capítulo 33

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Noa.

Molly.

Branca.

Tantos nomes já haviam escondido a verdadeira identidade de uma princesa, tantas facetas. Mentiras, todas grandes mentiras. Começava com um pequeno comichão e depois branca se revirava sob a cama macia, seus olhos fixos no teto, as mãos trêmulas esperando por algo, ao menos era isso que imaginava.

Mas, não aconteceu.

A porta não se abriu, ninguém bateu nela pelas madrugadas, nem se quer um ruído se ouvia do outro quarto.

Era melhor assim.

Com certa preocupação branca caminhou pelo quarto, de sua janela podia ver a floresta escura, e ainda sentia algo a chamando o tempo todo. Quase como um rugido animal que a atraía e enfeitiçava seus sentidos. Sempre mantinha a porta fechada, as cortinas fechadas, e tentava dormir. Quando isso não dava certo, atravessava o corredor e conversava com o homem que a fazia tremer.
Ela não sabia ao certo quando aquele sentimento havia acontecido, mas gostava dele, gostava de saber que havia alguém próximo a si. Seus olhos se perderam no teto, podia contar as vigas de madeira, mas não fez, apenas se ergueu, abriu a porta e quando pensou em bater na madeira escura, exitou. Talvez estivesse dormindo, ou ocupado. De toda forma branca permaneceu ali parada observando a porta, quando a mesma se abriu e ela não teve outra reação , se não a de tentar sorrir.

- oh.. oi tristan. -

Ele estava vestido com roupas quentes, e parecia estar de saída. Seus olhos foram para os lados e com calma a puxou para dentro do quarto. - o que está fazendo? -

A garota observou seus livros. - bem, pensei que quisesse conversar. -

Ele suspirou - Branca eu não tenho tempo agora..- parecia cansado.

Ela assentiu - sim, claro... Eu... há... Vou indo. -

Ambos caminharam para fora do quarto, e depois alguns segundos branca percebeu que Tristan parecia nervoso. Sua mão segurou o pulso da mulher de pele alva e num sussurro a pressionou contra a parede. Seus olhos gentils a queimavam por completo, e ele sentiu seu cheiro. - senti sua falta...-

Não tendo outra escolha, Branca o abraçou e tentou dar uma chance aquilo. - onde vai? -

Ele se afastou. - outra noite prometo que contarei a você...- e assim Tristan saiu.

Branca o observou descer as escadas em silêncio e desaparecer nas sombras, ela olhou para a escada por um longo tempo, e quando decidiu voltar ao quarto percebeu que uma luz saía pela fresta do quarto de Sebastian, mas ignorou seus sentidos e entrou em seu quarto.

(...)

Na manhã seguinte, ela selava uma égua nova, que Julia gentilmente havia lhe emprestado, pretendia ir a aldeia com Deniel e Filipe, trocar as pedras preciosas e tentar se familiarizar com tudo. Afinal, sua vida toda havia sido detrás de grades sujas.
Tristan não havia voltado, e Sebastian parecia concentrado em qualquer coisa que não fosse a pequena mulher obstinada a sua frente.

Deniel o observou - está bem? -

Basth assentiu amolando sua faca - porque a pergunta? -

Havia algo ali, e Deniel não gostava daquilo. - nada...- deu de ombros - mas é que já amolou tanto essa faca que pensei que poderia ter ocorrido algo. -

Basth deu de ombros. - não ah nada errado. - se ergueu e caminhou rumo a baía.

- entendi.- Deniel correu a mão junto aos cabelos.

Depois de prontos os três saíram rumo a aldeia. Filipe era calado a maior parte do tempo, e só falava quando requisitado, Deniel não falava muito por hábito, e branca apenas refletia sobre tudo. Nos lados onde morava sempre podia ver com facilidade borboletas na espécie monarca, branca sempre as atraia por algum motivo.

- elas são sensitivas. - Filipe sorriu.

Branca o olhou enquanto duas ou três dançavam ao seu redor. - o que? -

Ele apontou - as borboletas, assim como as abelhas, elas reconhecem alguém que vem da realeza. Nunca se enganam quanto a isso. - Branca sorriu com o fato. - sabe, tem uma história antiga que fala bem sobre isso.. - Deniel parecia atento aos sons ao redor. - havia um jovem rei que gostava muito de desafios, e um dia ele falou que daria metade de todas as suas riquezas ao homem mais sábio que se apresentasse. Ele mandou cartas e mais cartas a reinos distantes, reinos onde ninguém sabia seu rosto, e com um tempo... Os sábios começaram a chegar. - a menina prestava atenção em cada palavra dita por Filipe, enquanto isso as borboletas a acompanhavam, sob sua cabeça ou pousadas em seus braços. - todos sempre se reuniam no salão central e o desafio era muito simples, quem se apresentasse ao rei ganharia o prêmio. - ele endireitou os óculos e sorriu - o homem que estava no trono, não era o rei... Mas, os homens sábios não sabia disso. - piscou para ela e Deniel sorriu levemente. - ele se disfarçou de plebeu e ficou entre a multidão. -

Branca mordeu os lábios ansiosa pelo fim - e então? O que houve?-

- Ah.. bem, todos os sábios, se reportavam ao homem no trono, e se frustravam ao descobrir que aquele não era o rei. - Branca olhou a pequena borboleta em seu dedo, as assas pequenas e delicadas. - mas, um dia... Quando ninguém esperava. Um homem simples surgiu, ele trazia consigo, borboletas monarcas, e as soltou em meio ao salão. Quando elas pousaram no homem em meio a multidão, ele se curvou e saudou o verdadeiro rei. -

A garota sorriu - incrível..-

Ele deu de ombros. - é uma princesa minha lady.- a reverenciou ainda sob o cavalo.

- Ah.. não não! Não faça isso Filipe..- acenou. - eu sou Branca, apenas. E às vezes vou ser o Noa, seu irmão. - brincou. - não deve reverência a mim... -

Ele assentiu . - entendo, mas por mais que tente se esconder..- apontou. - elas sempre irão dizer a verdade. -

Branca pensou seriamente sobre isso.

Mas não comentou nada.

(...)

Na aldeia, branca ou melhor dizendo, Noa, se encantava com tanta vivacidade. Haviam frutas, roupas, potes, comidas, jóias e inúmeras pessoas pelas ruas, onde quer que olhasse, encontraria pessoas. Havia ido lá durante a noite, onde poucas pessoas estava na rua, mas agora estava ali, em plena luz do dia. Tudo parecia incrível, até que um " pega o ladrão! " A atingiu em cheio e quando percebeu era atingida por um garoto sujo com uma maçã na boca.

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