post-it

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Acordo com a luz invadindo o quarto. Tento me mexer.
Meu corpo está um pouco dolorido. Passo o braço do lado onde Alexandre estava dormindo, procuro por ele.
Não está mais lá.

Quando voltamos do terraço, estávamos com sono e cansados. Viemos lá de cima tropeçando nos pés, um apoiando-se no outro.

Nos deitamos em uma mistura de pernas e braços entrelaçados. Parecia um casal de filme de comédia depois de uma noitada de bebedeira.

Nossa noitada, porém, foi embebida por muito sexo, muito desejo, muito amor, muitas carícias, muito prazer.

Muito orgasmo.

Começo a rir pensando. Repassando na mente todas as cenas, todos os momentos, todas as palavras.

Ouço a caixinha de som ao lado, em cima do criado mudo, tocando Jorge Vercilho.

"Ela está em todas as coisas;
Até no vazio que me dá;
Quando vejo a tarde cair;
E ela não está;
Talvez ela saiba de cor;
Tudo que eu preciso sentir;
Pedra preciosa de olhar;
Ela só precisa existir;
Para me completar;

Ela une o mar;
Com o seu olhar;
Ela só precisa existir;
Para me completar;"

Me levantei um pouco, segurando meu peso sobre os cotovelos, sentindo o cheirinho de café vindo da cozinha.

Notei que do lado da caixinha havia um post-it com algo escrito:

Notei que do lado da caixinha havia um post-it com algo escrito:

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Eu ri olhando para aquele pedaço de papel. Eu amava aquele palhaço narigudo.

Ele mal sabia, mas a cada dia que passava ele se tornava a cura da minha alma.

Ele tinha me devolvido a vontade de viver.

[...]

Vejo ela se aproximando da cozinha, é a cena mais linda que eu poderia ver essa manhã. A cena que eu queria ver em todas as minhas manhãs.
Quando chega, se escora no batente da porta me observando.

- Bom dia Minha Deusa! - Digo olhando para ela enquanto preparo nosso café.

Ela se aproxima sem dizer nenhuma palavra, apenas seus olhos falam.
Seu rosto está lindo, iluminado.
Seus olhos brilham.

Estou em frente ao fogão fritando alguns ovos e minha reação é só olhar embasbacado para aquela mulher. Ela dá a volta no balcão, se achega atrás de mim e me abraça por trás. Toco suas mãos entrelaçadas a frente do meu corpo e noto que ela segura algo.

- O que é isso? - Pergunto fingindo surpresa.

- Bom Dia! Você me deve algo. - Ela mostra o post-it que está entre os dedos.

Eu me viro de frente para ela.
Ela ri, genuinamente.
Meus olhos tiram uma foto da formosura do rosto dela naquele momento.

Me inclino e a beijo.
Um beijo lento, calmo, apaixonado. Insiro minha língua dentro da boca dela, saboreando-a a cada movimento.

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