Noah Collowey

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Joguei a bola longe e Rudlles, cão do meu irmão, correu até ela animado. Vivian estava prestes a cair do sofá e corri para pegá-la, mandando mensagem para que Alessia, babá noturna dos meus filhos, antecipasse seus horários e viesse mais cedo. Liam correu atrás de Rudlles e Alex apareceu no meu campo de vista.

ㅡ Opa. ㅡ Pegou Liam em um braço com maestria e o pequeno expôs um sorriso banguela.

ㅡ Papai, olha! ㅡ Vivian correu na direção do jardim e a puxei para perto. ㅡ A boleleta, papai. A boleleta. ㅡ Vivian tentou correr de meus braços e a prendi em sua cadeira alta, lhe dei um biscoito e ela resmungou, querendo voltar a brincar.

Alex me entregou Liam e o coloquei no tapete de atividades na varanda.

ㅡ Vou ligar para a babá. Vigie esses dois enquanto estou fora, tenho uma importante reunião, mas estarei de volta antes das seis. ㅡ Avisei já ligando para a babá e segui até a garagem. Meu motorista me comprinentou e entrei no carro. ㅡ Estou atrasado, Julian. ㅡ Só aquilo bastava para ele entender e cortar caminho até a empresa.

Cheguei faltando dez minutos para a reunião e pedi a minha secretária que adiasse o resto dos meus compromissos, pois jantaria com meus pais essa noite e pretendia passar o resto do dia com meus filhos.

A reunião foi cansativa, durou uma hora e meia e no final, fechamos um acordo que abriria uma filial na Flórida e Suíça.

Cheguei em casa às três da tarde e meus pequenos já tiravam sua soneca diária, com a supervisão de Alessia. Esperei que acordassem e a dispensei assim que ambos estava de banho tomado e vestidos para o jantar na casa dos meus pais.

Dispensei o motorista e deixei só um segurança me seguindo em outro carro, estacionei na garagem e Alex apareceu para me ajudar a montar o carrinho. Entramos na casa e avistei meus sobrinhos brincando com meu irmão mais velho, Norman.

ㅡ Meu filho. ㅡ Meu pai saiu do escritório, vestindo seu usual terno e mamãe apareceu do seu lado, sorrindo e segurando a mão de Ellah, minha irmãzinha. ㅡ Achei que não viria.

ㅡ Não dei motivos para que achasse isso. ㅡ Abracei meu pai e lhe dois tapinhas nas costas. ㅡ Oi mãe ㅡ a abracei e Ellah sorriu para mim. A peguei no colo e andei até Norman, empurrando o carrinho duplo com uma mão e segurando Ellah no outro.

ㅡ Irmão ㅡ Norman me deu um abraço e soltei o carrinho.

Comprimentei meu irmão, coloquei Ellah no chão e tirei Vivian do carrinho já que Liam estava adormecido, e a coloquei com os primos. Uma babá estava os  observando e entretendo.

ㅡ Como estão indo as coisas lá na empresa? ㅡ Me sentei a mesa, junto com meu irmão.

ㅡ As coisas estão complicadas ultimamente, porém darei um jeito. Minha assistente se aposentou e não consigo encontrar nenhuma á altura da anterior. ㅡ Norman suspirou e Grace, governanta dos meus pais desde que me entendo por gente, lhe serviu uma dose de whisky. ㅡ Obrigado, querida. ㅡ Ele piscou para irritá-la e ela lhe seu uma bofetada com um pano de prato, rimos e ela saiu, irritada.

ㅡ Você não presta. ㅡ Acusei e ele deu de ombros.

ㅡ Qual de nós presta?

Eu ri, ele tinha razão. Não prestávamos mesmo. Ouvi a voz de Mary na escada e logo ela desceu, acompanhada de Alex.

Mary, a esposa de meu irmão, amiga, e irmã de consideração, destoava de uma redonda barriga grávida. Estranhei, pois não havia chegado nem no primeiro semestre e sua barriga estava realmente grande.

ㅡ Quantos bebês você está produzindo aí? ㅡ Norman tomou minhas palavras.

Ela riu, nervosa.

ㅡ Eu espero que um. Amo meus gêmeos, porém não acho que aguento outra gravidez de gêmeos. ㅡ Ela acariciou a barriga e olhou para seus filhos brincando no tapete com Vivian e Alice.

ㅡ Realmente te entendo. ㅡ Olhei para Vivian, minha menininha corajosa e sorridente que havia passado por muito antes mesmo de completar um ano. Agora, com dois anos e meio, é a menina mais linda e alegre do mundo, sempre exibindo seus dentinhos recém nascidos e correndo por aí com uma energia inesgotável. Ela me olhou, sorriu e correu da babá distraída com Ellah e Mark, meu sobrinho, até mim.

Sorri, a peguei no colo e Mary sorriu, observando minha pequena.

ㅡ Papai ㅡ passou os bracinhos pequenos pelo meu pescoço. Deixei um beijo na sua bochecha e ela começou a falar sobre seu dia. Normalmente ela me contava sobre as coisas mais legais do seu dia, as mais recentes e era difícil entendê-la as vezes. ㅡ O Liam cholou, mas eu fiz ele palar  papai. ㅡ Sorriu.

ㅡ Uau! Ela é demais, Noah ㅡ Norman disse e ela riu. ㅡ Vem no titio ㅡ chamou Vivian e aprontou discretamente para meu pai na porta do escritório. Vivian pulou para o colo dele e me levantei, indo até o escritório.

Meu pai abriu a porta do escritório e entrei. Imagens de todas as vezes que estive ali me vieram a mente. Vezes em que meu pai gritava ou berrava comigo por fugir de algum por simplesmente ter saído para brincar com meus irmãos. Foi nesse maldito escritório que tudo aconteceu... Que ele fez aquele maldito acordo com os Rodgers.

Suspirei e me sentei em um sofá de couro próximo a janela. Meu pai parecia receoso, com medo e começou a organizar alguns papéis encima da mesa, era um ato que fazia quando estressado.

ㅡ Filho, recentemente fiz um acordo com Adolfo Liwes, um empresário que, vez ou outra, me faz algumas tarefas. ㅡ Se sentou na cadeira atrás de sua mesa e me levantei, me aproximando da enorme mesa de madeira maciça.

ㅡ Que acordo? ㅡ Minha voz soou grossa e ríspida.

Meu pai começou a se remexer no lugar e apoiei minhas mãos na mesa, arqueando uma sombrancelha. Meu pai aprumou a postura e endireitou a gravata, tentando mostrar uma confiança que obviamente não tinha.

ㅡ Ele me deve ㅡ foi tudo que conseguiu dizer.

ㅡ O que ele deve? ㅡ questionei, interessado no assunto, em partes.

ㅡ Dois milhões de dólares e alguns favores...

ㅡ O que ele lhe ofereceu como pagamento?

ㅡ Uma de suas filhas.

Porra...

ㅡ O que você fez? ㅡ o puxei pelo colarinho e ele resmungou. Duas batidas na porta e soltei o meu pai. Tranquei a porta e gritei que tudo estava bem. Não estava nada bem.

Seria chefe daquela porra toda em breve. Mandaria em tudo aquilo e meu pai se acha no poder de fazer tal graça?

ㅡ Eu aceitei. ㅡ A voz trêmula quebrava todos os protocolos que tanto me ensinou durante os anos.

Arqueei minha sombrancelha, me concentrando no fato de que meus filhos estavam na sala, detrás daquele porta. Não podia e não iria explodir por eles. Minha razão de vida.

ㅡ A filha do meio é excepcional. Educada, inteligente e muito bonita. Estudou fora por dois anos e foi criada para ser uma esposa da máfia.ㅡ Meu pai falava atropelando suas próprias palavras.

ㅡ Eu não vou me casar. ㅡ Determinei e ele negou.

ㅡ Filho, eles nos devem e tem ótimos negócios em Manhatan. Podemos pegar a força, claro, mas o homem  tem algo pendente que pretendo resolver em breve, para isso preciso que ele esteja na palma da minha mão. Nada melhor do que ter sua filha favorita sobre nosso comando. ㅡ Meu pai usou um argumento válido o bastante para me fazer questionar as possíveis qualidades deste acordo, algo poderia ser bom neste acordo. Meus filhos teriam uma mãe, uma figura materna dentro de casa, além do fato de que eu poderia parar de ser cobiçado por mães loucas e desesperadas nos eventos que participava.

Suspirei. Não queria me casar, mas para assumir a máfia precisava de uma esposa. Uma que fosse requintada o suficiente para aparecer em público e amorosa para os meus filhos.

ㅡ Pode conhecê-la semana que vem, quando viajarmos para Manhatan. ㅡ Meu pai propôs e caminhei até a porta.

ㅡ Pensarei a respeito. Até o fim de semana lhe dou uma resposta. ㅡ Com isso voltei para a sala, onde todos me olhavam curiosos e mamãe aflita. Liam começou a chorar, guardei o assunto do casamento em uma gaveta trancada dentro de mim, e fui até meu filho.

Eles eram e sempre seriam o meu mundo. Minha vida. Meu motivo de ainda amar.

Um amor mais que mortalOnde histórias criam vida. Descubra agora