soulmate | GN

caê

- Giovanna Antonelli. - Segui as instruções de Alexandre dizendo meu nome para a moça da recepção.

- Ah! Claro querida! Vamos?! - A moça disse enquanto me direcionava para uma mesa mais afastada das outras, proporcionando uma vista privilegiada do palco. - Ele pediu para você esperar um minuto que ele já vem.

Olhei para o lado e vi as três meninas sentadas, aparentemente em uma discussão que eu não entendi muito bem sobre o que era, peguei meu celular e o relógio marcava 19h33, entrei nas redes sociais um pouco nervosa, olhei para minha mão que estava um pouco suada e notei que tinha esquecido de tirar a aliança.

- Droga! - Rapidamente a tirei e joguei na bolsa.

Ouvi algumas pessoas falando no palco, não estava dando atenção ao que acontecia no palco, passei boa parte do tempo que esperava olhando ao redor e percebendo que aquele era realmente um lugar aconchegante. Em dado momento, ouvi uma voz no palco que soltou:

- Com vocês, agora nosso amigo, e, diga-se de passagem, um baita cantor: ALEXANDRE NERO!!! Abrindo e abrilhantando o nosso karaokê da noite.

Olhei para o palco vendo o homem entrar, percebi que estava segurando a respiração enquanto o observava. Soltei o ar e mentalizei cada passo que ele dava em cima do palco, fotografando na memória seus cabelos grisalhos escapando por debaixo de um boné descontraído, sua bermuda cor bege, a blusa branca que apertava no peitoral durante os movimentos que ele fazia com os braços. Ah os braços!!! Preenchiam sua manga apertada, deixando aquele homem ainda mais gostoso, se é que fosse possível.

Senti meu celular vibrar ao receber uma notificação no celular, era Alessandra: "GICA ELE NÃO É FAKE! Eu jurava que ele seria um careca barrigudo que usava as fotos do filho pra sair com gostosas. Tô em surto!"

Ri de nervoso com a mensagem da Ale. Olhei para as três e sorri. Enquanto elas surtavam, desviei o olhar para as pessoas não perceberem que elas eram loucas e qu eu estava inclusa na mesma equipe.

Volto minha atenção para Alexandre. O toque da música invade meus ouvidos e quando ele começa a cantar, sinto como se todas as outras pessoas ao meu redor não estivessem mais ali, absorvo cada palavra como se elas reverberassem pelo meu corpo, os agudos e graves de sua voz fazem com que eu sinta que estou vivendo algo sublime, indescritível, melodioso, puro. Agradeço mentalmente pelo privilégio de ter aquela obra de arte cantando na minha frente.

"Hmm, mais se um dia eu chegar muito estranho;
Deixa essa água no corpo, lembrar nosso banho;
Hmm, mais se um dia eu chegar muito louco;
Deixa essa noite saber que um dia foi pouco;
Cuida bem de mim, então misture tudo dentro de nós..."

Olhava com fissura para o palco, balançando e cantarolando a música baixinho enquanto pensava: será que esse homem não tem nenhum defeito?

Durante sua apresentação e o fervor daquele momento, ele ainda não tinha olhado em direção a mesa em que eu estava sentada. Eu não tirava os olhos dele nem por um minuto, implorando para que ele se desse conta de que eu estava ali, a "Deusa acessível", abri um sorriso enquanto pensava na forma como ele me chamava. Foi nesse momento que nossos olhares se cruzaram, senti meu estômago esfriar enquanto uma corrente invadia meu corpo no momento exato em que ele repetia o refrão da música:

"Quantas vezes eu quis ficar solto;
Como se fosse uma lua a brincar no seu rosto;
Cuida bem de mim, então misture tudo dentro de nós;
Porque ninguém vai dormir nossos sonhos;
Minha cara pra que tantos planos?
Se quero te amar e te amar e te amar muitos anos."

[...]

Era ela...

Estava frenético com a abertura do karaokê, aos poucos me habituei aos rostos ali presentes, me sentindo à vontade, percorri os olhos pelo ambiente buscando uma morena de cabelos acobreados. Olhei em direção a mesa que outrora havia reservado e titubeei. Era ela...