Dulce Liwes

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Abracei minha sobrinha, apertando-a o máximo que eu podia. Lágrimas rolaram por minha face e meu coração martelava forte no peito.

Queria estar abraçada a minha irmã também. Naquele momento só queria tê-la de volta.

ㅡ Titia! ㅡ Clara me apertou e olhei ao redor. Todos estavam ali, Noah, Norman, Ellah, Angélica e Vivian.

ㅡ Oi, meu anjo. ㅡ Beijei o topo de sua testa e segurei sua mão, encarando as pessoas a minha volta.

Me levantei e me aproximei de Noah.

ㅡ Amélia e Alessia, por favor acompanhem Dulce e as crianças até o quarto de brinquedos. Antes, leve Clara ao seu quarto. ㅡ Noah deu as ordens. Sua expressão estava firme e séria. Agia como um líder severo e o encarei procurando resquícios do Noah conhecido por mim.

Eu o vi.

Perdido nas imensidão cor-de-mel estava o homem sedutor e insuportável que eu convivia, pois sentia que jamais o conheceria. De qualquer modo, Noah era melhor sendo insuportável á um homem frio, grosso e com impiedade no olhar.

Clara soltou minha mão correndo até Vivian e Ellah que acompanhavam Alessia escada acima.

Dei uma última olhada para Noah e as segui, deixando com que Noah, Norman e outros homens que se aproximaram assim que saí, trouxessem minha irmã de volta.

Assim que subimos as escadas o choro de Liam incansáveis meus tímpanos. Ele só não chorava, ele gritava e esperneava para demonstrar sua existência muito bem conhecida.

Alessia o entregou a mim e fomos até o quarto de hóspedes em que Clara ficaria hospedada, enquanto Amélia preparava a mamadeira do chorão em meu colo.

Abri a porta e Clara se adiantou a entrar. O quarto era semelhante ao meu. Com móveis planejados em tons claros e dourados com uma cama no canto esquerdo junto de uma televisão anexada na parede.

Haviam brinquedos espalhados pelo quarto e a roupa de cama tinha a temática das princesas, sorri, Noah havia pensado em tudo.

ㅡ Titia, é enorme! ㅡ Sorri, realmente era enorme para uma criança ficar sozinha. Ainda mais Clara que nunca se distanciou de Esther para nada.

Guardei a mochila que tinha em suas costas no armário e Amélia apareceu com a mamadeira de Liam.

ㅡ Tia, o que ele é seu? ㅡ Clara parou de andar pelo quarto e me encarou. Pedi que me deixassem a sós com Clara e me esperassem no quarto de brinquedos, então estava somente com minha sobrinha e Liam.

Huh... ㅡ Não havia de certo uma resposta. Não tinha aprofundado pensamentos nessa questão, ao invés disso, somente tentei estar com as crianças o máximo possível.

ㅡ Ele é seu filho, titia ㅡ Clara sorriu, a pequena não fazia idéia do caos que se passava em minha cabeça e das pessoas no andar de baixo ou seja lá onde estivessem.

ㅡ Talvez, querida. Mas é cedo demais para lhe dar uma resposta concreta. ㅡ Sorri e segurei sua mão. ㅡ Vamos brincar? ㅡ Mudei o assunto e sai do quarto a levando até o cômodo repleto de brinquedos.

Fiquei com eles por um tempo até minha cabeça começar a latejar e meus olhos lacrimejar, imaginando onde minha irmã poderia estar.

Sai do quarto antes que as lágrimas rolassem e pensei em correr para o meu quarto, mas todos tinham um acesso bastante fácil a ele. Queria ficar sozinha, então corri para o quarto de Noah e me joguei na cama, me escondendo debaixo dos edredons. As lágrimas saiam sem controle.

As memórias de tudo que um dia aconteceu comigo em uma situação semelhante, me destruindo. Oh, como odiava aqueles malditos pensamentos.

Odiava o passado com todas as forças que não tinha no momento. Eu odiava Norman por ser o principal culpado de tudo. Não duvidava que ele fosse novamente o culpado, desse vez, no entanto, a sequestrada não fui eu.

Me sufoquei em meus soluços, pedindo inúmeras vezes que Esther ficasse bem. Clara precisava dela. Eu precisava dela.

Me tiraram tudo: Liberdade, sonhos e agora, minha irmã.

Um baque e um clique soaram pelo quarto espaçoso. Ele estava aqui. Noah estava ao lado da cama, observando-me. Podia sentir seu olhar em mim, podia sentir sua presença.

ㅡ Noah? ㅡ Minha voz saiu falha e ridícula.

ㅡ Dulce.

O edredom foi puxado revelando meu rosto. Puxei uma almofada, não querendo que ele me visse chorar, não novamente.

ㅡ Não se esconda de mim. ㅡ Agarrou a almofada e a lançou longe no quarto.

ㅡ Não estava...

ㅡ Estava. Eu não quero que se esconda de mim, nunca. ㅡ Se enfiou embaixo do edredom. Não era como se havesse alguma forma de me esconder dele ou lhe negar uma ordem. Não, quando sabia que ele eraㅡ Reforcei mentalmente.

ㅡ Quero minha irmã de volta. ㅡ Sussurrei.

ㅡ Todos querem. Esther foi uma espécie de irmã mais velha para mim por muito tempo. Estudamos juntos e não há quem negue que até hoje ela é o amor de Norman. ㅡ Ele disse e ri sarcasticamente.

ㅡ Duvido muito. ㅡ Noah me encarou. ㅡ Ele teve coragem de negar a paternidade de Clara, chamar minha irmã de prostituta e a abandonar quando ela mais precisava. Ele... ㅡ Listei os motivos do meu ódio por Norman, exceto o principal de todos.

ㅡ Ele o que, Dulce? ㅡ Me olhou curioso.

ㅡ Não é nada. Confundi algumas coisas. ㅡ Virei o rosto, destruindo nosso contato visual.

Noah aproximou seu rosto da minha orelha, pressionando meu corpo contra o seu. Meu corpo estava tão quente quanto um vulcão em erupção, se arrepiando a cada toque seu. Uma de suas mãos me pressionava para trás e a outra subia por minha cintura lentamente até meu rosto.

ㅡ Mentirosa ㅡ sussurrou. ㅡ Mentir é feio, Dulce Liwes... ㅡ Sua mão parou em minha boca e ele me virou de frente a ele. ㅡ Termine sua fala.

Suspirei, perante àquelas esferas profundas e inexpressivas.

ㅡ Não há o que terminar. Norman é o culpado de tudo, somente isso.

Seu olhar totalmente incompreensível me assustava e instigava cada vez mais. Noah suspirou pousando seu queixo sobre minha cabeça.

ㅡ Continue mentindo e descobrirei sozinho.

ㅡ Não encontrará nada, eu te garanto. Norman jamais lhe contará como foi o culpado pela morte do ex marido de Esther. De como foi o culpado pelo assassinato do meu sobrinho. ㅡ Murmurei, remoendo a memória de estar cercada de tanto sangue, fogo e dor.

Noah não falou nada, ao invés disso se levantou e me encarou com um olhar totalmente indecifrável. Recuei na cama, porém Noah segurou meu braço e me puxou para a beira da cama.

ㅡ Ele irá me contar tudo o que você se nega a me contar. ㅡ Saiu do quarto e fechou a porta.

Me afundei entre o edredom relembrando a sensação de seu corpo contra o meu e seus dedos passeando por meu corpo. Meu corpo se aquecia somente com sua imagem em minha mente.

ㅡ Eu te odeio, Noah Collowey... ㅡ Sussurrei, abafando um grito no travesseiro.

Um amor mais que mortalOnde histórias criam vida. Descubra agora