Um zumbido reverberava em minha mente a medida que eu o via se aproximar. Alto, musculoso e lindo. Porém, cruel.
Por que ele era cruel?
Minha mente vagou, tentando responder minha pergunta interna e senti um clarão iluminar tudo. Tudo de repente sumiu, ele sumiu e a escuridão daquele lugar também.
Pestanejei, a luz forte irradiando por todo meu campo de vista. Onde eu estava? Olhei ao redor, procurando uma resposta para minha pergunta e imediatamente um caminhão de lembranças daquele cômodo, inundou minha mente. Meu quarto.
Mas, estava diferente... Aparelhos médicos e um suporte de soro estavam ao meu lado, quando olhei para baixo, meu corpo estava repleto de fios que o interligavam aos aparelhos médicos. Um pip irritante ressoava no ambiente e compreendi que era este o zumbido que ouvi em meio a escuridão.
Já havia visto aqueles aparelhos em filmes, ele monitorava meu coração, não é mesmo? Ou talvez...
Olhei para minha mão enfaixada, e apertei os dedos sobre o edredom branco que me cobria, sentindo o tecido contra a ponta dos meus dedos. Por que estava aqui?
Um flashback piscou em minha mente.
Luzes incandescentes brilhavam, iluminando a penumbra. Gritos altos, o barulho de algo sendo jogado sobre mim e novamente, a escuridão.
Pisquei, repetidas vezes e olhei ao redor novamente, puxei a coberta de cima de mim e me sentei com dificuldade. O que foi aquilo?
Os fios estavam me incomodando. Eu não precisava daquilo, estava bem. Puxei um fio espetado em meu antebraço e puxei o fio que transportava soro.
O soro serve para alimentar e hidratar, Dulce. Não precisa ter medo, tá?
O que era aquilo? Que voz era aquela?
Esther, a resposta brilhou em minha mente e uma mulher linda e de sorriso gentil pintou meus pensamentos. Aquela era Esther, minha irmã mais velha.
Por que não me lembrei dela antes? Eu a amava muito. Ela e Clara...
Clara... A pequena Clara também. Amava tanto quanto Esther. Onde elas estavam?
Terminei de puxar os fios e senti meus pés formigarem. Os coloquei no chão com dificuldade e estremeci quando meus dedos alcançaram o chão.
Estava frio e isso me lembrava que estávamos no outono. Não deveria estar tão frio, certo?
Ergui meu corpo e fiquei de pé, cambaleando para frente. Estava tonta, como se estivesse bêbada. Não estava bêbada, não é mesmo?
Ou talvez estivesse e por isso não me lembrava das coisas. Eu sabia me chamar Dulce, ter vinte e um anos e... O que mais?
Me apoiei na parede e olhei para a porta que reconheci com banheiro. A outra era o closet, o que me lembrou de conferir o que vestia.
Uma blusa de frio branca bem confortável e uma calça de moletom azul claro. Cores típicas de hospital, mas não estava no hospital.
Andei, apoiada na parede até a porta. Me equilibrei e abri a porta, reconhecendo o corredor do lado de fora.
Este é o corredor dos quartos principais. ㅡ Maria, uma funcionária havia me dito no dia que cheguei.
Maria... Pediu demissão, pois precisava cuidar do filho doente.
Sorri, estava recordando de algumas coisas. Muitas, na verdade.
Dei um passo para fora do quarto e andei na direção que recordava ser de saída. Uma imagem me invadiu, as escadas, o corredor depois dela, a cozinha, a área de churrasco e...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um amor mais que mortal
RomanceDuas pessoas, duas histórias, dois mundos, objetivos opostos, um acordo, uma união. Quando Adolfo Liwes e Karl Collowey selam um acordo de casamento para seus filhos, Dulce Liwes e Noah Collowey se vêem perdidos. Noah Collowey recebe a notíci...