Dulce Liwes

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Acordei em meio a um estofado de edredom e almofadas muito confortáveis, olhei a sala ao meu redor e compreendi que havia dormido na sala. Não foi um sonho.

Minha vida virar de cabeça para baixo não foi um sonho e assim que me mexi tive outra comprovação disso. A dor dilacerante que senti na coluna me lembrou daquela maldita noite.

Um gemido de dor me escapou quando a dor não passou, ao contrário piorou. Sentia aquele maldito cinto sendo desferido violentamente contra minha pele novamente e uma dor imensa de cabeça me tomou por isso. Lembrei dele me puxar escada abaixo pelos cabelos e me jogar contra um jarro de vidro que viraram estilhaços contra minha pele.

Uma lágrima solitária rolou, seguida de mais outras que também não entendiam o motivo de tudo isso estar acontecendo comigo.

Respirei fundo e meus pulmões arderam, sentei e olhei ao redor procurando ajuda. Ninguém vai me ajudar. Para me ajudar as pessoas sofrem com isso. Esther se preocupou comigo mesmo tendo de cuidar de Clara e estar totalmente atarefada.

Neguei, tentando afastar os pensamentos e não consegui. Mais lágrimas. Mais lembranças e logo, mais dor também.

Eu me odiava por não ser capaz de aguentar tudo calada. Preocupei Noah, o motivo de meu pai ter me espancado. Me encolhi contra o sofá e um soluço escapou de meus lábios.

Um mulher.

Uma morena alta se aproximou e logo saiu novamente.

Todos se vão.

Meu corpo doía demais e minha cabeça estava a mil por hora. Era como se, até então, eu estivesse drogada ou dopada e incapaz de processar os mais recentes acontecimentos.

Fechei os olhos e me concentrei na escuridão. Ela foi a única que ficou. Durante todos esses anos somente ela ficou.

Ouvi uma voz, e alguém me puxou. Dor se espalhou por todo o meu corpo com o movimento.

Por favor, pare de doer

Abri os olhos, encontrando Noah, o motivo de tudo isso. Pude jurar que suas íris cor-de-mel estavam mais escuras, talvez fossem as lágrimas que nublavam minha visão.

ㅡ Dulce ㅡ Noah me tinha em seus braços, imóvel de tanta dor que sentia em todo o corpo. ㅡ Você está bem?

Assenti com dificuldade e qualquer gênio saberia que aquilo era uma péssima mentira.

Desviei o olhar e minha cabeça latejava.

ㅡ Tudo dói. ㅡ Foi tudo que minhas forças me permitiram declarar.

Noah se levantou comigo em seu colo, não conseguia me mexer ou desmaiaria de tanta dor.

ㅡ Vai melhorar, eu prometo. ㅡ Subiu as escadas e me deixou no quarto que havia me designado.

ㅡ Não vai. ㅡ Implorei em um sussurro. Não queria ficar sozinha com a escuridão novamente. ㅡ Por favor...

ㅡ Eu não sairei do seu lado, Dulce. A partir do momento que lhe escolhi, a última coisa que faerei é sair do seu lado. ㅡ Declarou e sorri com dificuldade. Fechei os olhos, procurando dormir.

A dor parece se dispersar um pouco com a minha tentativa falha. Ouço a voz de Noah cuspindo ordens a alguém e silêncio novamente.

Não deveria confiar nele, não quando ele é o motivo de eu estar aqui e não quando ouvi seu pai dizer que ele poderia me punir caso o desapontasse, não quando sei o que um homem é capaz de fazer quando está irritado.

Mas é tão inevitável e repentino, mal o conheço e não sei nada além de seu nome e o fato de que tem dois filhos lindos. Ele era o noivo da sua irmã...

Um amor mais que mortalOnde histórias criam vida. Descubra agora