Shakespeare

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- Aiiiii!!!!!!!

Gemi.
De dor.

- Para de manha Alexandre! - Ela dizia.

Estávamos na cozinha. Eu estava sentado na cadeira, escorado no balcão, enquanto Giovanna, no meio das minhas pernas, tentava passar algodão com álcool em alguns ferimentos no meu rosto.

Aquele desgraçado desferiu um soco no meu nariz. Não foi tão forte, mas fez um estrago. Os seguranças nos alcançaram e tivemos que vim embora.

Viemos em completo silêncio. Me sentia envergonhado por agir daquela forma.
Mas tinha a necessidade de Protegê-la...
Cuidá-la...
Amá-la.

Giovanna chorava o tempo todo. Em todo o percurso até em casa.

Agora suas mãos tremiam tentando colocar mais um pouco de álcool no algodão.
Seu olhar parecia assustado, ainda havia terror em seus olhos.

Segurei suas mãos trêmulas.
- Para Giovanna, já chega, já deu. Se acalma, não aguento te ver assim. - Ela olhou para cima, respirou fundo, tentando conter as lágrimas.

- Ei! Olha pra mim. Me perdoa... me perdoa! Eu não sei se foi algo que eu fiz, mas me perdoa. Me perdoa por tê-la levado naquele lugar, eu prometo que agora escolho melhor... - Tentava entender o que tinha acontecido para deixá-la assim.

- Não é você Alexandre. Não precisa pedir perdão. - Ela voltou a chorar. Eu a puxei para mim, a envolvendo em um abraço.

- Quem é então Gio??? Fala pra mim, quem é???

Queria entrar na mente dela, queria desvendar os segredos dela.
O que é que tanto afligia aquela mulher?

O que é que fosse queria protegê-la disso, a levar pra longe de tudo que a feria.

- Não posso...

Foi a única coisa que ela disse enquanto me abraçava forte.

Ficamos ali, nós dois, enquanto "nossa caixinha" tocava Demons:

"When you feel my heat, look into my eyes
It's where my demons hide
It's where my demons hide
Don't get too close, it's dark inside
It's where my demons hide
It's where my demons hide"
Imagine Dragons

[...]

- Eu tenho uma coisa na geladeira pra você. - Disse enquanto ainda a abraçava.

Ela saiu do abraço e me olhou nos olhos.
- É de comer????

Eu ria
Ela era inacreditável.

- É sim, bolo de cenoura com cobertura de chocolate. Gosta???

- Tá brincando?! - Ela me deu tapa no ombro. - Eu amo bolo de cenoura com cobertura de chocolate. Minha mãe sempre fazia quando o tempo estava frio e chuvoso. - Ela deu um riso triste, olhando para o nada, enquanto lembrava da infância.

- Justamente! Tal qual sua mãe, foi minha mãe que fez o bolo e levou lá no escritório ontem. Você vai adorar! - Me levanto e vou na geladeira pegar a bacia. Ela senta na cadeira em que eu estava e experimenta.

Eu me escorei em pé, olhando a reação dela.

- Que delíciiiiiaaaaa!!!
Ela dizia com os olhinhos brilhando.
Enchendo a boca com mais algumas colheradas.

- Puta que pariu, isso tá muito bom cara! Sua mãe é uma santa!!!

Queria tanto que elas se encontrassem, queria tanto apresentá-la para minha mãe como sua nora. Seria o encontro das pessoas que eu mais amava na vida.

soulmate | GNOnde histórias criam vida. Descubra agora