Dulce Liwes

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Depois do jantar, ele e seu pai se foram. Esther e Clara também, me deixando sozinha com eles. Ayla gritava:

ㅡ Você roubou meu noivo. Você destruiu com a minha vida! ㅡ E com isso voltava a chorar nos braços de mamãe. Papai saiu do escritório e bateu a porta com tanta força que poderia jurar ter sentido o chão tremer. Olhei para aquelas pessoas, me obrigando a um casamento e ainda me culpando por ter o azar de ser escolhida por ele.

ㅡ Você ㅡ Papai gritou e saí de perto deles, corri até a escada, mas fui impedida com um forte puxão de cabelo. Papai me jogou contra a parede e senti um vaso se quebrar atrás de mim.

ㅡ Pai, para por favor! ㅡ Implorei assim que ele tirou o cinto que segurava sua calça, que na verdade nem era larga. ㅡ Para! ㅡ Gritei e tentei correr, levando um soco no estômago. Doía, minhas costas ardiam e meu estômago queimava.

Então ele me bateu, não uma, não duas, mas várias vezes. Nas costas, pernas e barriga.

ㅡ Você é uma vadia! ㅡ Ele gritou e gritei quando ele me jogou contra a escada.

Olhei para o lado, procurando ajuda. Não havia ninguém ali para me ajudar. Minha mãe sorria satisfeita e Ayla fingia ainda estar arrasada.

ㅡ Saia! ㅡ Ele gritou e foi até minha mãe e irmã, consola-las. Corri até meu quarto e me tranquei lá dentro.

Eu não queria aquilo! Não queria me casar. Queria ser livre, viver um romance e seguir minha carreira na dança. Era tudo oque eu queria. Ao invés disso, ganhava um casamento arranjado e uma surra por ter tomado o lugar que minha irmã tanto almejava.

Entrei no banheiro e liguei a água da banheira. Esperei que enchesse e entrei, sentindo minhas costas arderem de forma mortal e minhas pernas fraguejarem. A água começou a tingir uma coloração vermelha e não contive as lágrimas que ainda rolavam pela minha bochecha.

Adormeci, ali, na água avermelhada e cheia de dor. Acordei com gritos e batidas na porta. Eu estava congelando. Me levantei com dificuldade e fui até meu quarto, destrancando a porta e deixando com que mamãe entrasse.

ㅡ Se arrume, agora. Vamos sair. ㅡ Avisou e saiu sem olhar na minha cara.

Me vesti de forma confortável e quente, com uma calça legging e outra mais grossa por cima, um moletom de veludo e um casaco bem grosso. Penteei meu cabelo, sentindo minha nuca arder intensamente.

Desci e encontrei todos prontos, tomando café como se nada houvesse acontecido na noite anterior. Realmente nada aconteceu com eles. A não ser um livramento de casamento e um acordo, eles estavam bem.

ㅡ Sairemos com a família Collowey. Iremos a um evento em uma cidade vizinha e depois almoçaremos em um restaurante italiano no centro. ㅡ Papai comunicou mordendo uma fatia de sua torrada.

Assenti e peguei uma caneca de chocolate quente.

ㅡ Não! ㅡ Mamãe puxou a caneca de minhas mãos. ㅡ Não tomará café da manhã hoje. E espero que não coma muito durante o evento, precisa emagrecer. Está gorda e não caberá no seu vestido de casamento em breve. Está de dieta a partir de agora.

Senti minhas pernas fraguejarem novamente e me sentei.

ㅡ Não ouse abrir a sua boca sobre ontem a noite. ㅡ Papai ordenou e assenti, sem forças para relutar até internamente. Eu queria ficar deitada o resto do dia, porém jamais seria possível.

Assim que eles terminaram de comer, saímos, rumo a uma pequena cidade próxima. Assim que chegamos, avistei Noah, seu pai e uma mulher bonita e refinada, de no máximo quarenta a anos, sorrindo ao lado deles.

Um amor mais que mortalOnde histórias criam vida. Descubra agora