23. The Forty Bet.

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Chapa Narrando.

Eu me lembro de correr. Correr tanto que meus pulmões queimavam, minhas pernas doíam, as minhas mãos estavam trêmulas.
Mas já era tarde, de toda forma, era tarde. Tudo que eu ouvi do médico era "Eu sinto muito, fizemos tudo que podíamos". A mãe do Luca? Me culpava. De tudo que ela podia fazer, ela estava me culpando pela morte do filho dela. Bose também estava gritando com ela, algo como "Chapa nunca pediu que seu filho entrasse naquele carro", "você não pode culpá-la". Mas eu mal conseguia ouvir, senti meus ouvidos abafarem e minha visão escurecer de vez, depois disso, não me lembro de mais nada.

Narração - 3ª pessoa.

Bose era melhor amigo de Chapa por toda a vida. Eles eram vizinhos desde sempre, nasceram com apenas um ano de diferença e suas mães eram melhores amigas, também de infância. Anahi e Célia tinham a teoria de que eles se casariam um dia. Juravam que algum dia levariam os filhos ao altar e brindariam a união daquela geração. Compartilhariam os mesmos netos.

E Bose e Chapa tinham crescido com uma união muito semelhante á das mães. Eram essenciais na vida um do outro. Mas além do amor de amigos, de forma oculta, também existia um outro amor.
Eles eram muito apaixonados um pelo outro, só não sabiam como contar isso um pro outro. E acabavam adiando a notícia, até que um dia Chapa conheceu Luca.
Luca era de Londres, os pais de Bose, conheciam os pais dele e ele foi passar uma temporada em Swellview. Péssima ideia.

Luca era um príncipe, um doce de menino, totalmente apaixonado por Chapa desde a primeira vez em que colocou os olhos nela.
Claro que ele só perdia pra Bose, mas Chapa já achava que não tinha chances com o melhor amigo e resolveu tentar.

Bose odiava o jeito que ele era perfeito. E como era perfeito pra ela, de um jeito que ele queria ser. Se perguntava como alguém de quem gostava tanto, podia se tornar alguém que queria longe. Ele não queria ouvir Luca dizendo o tempo todo que Chapa era a garota dele.

Mas ele não queria que as coisas tomassem o rumo que tomaram. Bose e Chapa estavam na sorveteria favorita deles, de lá iam pra casa, Chapa nem havia visto o namorado naquele dia.

E então recebeu uma ligação do hospital, avisando que ele havia sofrido um acidente grave de carro.

Eles correram pra lá. Muito, muito mesmo.

Elizabeth, ou Beth, como costumavam chamá-la, era a sogra de Chapa. Era uma senhora super conservadora, maldosa e sem filtro algum. Célia havia a empurrado uma vez na fila do mercado. Os maridos delas é que se tratavam bem, pelos negócios.

Célia e Anahi tinha algo em comum, elas não faziam questão alguma de esconder que odiavam Beth.

E Beth não gostava de Chapa, porque Chapa não estava dentro dos padrões dela. Até o tamanho do cabelo da nora, ela criticava. Bose já havia batido boca com ela muitas vezes e Anahi, a mãe de Chapa, lhe prometeu uns tapas. Talvez depois daquele dia, eles acabassem sendo distribuídos.

Beth estava a todo custo tentando colocar sob Chapa a culpa da morte do filho. O que não fazia sentido nenhum. Chapa costumava ser geniosa e ter o pavio curto, mas não estava conseguindo se defender, estava aturdida, com as mãos trêmulas.

Bose: ELA TAMBÉM PERDEU ALGUÉM, QUAL É O SEU PROBLEMA? VOCÊ É LOUCA. VOCÊ NÃO VÊ? COMO NÃO VÊ?

Beth: VOCÊ É UM MARGINAL, POR ISSO ESTÁ DEFENDENDO ELA. ASSIM COMO A SUA...

Bose: TIRA O NOME DA MINHA MÃE DA SUA BOCA!

Um médico estava perto dos dois, pedindo pra que parassem com aquela discussão. Mas a única coisa que realmente os fez parar, foi o barulho escutado quando Chapa caiu desacordada no chão. Bose imediatamente se abaixou, gritando por socorro, abanando ela com uma mão.

Oneshots Bapa - Bose e ChapaOnde histórias criam vida. Descubra agora