Noah Collowey

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Silêncio. O mais puro e reconfortante silêncio foi meu companheiro nos últimos meses. Ele me ouvia e abrigava minhas lágrimas enquanto eu esperava resposta da única pessoa capaz de me irritar e me fazer apaixonado em instantes.

Ele me aqueceu naquele quarto frio durante todas as cento e cinquenta e nove noites em que esperei uma resposta. Ele foi minha âncora e, quando estava pronto para dizer adeus, ele foi quebrado.

Todo o silêncio que eu obtia por parte dela, desapareceu. Toda a angústia e a tristeza por saber que ela jamais voltaria, também. Tudo se foi quando eu a vi na por do meu escritório, me encarando com os olhos cheios d'água.

Droga, como eu queria protegê-la e garantir que jamais voltasse a chorar. Como eu queria não ter sido o culpado por muitas de suas lágrimas. Porra, como eu queria ser perfeito para aquele anjo dormindo a três portas de distância.

Agora a culpa me pressionava, porque tudo o que ela queria era a verdade. Tudo que ela queria era a verdade de que, graças a mim, ela havia entrado em um lugar proibido e o mesmo desabou sobre ela.

Não, ela jamais poderia saber a verdade. O Dr. Ruflyes tinha de estar errado sobre Dulce recuperar a memória. Porra, ela ia me odiar mais do que certamente já odiava.

Me sentei na cama, observando o breu em que meu quarto se encontrava. Eu certamente não dormiria mais. Foi tão... de repente. Eu havia perdido as esperanças e, boom, ela estava de volta.

Essa era Dulce, afinal. Uma caixinha de surpresas. Uma linda e perfeita caixinha de surpresas.

Sacudi a cabeça e me deitei novamente. Olhei o relógio ao lado da cama e ele marcava cinco e cinquenta da manhã. Eu poderia dormir um pouco mais, certo?

Errado. Não, quando ela tomava todos meus pensamentos para si. Eu precisava estar com ela. Eu precisava dela.

Porém, eu não não era o único. Dulce Liwes era tão querida por tantos que mereciam muito mais estar com ela neste momento. Sua irmã era o principal exemplo.

Esther e Norman estavam em Paris. Assumiram um relacionamento há dois meses e agora, tinham sua família completa junto do pequeno Ben.

Ela foi a mais destruída com o coma de Dulce. Quando soube das previsões dos médicos sobre Dulce não voltar a acordar, desabou em lágrimas.

Foi doloroso vê-la chorar. Principalmente, por ter sido eu o culpado de tudo aquilo. Eu fui o culpado pelo coma de Dulce e seria o culpado por sua morte, caso não voltasse a consciência.

Não. Isso não aconteceria. Dulce estava viva e muito bem, de acordo com o médico. Não houveram sequelas do acidente, somente uma cicatriz de queimadura em sua coxa esquerda.

Eu precisava avisar Esther sobre Dulce. Tateei a mesinha de cabeceira e peguei meu celular. Abri os contatos e liguei para Esther. Nada. Liguei mais duas vezes e nada. Rolei até o de Norman e o liguei.

Ele atendeu no terceiro toque.

Noah? Bom dia, aconteceu alguma coisa? ㅡ Ele cumprimentou assim que atendeu a ligação e somei as horas de diferença entre Boston e Paris. Eram onze da manhã lá.

ㅡ Bom dia. Sim, aconteceu. Esther está? ㅡ Questionei. Ouvi vozes do outro lado e Norman pigarreou.

ㅡ Sim, ela está em casa e, provavelmente, dormindo. O que aconteceu?

Suspirei.

ㅡ Dulce acordou. ㅡ Eu disse sem rodeios. O silêncio reinou do outro lado e me levantei da cama.

Porra. ㅡ Ele disse depois de um tempo e sorri. Aquela era exatamente a reação que esperava de meu irmão mais velho. ㅡ Eu não... Venha para Paris. ㅡ Ordenou e arqueei uma sombrancelha, mesmo que ele não pudesse ver.

Um amor mais que mortalOnde histórias criam vida. Descubra agora