Temos um impedimento part 1

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-Ok! Eu passo pra te pegar então. Beijo minha Deusa, sempre acessível! – Ele dizia enquanto desligava.

Alexandre marcava para sairmos e vermos um jogo de futebol. Tinha comentado que não sabia nada sobre o esporte e ele sabendo que eu era vascaína, resolveu comprar os ingressos para o jogo que aconteceria entre Vasco e Cruzeiro.

Mais um dia que eu estaria ao lado dele, perto dele, sentindo o cheiro dele, querendo ser dele, mas não poderia.

Me sentia culpada por não dizer ao Alexandre que eu era casada, mas àquela altura do campeonato, não teria coragem.

Nós já estávamos muito ligados na nossa relação de "amizade", que de amizade não tinha nada.

Parecíamos um casal que não era casal.

Mas a realidade insistia em atormentar minha mente: eu era uma mulher casada, querendo ver, estar perto, abraçar, tocar, cheirar um homem que havia conhecido há menos de um mês, em condições totalmente absurdas.
Eram muitas camadas, muitas mentiras, muitos cinismos.

Me sentia a pior pessoa do universo.
A mais imoral.
Não pelo Pedro, mas pelo Alexandre.

Não conseguiria lidar com a decepção de Alexandre com relação a mim. Então navegava conforme a maré.

Quando cheguei em casa na manhã seguinte à noite que passei na casa de Alexandre, Pedro havia deixado um recado em meu celular dizendo que teria que fazer uma viajem às pressas. Trabalhava em uma multinacional e diversas vezes no ano precisava sair para visitar as outras empresas.
Claro que o motivo não era apenas esse. Ele se aproveitava, vivia uma vida de solteiro nesses lugares e eu sabia de tudo.

Se eu me importava?

JAMAIS!
Quanto mais dias ele estivesse longe, mais eu era feliz. Poderia levar minha vida sem precisar passar dia e noite pisando em ovos por temer determinadas situações.

Agora eu estava mais feliz que nunca, tinha Alexandre na minha vida. Na verdade, eu não o tinha verdadeiramente, mas passar os dias ao lado dele fingindo uma relação totalmente descabida de que éramos só amigos, era melhor que não o ter por perto. Eu já não conseguia enxergar minha vida sem ele. E não sabia até que ponto aquela situação perduraria.

Mas até lá, aproveitaria cada minuto.

Fiz uma limpeza na minha casa, tirei fotos do Pedro que estavam na sala, pertences dele, guardei suas roupas, limpei todos os resquícios de que algum dia um homem estivera lá. Com certeza convidaria Alexandre para minha casa, e eu sabia que ele também esperava por isso.

Cada dia que passava observava sua ânsia com relação a mim.
E ao mesmo tempo ele regredia.

Ele me respeitava, respeitava um certo limite achando que esse era meu desejo.

E eu lamentava por isso. Como queria que Alexandre quebrasse a linha de limites que nos separava.

[...]

Vejo a porta do escritório se abrir. Uma senhorinha pequena com cabelos grisalhos e uma sacola na mão entra na minha sala.
Levanto os olhos.

É a minha mãe.

Me levanto indo em direção a ela para abraçá-la.

- Mãe, que bom te verrr! Estava com saudades. - Deixava um cheiro na cabeça dela. Ela ria pra mim. Sempre com aqueles olhos. Sempre tristes.

- Me dê sua benção. - A soltei do abraço segurando sua mão e beijando. 

- Deus te abençoe meu filho! Como você está meu filho? Tá se alimentando bem? Tá comendo feijão? Você tá um pouco pálido, deve tá com anemia, vou comprar umas vitaminas pra você depois. - Ela falava colocando a mão no meu rosto.

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