soulmate | GN

aqueles olhos

Seus olhos...
Castanhos...
Profundos...
Que guardavam mil palavras não ditas àquela noite...

- Porra Alexandre! Presta atenção cara! Esse cliente é importante e precisamos mostrar pelo menos um projeto para ele até semana que vêm. - Rodrigo falava impaciente. Já estávamos naquela reunião há uma hora, não conseguíamos decidir nada porque não conseguia me concentrar. - O que aconteceu em?! Tá com a cabeça aonde?! - Perguntava insistentemente.

Tirei os óculos passando as mãos nos rostos para tentar recobrar os sentidos.

- Na verdade, eu também não sei o que está acontecendo! - Falei fechando a pasta com os documentos que estavam a minha frente, gesticulando com a mão. - Aquela mulher. Aquela mulher mexeu com alguma coisa dentro de mim.

- Que mulher Alexandre? A Karen? - Rodrigo dizia realmente confuso, já que nunca sabia de que mulher o amigo estava falando.

- Hahaha! Agora você pulou o corguinho bem bonito. Tá maluco? - Alexandre ria. - A mulher do encontro de quarta, a do "Caê". Lembra? Eu não consigo parar de pensar nela. - Disse um pouco mais baixo com medo de alguém escutar.

- Iiiiiih!!! Alexandre, que isso?! A transa foi tão boa assim? Ela te deu um chá bem dado em "Gostosão do Tinder"? - Rodrigo dizia de forma sacana.

Fiquei em silêncio por um minuto, pensando se contava ou não. Aquele imbecil ia falar sobre isso durante anos. Mas eu tinha grande estima por aquele retardado, compartilhávamos tudo desde a infância. Comecei pausadamente:

- Então...Aí é que tá... não teve transa, nem chá, nem café, nem nada. - Alexandre se balançava em sua cadeira sem olhar diretamente para o amigo.

- COMOOOOOOO É? Alexandre Nero, o "Gostosão do Tinder" broxou? Se eu estou vivo até hoje foi para ver isso. - Rodrigo ria da cara do amigo.
- CALABOCA SEU RETARDADO! O pessoal vai escutar! Idiota, eu sabia que tinha que ficar calado. - Disse enquanto colocava os cotovelos na mesa baixando a cabeça.

- E SAIU A NOTÍCIA QUE O MUNDO NÃO ACREDITOU: ALEXANDRE O GRANDE, É BROXA! - O amigo se dobrava na cadeira rindo. Alexandre o olhava com cara de poucos amigos. - Mas relaxa cara, isso acontece mesmo, é completamente normal. - Disse para confortar o amigo.

- Larga de ser tolo! Você por acaso viu a foto da mulher no meu telefone? Não tinha como broxar cara, foi uma coisa completamente diferente, eu não sei como explicar o que aconteceu. A conversa fluía bem, o jantar no Caê foi maravilhoso, nos sentíamos confortáveis, ela concordou em ir para o Motel, parecia qualquer garota que saía para um encontro marcado por aplicativos e tinha conhecimento de como a noite encerraria. Eu segui todas as etapas quando chegamos ao Motel, mas quando eu saí do banheiro, me deparei com uma cena totalmente diferente do que eu estava acostumado. Ela estava vestida, sentada na cama, parecia tensa, com medo. Sem falar em outras situações que me deixaram atônito. - Alexandre explicava. - Parecia estar sentindo culpa, constrangimento e o pior era o terror nos olhos dela. Então eu disse que podíamos ir embora.

- E desde então não para de pensar nela? Eu sei o que é isso amigão. - Rodrigo não levava o amigo a sério e ria com cada detalhe que ele contava.

- Eu também sei, é desejo. A única explicação para essa minha agonia é que a gente não foi até o final e é por isso que minha cabeça tá a mil. - Alexandre buscava uma explicação plausível para o seu descontrole emocional.

- Se você tá dizendo. - Rodrigo deu os ombros. - Agora eu acho que você deveria ir trabalhar para esquecer esse encontro maluco. Foca no trabalho e depois você marca um encontro com outra. Eu te conheço Alexandre, é só você sair com outra e esquece ela rapidinho. Agora foca aí vai que eu quero me livrar disso logo.