei Clara para longe daquele homen.

Esther saiu da cozinha e tirou o avental, usando um top preto, justo, uma calça jeans rasgada e um tênis verde.

ㅡ Eles chegaram ㅡ disse, sem muita importância. Quem se casaria não seria eu, afinal.

Não podia negar o alívio de ter me livrado daquilo. A angústia me perseguiu por dias até que, há três dias meus pais me contassem a novidade.

Mamãe apareceu apressada e suspirou pesado, aprumando a postura e limpando o vestido verde musgo que usava.

ㅡ Todas nos seus lugares ㅡ respirou fundo e nem eu, nem Esther nos movemos. ㅡ Agora! ㅡ Seu tom de ordem nos fez andar até nossos lugares a mesa.

Passos no corredor e logo meu pai apareceu junto de Ayla, o velho e um homem.

Um lindo homem de olhos cor-de-mel profundos. Porra... E que homem! O corpo malhado estava bem marcado no traje social que usava e os cabelos penteados para trás sem nenhum fio para trás. Finquei o olhar em seu rosto e admirei o queixo quadrado e uma barba por fazer, que me fizeram desejar tocar no seu rosto. Porra, o que um homem gostoso como aquele fazia na sala de jantar da minha casa?

Suspirei, tomando consciência de quem ele era, até ter seus olhos famintos me observando como se eu fosse um maldito pedaço de carne e ele um predador faminto. Se bem que, ele realmente me parecia um predador. Um predador muito gostoso.

Ayla interrompeu:

ㅡ Minha irmã Esther ㅡ apontou para Esther, congelada no seu lugar com um olhar indecifrável e raivoso. ㅡ Minha sobrinha, Clara ㅡ sorriu docilmente, coisa que ela não era: dócil. E olhou para mim ㅡ, e minha irmãzinha caçula, Dulce. ㅡ Apresentou. ㅡ Quero que conheçam Noah, meu futuro marido ㅡ Ayla sorriu e o homem tinha um olhar sério e indecifrável em Ayla. Acenei educadamente e Noah voltou sua atenção a Esther que parecia prestes a o matar. O porquê eu queria entender.

ㅡ Esther, o que há de errado? ㅡ Perguntei em um sussurro. Ela negou, desviando do assunto.

ㅡ É um prazer conhecê-las. Porém, será muito bom ressaltar que, Ayla não é minha escolhida. É a escolhida do meu pai. ㅡ O homem se pronunciou. Sua voz rouca e grave me assustou. Meu pai quase engasgou e pelo seu olhar, ódio já fluía em suas veias. Sobraria para mim mais tarde, isso eu não podia negar.

Um amor mais que mortalOnde histórias criam vida. Descubra agora