de volta a realidade

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Vinte minutos atrás.

- Bom dia!

- Bom dia senhor!

- Posso subir? É pra o apartamento da Giovanna.

- Como é seu nome?

- Alexandre Nero.

- Moço, acho que pode sim. Eu sou novo na portaria, Seu Francisco me deixou aqui um tempo enquanto foi resolver uns trem. Ele disse que chegaria alguém com esse nome sô! Só pode ser o senhor.

- A Giovanna pode ter avisado pra ele me deixar subir, se quiser ligar pra o apartamento dela pode ligar, meu celular tá descarregado. Mas por favor, me deixa subir, ela não estava bem quando eu a deixei aqui mais cedo. Eu tô muito preocupado!

- Pode ir sô! Só não diz pra o Seu Francisco que eu deixei você subir.

- Obrigadão rapaz, de verdade.

Corro para o elevador.

Enquanto espero observo um homem se aproximar. Está falando com alguém pelo celular.

- Já tô voltando pra pegar. Sim. Sim. Estava há duas quadras daí. Eu pensei que estava no carro. Beleza. Chego em vinte minutos no máximo.

Ele desliga.

- Bom dia. - Me cumprimenta.

- Bom dia.

Seu celular toca novamente, ele olha para a tela do aparelho e coloca no bolso da calça, sem atender.

Continua tocando.

Ele pega o  celular do bolso novamente e recusa a chamada.

Em poucos segundos, o celular volta a chamar.

- Insistente! - Ele olha para mim inclinando a cabeça em direção ao celular.

Dou um sorriso forçado para ele.

O elevador chega. Entramos.

Escolho o andar e me escoro na parede do elevador com as mãos nos bolsos da calça. Sentindo o anel que dei para a Giovanna. Ela vai ficar feliz por eu ter conseguido achá-lo.

Ele aponta para os botões.
- Vou para o mesmo andar.

Um silêncio constrangedor paira no ar. É estranho não se sentir confortável perto de uma pessoa que mal conheço. Mas é assim que me sinto perto desse homem.

- Você mora aqui? Nunca tinha te visto no prédio. - Ele pergunta rompendo o silêncio.

- Não, minha namorada mora. Também nunca tinha te visto por aqui.

- Deve ser porque cheguei hoje de viagem. Por isso a insistência... - Ele tira o celular do bolso. - Minha esposa não para de ligar, deve tá subindo pelas paredes, doida pra que eu dê um trato nela hoje, se é que me entende sô!

Ele empurra meu ombro com uma mão, como se estivesse brincando. Sinto um certo incômodo com a liberdade, que eu não dei.

Olho pra ele com repulsa. Que cara escroto!

- Não, não entendo!

- Pois se você quer uma dica de amigo para amigo... Não case! Mulher não presta! Só serve "praquilo", quando serve. São chatas, inconvenientes, pegajosas. Olha, vou te mostrar o tanto de áudio.

Ele pega o celular.

Continuo na mesma posição. Não quero dar palco para esse maluco. Idiota!

Ele abre a conversa e aperta o play do áudio:

soulmate | GNOnde histórias criam vida. Descubra agora