Don't Blame Me - Parte 4

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Chapa tinha um plano. Iria enfrentar o Reverse de uma vez. Um dos dois tinha que perder. Se fosse ele, tudo estaria a salvo. Se fosse ela... ele não teria mais um motivo pra ameaçar quem ela amava.
Pensou que a Chapa de cinco anos atrás, aquela que ainda tinha rancor da história do celular, jamais iria tão longe por amor. Mas não deixava de se orgulhar de si mesma por isso, tinha um propósito muito maior agora.

Sentiu um gosto amargo tomar conta da própria boca, se sentindo agoniada. Se iria arriscar assim, primeiro tinha que ver Bose de qualquer jeito. Tinha que garantir que ele soubesse que ela o amava muito. Não queria que ele tivesse apenas aquela imagem dela terminando.

O problema é que a policial naquele dia, cobrindo o turno da noite, era simplesmente a tia dos Macklin. E ela era tão chata... Chapa ficou se perguntando como driblaria a mulher.

Por sorte, ou não, quando olhou disfarçadamente, escondida, a mulher estava dormindo.

Chapa: Tosca. - Revirou os olhos.

Passou devagar pela mulher e entrou no corredor das celas. Era tarde da noite, muito tarde e aquele lugar estava lhe dando frio até nos ossos, se é que isso era possível.
Por conta do horário, estavam todos dormindo e agradeceu por isso. Não precisava de ninguém dedurando a presença dela naquele lugar. Ou de um embate besta.

Após um tempinho de caminhada pelo corredor, olhando cela a cela e procurando por ele, o avistou sentado, com o rosto entre as mãos. Tão quieto, tão isolado. Bose não gostava de estar sozinho e aquele lugar era um experiência insuportável.

Sentiu os olhos marejarem por vê-lo naquela situação. Era tudo sua culpa.
Encostou nas grades.

Chapa: Bose. - Chamou baixo, com a voz embargada.

O garoto não levantou a cabeça. Estava ali á algumas horas e já tinha tido possíveis delírios com a voz dela. Pra ele, esse era apenas mais um delírio.

Chapa: Bose! - Falou um pouco mais alto, e então ele olhou.

Quando o olhar dele encontrou o dela, sentiu que podia desmaiar de tão forte que seu coração começou a bater. Coçou os olhos, jurando ser delírio. Se levantou, indo devagar até as grades e a olhou.

Bose: Chapa? - Franziu o cenho e colocou a mão por cima dela, em cima da grade. Respirou aliviado quando sentiu a pele dela contra a dele. - Eu sabia que viria. Acho que a gente funciona na rota contrária dos contos de fada. - Riu sem graça. - Tem sido você minha princesa no cavalo branco.

Chapa: Me perdoa! - Falou baixo, com as lágrimas escapando. - Me perdoa por te fazer parar aqui. Me perdoa por tudo, por qualquer coisa.

Bose: Você não fez nada, eu decidi entrar aqui. Fui eu quem invadi uma delegacia e fui pego.

Chapa: Por minha causa. - Justificou.

Bose: Você teria feito pior. - Ela pensou em repreendê-lo, mas além de não ser a hora, ele estava certo. Se fosse ao contrário, aquela altura da situação, Swellview já estaria toda de cabeça pra baixo. Chapa não costumava estar sempre medindo as consequências desse ato, especialmente se motivada pela raiva.

Chapa: Mas invadir uma cadeia, onde você estava com a cabeça? - Franziu o cenho.

Bose: Você veio pra me dar sermão? Eu poderia estar em qualquer lugar, porque estava procurando pela solução pra sua volta. Escolhi vir aqui falar com o Frankini. - Ela engoliu em seco. - Você sabe que nada ia me parar. Nada vai, eu vou dar um jeito de sair daqui. Então você pode escolher me contar ou me deixar continuar a minha busca. - Chapa olhou surpresa. Ele estava sendo um teimoso, não medindo as consequências dos próprios atos, passando por cima de tudo. Por causa dela. Bose estava fazendo o que ela fazia o tempo todo. Não sabia se sentia orgulho ou se continuava a dar um sermão.

Oneshots Bapa - Bose e ChapaOnde histórias criam vida. Descubra agora