Delicate - Parte 2.

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A viagem de carro duraria um dia inteiro e por isso saíram de madrugada, Chapa tomou um remédio pra enjoo e por isso foi quase todo o caminho dormindo. Só acordou quando pararam pra tomar café e almoçar. Várias vezes, ela se ofereceu pra dirigir, mas ele não queria, teriam três dias pra descansar.
A família do pai de Bose tinha uma casa grande em Malibu e por isso, era tão fácil fazer uma viagem de última hora assim.
Ele não era tão próximo desses parentes, e o pai era totalmente ausente na vida dele, o homem achava que só ser um pai que bancava as coisas, os luxos, era ser um bom pai.

Ainda assim, Bose tinha estado tão poucas vezes lá, dadas as circunstâncias. Muitas vezes sentia que sua mãe era julgada pelo jeito que era, como agia ou por ser casada com o vice prefeito, que não era o melhor ser humano existente... mas pouco ou muito, ela ainda estava ali com ele. Mesmo que muitas vezes, ele achasse, que ela não queria tanto estar.

Mas estar naquele lugar, ia ganhar um novo significado. Agora se tornaria um lugar de salvação pra Chapa, ao menos aquele fim de semana.

Os dois chegaram e Bose estacionou o carro. Acordou ela com cuidado, que saiu do carro ainda sonolenta. No colo dela, estava o livro "a culpa é das estrelas", Bose era uma das poucas pessoas que sabia que Chapa gostava de ler alguns romances. Esse em especial, ela lia sempre que estava triste.

Ficou deslumbrada com o tamanho da sala da casa á beira mar, o piano de calda gigante, os móveis todos num tom de branco mais claro que qualquer coisa. Os detalhes em preto.

Chapa: Uau, isso é... uau! - Olhou em volta, impressionada. - Aqui é enorme, Bosey.

Bose: Sim. Quando vinha aqui, achava que era um castelo. - Riu, puxando duas malas. Chapa ainda estava com uma bolsa de lado.

Já era cair da noite, a brisa do mar estava fria e eles subiram as escadas. Bose levou Chapa até a porta de um dos quartos de hóspedes. Os quartos que tinham donos, tinham indicações com nomes.
Ela se surpreendeu quando ele também foi até um quarto sem indicação nenhuma.
Mais tarde, depois de muito descansarem, andando pelo corredor, Chapa viu os nomes nas portas com desenhos e símbolos. Provavelmente, eram de crianças. Já sabia que Bose tinha irmãos paternos, mas era injusto, saber que uma criança que também deveria fazer parte daquilo, não tinha nem mesmo uma placa na porta, com estrelas e o seu nome. Estrelas... ela sabia que ele escolheria estrelas.

Desceu as escadas devagar, depois de passar pela porta do quarto onde ele estava antes e ver a luz apagada. Estava apenas de meia, com um pijama de calça e blusa que eram meio grandes.

Bose estava sentado, com o notebook no colo, atento á algo. Os pés estavam apoiados na mesa de centro e os cabelos como sempre, alinhados.

Ela terminou de descer devagar e tentou olhar o que ele estava olhando, atrás do sofá. Estava procurando um restaurante, Chapa franziu o cenho, vendo ele fazer uma reserva pra noite seguinte. Se aproximou mais um pouco e soprou o ouvido dele.
Ele deu um grito baixo, assustado. Levou a mão ao peito, respirando fundo.

Bose: Meu Deus, você quase me matou. - Ela riu baixo, se sentando do lado dele. - Como você se sente?

Chapa ainda tinha o rosto meio inchado, parte pelo sono, parte pelo tempo que chorou. Ainda estava digerindo toda a situação. Mas estar ali, com ele, fazia ela pensar que podia simplesmente deixar tudo de lado por três dias e aproveitar o momento. O momento com ele.

Chapa: Acho que um pouco melhor. - Afirmou com a cabeça. - E aquele piano, de quem é? - Apontou.

Bose olhou pro piano de cauda, no centro da sala. Tinha sido a última compra da mãe antes do divórcio, algo que ela adorava tocar antes de se divorciar. Agora mal queria ver pianos, porque lhes trazia a tona, toda a história do casamento falido.

Oneshots Bapa - Bose e ChapaOnde histórias criam vida. Descubra agora