Right Here (14)

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Os últimos dias de folga terminaram.
Eles passaram rápidos e nesses dias Jimin e eu praticamos um pouco e ele sumiu várias vezes.
Foi difícil vê-lo em casa, embora nós não estejamos partilhando os detalhes de nossas vidas, é estranho dividir o apartamento com alguém que não tem toda essa afinidade, obviamente não por falta de interesse.
Ele segue pensando na minha confissão e não pretendo pressiona-lo, eu já esperei por uns meses, o que são mais alguns dias ou anos.
Não estou com pressa, principalmente pelo fato de que estamos bem conectados na vida um do outro.





Depois do jantar com os demais, Jieun passou em casa na manhã seguinte para buscar suas chaves antes de ir para o escritório.

Passei a noite toda tendo pesadelos e tentei não chamar atenção de Jimin quanto a isso.
Ele estava dormindo na sala, embora eu tenha cedido minha cama, ele não a quis, disse que dormiria no sofá como antes.

Foi uma noite conturbada.
Jimin logo que acordou se arrumou e foi rumo a sorveteria fazer uma entrevista de emprego, o que foi apenas um protocolo da empresa.
E ele ficou por lá.
Só o vi a noite, e durante minha estadia em casa, me senti totalmente imerso no piano.
Passei horas tocando, até Jimin chegar e eu perceber que não tinha nem tomado café.
Minha cabeça continua doendo, mas não continuamente, vem e vai.

Os dias que se seguiram foram parecidos, Jimin praticando na sorveteria, eu enfurnado em casa, embora Jieun tenha me convidado para fazer algumas atividades com ela e os meninos, e Minhyuk tenha tentando se fazer presente.

Fiquei algemado ao piano, aprofundando em cada tom, em cada nota, sucumbindo a música e me perdendo por completo.




- Yoongi?? - Jimin me desperta.
Encaro seu rosto e me sinto tonto, como se tivesse acabado de acordar.
Ele está com o uniforme da sorveteria e tem um pacote de papelão com o logo da loja em mãos.

Está me encarando e intercala seu olhar com o piano.
Faço o mesmo que ele e percebo algo que não notei.
Meus dedos estão muito vermelhos, machucados. Alguns tem pequenas bolhas.

- Você estava no escuro tocando piano... - ele comenta com a voz baixa.
- Suas mãos, você... - desvio meu olhar de seu rosto preocupado e encaro minhas mãos minuciosamente.
Estão terríveis.

Jimin senta ao meu lado no sofá, deixando o pacote que trouxe ao seu lado e retira o teclado da minha frente o deixando na mesinha.

- Você não pode ficar fazendo isso... o que está acontecendo? - pergunta segurando minhas mãos de leve. Ainda não sou capaz de olhar pra ele, eu não sei o que está acontecendo comigo.
- Se você não quiser dizer tudo...

- Eu não sei o que está acontecendo comigo... - murmuro, cortando sua fala e me deixo entrelaçar nossos dedos.
Ele não foge ou desfaz.
- Como estão seus pés?

- Você sempre faz essa pergunta... não vai me desviar do assunto. - ele fala e sorri por um breve segundo, continuo encarando o chão, mas não estou encarando especificamente, estou bem além, preso no vazio da minha mente.

- Eu não estou tentando desviar, estou apenas preocupado.

- Estão bem. Você comeu? - ele já sabe a resposta, por várias razões.
Estou de pijama, não tem cheiro de nada na casa e eu estava no escuro tocando piano.
Não respondo. Estou sentindo como se tivesse corrido uma maratona.

- Estou cansado.

- Dorme um pouco, eu faço o jantar, te acordo em duas horas, tudo bem? - assinto finalmente levantando o olhar para fitar seu rosto.

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