Ri, ao ver Vivian se agarrar ao irmão como se ele fosse fugir dela. Ambos no parquinho infantil do shopping, correndo de Alessia.
Liam correu todo desengonçado em minha direção e o agarrei.
Seu sorriso banguela e seus olhinhos brilhando de alegria com a brincadeira, eram simplesmente incríveis.
Assim que Noah me permitiu levar seus filhos comigo em um passeio, escolhi um passeio no shopping e ficamos o dia inteiro passando pelas lojas e brincando na área infantil.
ㅡ Acho que estão cansados. ㅡ Alessia, a babá, comentou, observando os dois pequenos quase adormecidos.
ㅡ Porque não os leva de volta para casa? Pretendo assistir a um filme antes de voltar. ㅡ Comentei e olhei a área de cinema um pouco distante de nós.
Alessia me olhou nervosa e assentiu, olhando para os seguranças que nos perseguiram o dia todo. Um deles acenou e a acompanhou em direção a saída, os outros dois continuaram imóveis, me observando andar até a bilheteria do cinema.
O shopping estava meio vazio, então logo peguei meu ingresso e entrei. Era agora ou nunca ㅡ pensei, me dirigindo ao assento mais perto da saída de emergência.
Eu tinha que, ao menos tentar. Talvez se eu fugisse e não conseguissem me pegar de volta, desistissem de mim e procurassem por outra.
Eu só precisaria me esconder por muito tempo até que desistissem de me procurar.
O filme começou e me concentrei em desligar o celular que Noah havia me dado e o colocar por baixo do banco. Peguei o celular que havia comprado algumas horas antes e o liguei, instalei o aplicativo do Uber e esperei mais alguns minutos de filme para, enfim, pedir um Uber.
Assim que meia hora de filme se passaram, chamei o Uber e, discretamente, saí pela saída de emergência.
O silêncio era avassalador e corri até a saída dos fundos, pois haviam dois seguranças na saída principal. Encontrei o carro entrei, esperando que me levasse até meu destino: a rodoviária.
Compraria uma passagem para o lugar mais longe possível de Boston e me esconderia por lá.
O carro estacionou na rodoviária silenciosa e saí do carro, paguei o homem e corri até a bilheteria para comprar uma passagem.
Comprei a passagem de um ônibus que estava prestes a partir e ainda haviam dois lugares vagos.
Meus dedos tremiam ao passar o cartão e, ao entrar no ônibus, minhas pernas fraguejaram. Medo do que Noah faria comigo se me encontrasse, finalmente se apoderou de mim.
Não havia deixado espaço para o medo em mim, até então, e agora me deixei temer meu destino incerto caso meu plano fracassase.
Me sentei no assento do fundo e me encolhi no banco, o ônibus deu partida e a sensação de liberdade e medo tomaram conta de mim.
Desliguei o celular e me concentrei em olhar o caminho. Observei atentamente o movimento dos carros na rodovia, procurando algum carro suspeito ou movimentação diferente.
Meia hora depois me convenci que eles não me encontrariam. Eles não tinham nada que me levasse até eles.
Sorri, vitoriosa, e me deixei embalar pelo sono que me perseguiu a noite toda.
Uma movimentação barulhenta me acordou, olhei ao redor e vi as pessoas se movimentarem para sair do ônibus. O que estava acontecendo?
Uma mulher me disse que o pneu havia furado e que teríamos de descer para que o motorista concertasse. Desci, ainda sonolenta e me sentei em um tronco caído próximo a floresta que rodeava a rodovia.
Foquei minha atenção no ônibus parado e procurei o pneu por concertar. Não tinha, todos estavam perfeitamente intactos em seus lugares.
Merda!
Me levantei em um pulo e o motorista me olhou. Eles estavam me vigiando, haviam me encontrado.
Acenei para o homem e corri floresta adentro. Ouvi passos atrás de mim e me abaixei atrás de uma árvore, estava escuro e eu encolhida detrás de um arbusto grande. Fiquei ali por longos minutos e após não ouvir mais barulhos, saí do meu esconderijo e continuei a correr em direção a outra estremidade da floresta.
Corri.
Corri, até meu pés arderem e meus pulmões gritarem.
Corri, até o medo de ser pega se misturar a dor e o cansaço.
Corri, até alcançar uma civilização pequena.
Continuei a correr, adentrando o pequeno lugar e me refugiando atrás de um prédio grande e gasto.
Meu corpo inteiro ardia, meus pés latejavam incansávelmente e meus pulmões pareciam prestes a desistir de funcionar.
O medo cessou, eu estava longe o bastante para eles me encontrarem, certo?
Me encolhi contra a parede de tijolos do prédio e observei a mínima movimentação da cidade. O sol estava nascendo e meus olhos pesavam cada vez mais.
Fiquei ali, sem fôlego, com sede e com muita dor, por um logo e indeterminável tempo. Algumas pessoas se aproximavam e partiam, porém um homem se aproximou e ficou parado a uma distância segura, falou algo no celular e minutos depois outros dois homens se aproximaram.
Não, não e não. Não era possível eles terem me achado. Não era justo...
Me levantei e tentei me afastar, porém os homens me impediram e tentaram me arrastar para longe dali. Recuei, e me mantive imóvel contra a parede de tijolos.
Porém, aqueles malditos olhos cor-de-mel encontraram os meus. Raiva brilhava em suas íris e ele se aproximou. Com um aceno os homens recuaram um pouco e ele se agachou para me encarar.
ㅡ Porra, Dulce. ㅡ Segurou meu queixo com força, me imobilizando. ㅡ Eu te avisei. ㅡ Lágrimas rolaram por minha bochecha. Não era justo.
Me debati, tentando me soltar de seu aperto e ele agarrou meu braço, puxando-me para si.
ㅡ Não, não. Mas que droga! ㅡ Gritei e tentei me desvencilhar de seu toque. Meu corpo inteiro doía e seu corpo másculo me pressionava contra si. ㅡ Me larga. ㅡ Tentei chutá-lo e ele me levantou junto dele.
ㅡ Para, porra! ㅡ Rosnou e continuei me debatendo. Meu corpo perdia as forças a cada segundo que se passava. ㅡ Chega, Dulce. Você não está em condições de continuar resistindo. Eu te avisei, porra. ㅡ Me puxou em direção a um carro estacionado do outro lado da rua.
A dor pareceu triplicar e me encolhi contra a porta do carro. Tommy se aproximou e me entregou um saco.
ㅡ Coma. ㅡ Noah fechou a porta de carro e tentei abrir a minha, sem sucesso. ㅡ Desista, está travada.
Abri o saco e encontrei um sanduíche e refrigerante. Estava faminta e comi em silêncio. O carro saiu da cidade e começou a dirigir pela rodovia movimentada.
Fui perdendo a consciência, sendo levada pelo sono. Senti os braços fortes de Noah me puxarem até si e não recuei. Estava cansada demais para isso.
Estava cansada demais para viver.
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Um amor mais que mortal
RomanceDuas pessoas, duas histórias, dois mundos, objetivos opostos, um acordo, uma união. Quando Adolfo Liwes e Karl Collowey selam um acordo de casamento para seus filhos, Dulce Liwes e Noah Collowey se vêem perdidos. Noah Collowey recebe a notíci...