Chapa: Ok engraçadinho, vamos ver o que você me trouxe. - Ela pegou a folha. Bose estava estranhando o humor dela, se manteve quieto. - Olha, vamos estabelecer uma coisinha... Se vamos ser um casal, mesmo que fake, você precisa parar de ter medo de mim. Esse seu olhar amedrontado, vai fazer as pessoas pensarem que você vive em um namoro forçado.
Bose: É meio difícil com o nosso histórico, Chapa. Você não lida muito bem com as pessoas e eu até queria conversar isso com você... - Disse meio preocupado com o que viria pela frente.
Chapa: Bose, quando for me dizer algo, por Deus, diga de uma vez. Essas... voltas que você dá, me deixam meio estressada.
Bose: É que minha família é meio grudenta, sabe? Com exceção do meu pai, todos são bem hospitaleiros e calorosos.
Chapa: Certo. Bose, eu vou abrir o jogo com você, mas se eu sonhar que você saiu daqui com essa informação, repassando pra outras pessoas, então vai ter motivos pra me temer. Estou confiando em você e eu não costumo confiar nas pessoas. - Ele afirmou com a cabeça. - Minha mãe, que você bem conhece como Dulce Maria de Silva, estrela das telinhas, é realmente uma das melhores atrizes do mundo. Mas ela foi uma péssima mãe. Ela é uma péssima mãe. O único tratamento que eu conheci depois que meu pai se foi, foi esse que eu repito com as pessoas ao meu redor. E tem funcionado. Não tenho amigos, mas também não tenho decepções.
Bose: Mas pode ser diferente, Chapa. Você não precisa ser como ela.
Chapa: É difícil quando foi o único tratamento que eu conheci. E funcionou comigo também, não vivo uma vida cômoda, mas vivo uma vida com ótimos resultados!
Bose: Sim, você fala muito dos seus resultados.
Chapa: Fui questionada e cobrada a vida toda Bose, era tudo que minha mãe queria e agora é tudo que posso entregar. Validação acadêmica, bons resultados no trabalho, ser uma executiva impecável que ninguém pode questionar.
Bose: Porque largou a terapia? - Ele sentiu que precisava saber disso.
Chapa olhou pra ele, com o cenho franzido. Não achou que aquela era uma pergunta importante pra toda aquela farsa, mas responderia, assim ele não ia poder se negar a responder coisas que ela quisesse saber. Podia não parecer, mas era muito curiosa.
Chapa: Falta de tempo, eu acho. Aumentou o quadro de parcerias, aumentou a quantidade de funcionários, automaticamente as folhas de pagamento, reuniões... tudo. Você resolve muita coisa pra mim, mas eu ainda sou a pessoa que carrega tudo nas costas. As responsabilidades, o que dá errado, o que dá certo, a má fama e o cansaço.
Bose: Mas, te fazia bem, não fazia?
Chapa: Eu tomava alguns remédios, pra um transtorno de raiva chamado TEI. Então comecei a esquecer e com o tempo eu já não ia mais ao acompanhamento e nem me medicava.
Bose: Você transtorno explosivo intermitente. Faz muito sentido. - Ela se remexeu na cadeira, se sentindo vulnerável demais. - Eu não vou falar pra ninguém, mas acho que tinha que começar pensar mais em você, sabe? Na sua saúde.
Chapa: E quem cuida das coisas pra mim? Você acha que eu não sei que você já segura uma barra grande demais e que vai pegar esse dinheiro e se mandar?
Bose: Mas eu não disse isso!
Chapa: Acha que precisa? - Bose olhou preocupado pra ela e ele nem sabia com o que. - Não me olhe com essa cara, como se tivesse dó de mim, como se eu merecesse sua solidariedade, sua compaixão. Eu sei que não mereço, sei que fui péssima com você muitas vezes. Evelyn Hugo mesmo reconhecia que pecar pela compaixão era um erro.
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Oneshots Bapa - Bose e Chapa
RomanceCompilados de Oneshot Bapa - pequenas histórias de Bose e Chapa da Força Danger.