Noah Collowey

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ㅡ Dulce! ㅡ Gritei e abri a porta do carro, pronto para correr atrás dela, mas desisti. Eu fui um tremendo idiota ao dizer que ela não passava de um pagamento, uma mercadoria. Não, eu não deveria ir atrás dela e a machucar novamente.

Seu rosto ingênuo cheio de lágrimas e as palavras cruéis e doloridas que me disse, instalaram-se em minha mente. Eu era um desgraçado, isso sim. Machuquei Dulce simplesmente por estar com ciúmes de algo que ela sequer percebeu.

E daí se o desgraçado estava dando em cima da minha garota, não é mesmo? Isso não me dava o direito de dizer aquilo para ela. Não me dava o direito de ser o causador de suas lágrimas.

Estava louco de ciúmes e realmente queria matar aquele desgraçado. Como ele ousou? Sai por alguns minutos e foi o bastante para ele avançar ao ponto de Alen ter que interferir. Ela estava revoltada comigo e, sinceramente, com um pouco de razão, mas não o suficiente para me fazer ceder.

A peste ruiva não tinha que ignorar minhas ligações e ainda confiscar o celular do meu segurança. Depois, almoçar com os colegas e o desgraçado do chefe executivo da companhia de dança, sem se preocupar em me dizer nada.

Ainda estava puto por ela ter se escondido de mim ontem e me preocupado para caralho. Mesmo que meu desejo fosse enforcar aquele pescoço fino e delicado, queria correr até ela e garantir que não chorasse.

ㅡ Eu sou um tremendo filho da puta.ㅡ Murmurei para mim mesmo e entrei em casa. Uma das empregadas estava passando um pano nos móveis e perguntei, olhando para o topo das escadas. ㅡ Onde está Dulce?

ㅡ Ela acabou de subir, senhor. Ela estava chorando e parecia apressada. ㅡ Ela disse, acompanhando meu olhar para o topo das escadas. Assenti, meu peito doendo com a lembrança de que eu a havia feito chorar. Minhas palavras a fizeram desabar.

Virei as costas e segui pelo corredor que se estendia ao lado da escada. Abri a terceira porta e a fechei atrás de mim. Liguei a luz no interruptor e andei pelo vasto lugar. Minha academia particular e neste momento, o único lugar que me acalmaria.

Tirei meu terno e joguei a gravata no chão, junto da camiseta social branca. Me aproximei do saco de pancadas e enrolei uma faixa em meus dedos. Vivian ficava assustada quando meus dedos apareciam machucados e isso me incomodava. Minha menininha só queria ver o pai bem e eu estaria sempre bem para ela. Comecei a discernir socos na almofada potente e aumentei a intensidade a medida que minha mente se aglomerava de pensamentos.

O rosto delicado e ingênuo de Dulce me veio a mente, a imagem de suas lágrimas piscando em meu subconsciente e me deixando louco. Ela me enlouquecia.

O som das pancadas e do ferro rangido acima de nós ressoava com potência sobre o lugar. Senti uma fisgada no peito e continuei a desferir golpes no objeto.

Senti uma camada bem fina de suor descer por minhas costas e parei, respirando com dificuldade. Andei até a bancada no canto, onde ficavam um bebedouro e uma estante com algumas bebidas de minha preferência. Peguei um copo no suporte e o enchi d'água, bebi a água frio em um gole e ouvi batidas fortes na porta.

Ignorei, não entrariam se eu não lhes desse uma ordem para o fazer. Só se fosse realmente nescessário, o que certamente não era. Não tinha nada para resolver.

Larguei o copo sobre a bancada e andei até a esteira. Liguei e quando subi nela, a porta se abriu em um baque.

ㅡ Mas que porra! ㅡ Rosnei e um dos meus novos homens, Heitor, apareceu.

ㅡ Senhor, sinto muito a intromissão, mas temos um problema. ㅡ Ele disse ofegante e desliguei a esteira, desci dela e arqueei uma sombrancelha para que prosseguisse. ㅡ O gasebo perto da floresta desabou e começou a pegar fogo. ㅡ O garoto de, no máximo 20 anos, disse.

Um amor mais que mortalOnde histórias criam vida. Descubra agora