- Eu já disse, estou esperando seu tempo.
Fico em silêncio. Não porque não tenho o que falar, mas porque não sei como falar.
Ele me tira do devaneio.
- Mas... teria sido injusto você ter contado pra minha mãe e não ter contado pra mim primeiro. - Ele ri beijando meu pescoço.
Continuo em silêncio.
A realidade volta a me assombrar, me perturbar, me tirar do eixo, me tirar a paz.
Naquele momento, eu já não me importo comigo mesma. Não tenho medo do que o Pedro possa fazer a mim quando descobrir.
A minha única preocupação é com o Alexandre.
Eu não quero decepcioná-lo, eu não quero magoá-lo, eu não quero vê-lo triste, não quero que se machuque.
Mas esse é um caminho sem volta.
E quanto mais tardar, pior será.Quando ele souber, certamente não irá me perdoar, irá se afastar, não irá querer olhar nos meus olhos.
Meu coração dói só em imaginar.
O que me conforta é que talvez isso seja bom.
Talvez seja uma saída.
Significa que se ele quiser ficar longe de mim, ele também estará longe do Pedro.
Estará a salvo.
Às vezes, amar é sacrificar-se pelo bem estar do outro... embora isso signifique a proibição de viver ao lado de quem se ama.
Me aconchego mais eu seu peito, me virando para abraçá-lo.
- O que foi? - Ele pergunta.
- Ela tem seus olhos sabia? - Passo uma das minhas mãos pelo rosto dele.
- Quem?
- A sua mãe! Ale... ela é especial! Eu também gostei dela, e não é só porque nós duas compartilhamos o sentimento de amor pelo filho dela. - Ele ri e procura meus olhos.
- Assumindo que me ama Giovanna?
- Ah, cala a boca sô! - Empurro o rosto dele enquanto ele ri.
- Eu sempre achei que vocês se dariam bem sabia?! Não sei bem o porquê, mas vocês têm algo parecido... não sei o que é, algum tipo de semelhança.
Ficamos em silêncio alguns minutos.
- Eu entendo a sua relação com o seu pai agora.
- Ele falou coisas desagradáveis pra você? Foi mal educado contigo no dia da festa?
- Não é só isso Alexandre, o jeito dele...
- Eu sei como é.
Sinto a respiração dele pesar em seu peito.
Então ele começa a falar.
- Sabe, quando eu fui pra São Paulo, fiquei muito tempo magoado com a minha mãe. Não suportava ver ela com meu pai, ainda não suporto. Eu queria ter levado ela comigo Gio, queria ter protegido ela, cuidado dela da forma como ela merece ser cuidada... Mas ela não foi, ela não quis ir comigo.
Passo as mãos pelo seu rosto tentando confortá-lo. Sinto tanta dor em seu tom de voz.
- Ela vive uma vida medíocre Giovanna! Minha mãe é uma mulher maravilhosa e não reconhece o seu próprio valor. Por muito tempo eu tive raiva dela por permitir submeter-se a determinados tipos de situações. É doloroso demais ver alguém que se ama sofrendo, tentar resgatá-la desse sofrimento, mas ela não querer sair, ela não quer sair Gio. Ela vive uma vida cheia de enganos, dentro de um ciclo vicioso, implorando por migalhas do meu pai...

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soulmate | GN
Hayran KurguQuando um simples desafio entre amigas muda completamente a vida de Giovanna.