capítulo 14

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Julia estava quieta, o dedo indicador passeava de um lado ao outro  no queixo como forma avaliativa. Deniel assim como o resto dos irmãos, estava quieto com os olhos fixos em algo trivial, tentavam ligar os pontos, tentar achar uma solução que os ajudasse a manter a garota, agora chamada de molly, viva e forte para uma possível guerra.
Ela estava sendo atendida por Filipe, que analisava suas mãos inchadas e muito machucadas.

- vão ficar nesse silêncio todo? - ela resmungou.

Júlia suspirou - não, é impossível... não dá pra tirar ela daqui sem expor ao menos três de vocês. - lançou as mãos sem animo ao pescoço. - não acredito que seja nossa rainha...

Molly piscou - eu não sou. - Filipe olhou rapidamente para Deniel e voltou a enfaixar as mãos pequenas. - eu sou eu, e isso basta.

Carlos respirou alto - mas e se ravena cair? - ergueu as sobrancelhas. - hum.. quem sobe ao trono? Freya? A irmã louca e doente dela? - eles se olharam - não seja burra garota... no dia que aquela coisa sair do trono.. é melhor você esquenta-lo rápido com seu traseiro pequeno.. ou então pode esquecer... - se afogou no acento. - vai ter guerra.

- do que está falando? - Tristan a olhava assustado. - não podem fazer guerra só porque não há rei.

Sebastian suspirou retirando o talo de folha de sua boca - eles podem, e vão. - branca se mantinha quieta - aqui é o reino do Norte Tristan, e ele é grande demais pra ser independente... tropas não podem dominá-lo sozinhas. E você não vai perder a oportunidade de desem banhar uma espada antes de morrer... alguém precisa sentar no trono.

- prontinho. - Filipe sorriu. - mãos limpas.

- obrigado. - molly olhou para os homens - não fui criada para um trono... e nem quero um..

- por isso é  a mais indicada. Porque não espera nada e nem deseja o poder... - sebastian concluiu.

Molly riu alto - ESTÃO LOUCOS! TODOS VOCÊS....  - ela se virou e segundos depois foi possível ouvir a porta se batendo com força.

Júlia suspirou - a mantenha perto... - Deniel assentiu. - bem, eu preciso voltar... rapazes sejam pacientes. - um temor subiu em Julia, ela nem mesmo acreditava em suas palavras - se uma guerra estourar.. - engoliu em seco. - vamos precisar mais do que uma linhagem para provar a legitimidade daquela garota.

Em seu canto Charles franzia as sobrancelhas. - que Deus escute nossas preces então, Julia. - Tristan voltou seus olhos para o pequeno colar que pendia no pescoço de Charles. A muito tempo atrás, loureine a esposa de Charles, uma alma gentil, o havia ensinado o verdadeiro significado de amar e ser gentil. O cordão em seus pescoço era uma aliança, uma promessa. E Tristan podia ver os nós brancos de seus dedos envolta do mesmo, talvez Charles pensa-se que morrer em uma batalha o faria voltar para sua loureine.

- não se preocupe. - Sebastian falou. - eu vou cuidar de mantê-la segura de tudo isso por um tempo. - ele transpareceu indiferença. - eu ainda tenho minha casa do lago.

Todos os olharam assustados.

Afinal, ele não havia entrado na casa desde.. bem, já fazia muito tempo. - posso deixar ela lá por uns dias... - suspirou - até tudo se acalmar. 

Júlia o olhou surpresa - Deniel? - o irmão mais velho o observou.

- vamos pensar em algo. - sorriu de forma afável.  - não se preocupe. Iremos proteger a garota. - Julia assentiu.

Ela acenou e se dirigiu ao seu cavalo, furioso seu nome, e minutos depois partiu. 

Minha rainha! Ela pensou sob o animal, quase não podia acreditar. Os galopes do animal a deixavam mais alerta do que nunca, afinal, estava sendo vigiada. 
E por mais que estivesse em uma época próxima ao inverno, no caminho de volta ela havia notado corujas pálidas como neve em alguns galhos de árvore. Sua chegada com os homens havia sido demorada, pois todos fingiram um ótimo ânimo perante o espião no caminho.

Júlia percorreu a distância em seu corcel em pouco tempo, e logo estava de volta à aldeia. Na entrada da taverna, viu a velha marca do rei, do legítimo rei. Ela já estava velha e desbotada, seu brasão, as duas rosas vermelhas sob um floco de neve quase não podia se decifrar diante do tempo. Júlia se demorou um pouco olhando o brasão em uma parede, um pequeno sorriso curvou seus lábios, e com cautela beijou o dedo anelar e curvou levemente a cabeça. Coisa que o rei do passado fazia, e ela ficou surpresa por lembrar do fato.

O beijo no dedo anelar representava um casamento, a união entre o povo e a coroa. E o leve curvar de cabeça, simbolizava a gentileza que ambos sempre se obrigavam a ter com todos os suditos, se não um leve tocar da mão no peito sob o coração. Para os mais crescidos, representava a força e o compromisso de que dariam seu coração ao reino se fosse o caso.

Júlia demorou um pouco para atravessar até a ponte que coligava até sua casa. Ela fechou a porteira e soltou Furioso afim de deixá-lo descansar do dia agitado. 
Ela pos o pé em sua porta e parou, um frio percorreu sua coluna. Júlia  curvou-se até tocar o chão a sua frente, e pouco depois ergueu-se, olhou levemente para trás e assegurou-se que Furioso estava a salvo.

Seu corpo tremia. Por mais que molly tentasse, seu corpo tremia, não.. nãoEla se negava, jamais poderia assumir uma rebelião e nem uma guerra, quem dirá um trono, um reino!
Não, definitivamente.

Seus braços envoltos aos joelhos, a faziam balançar para frente e para trás afim de se acalmar. Uma guerra eles falaram, pavor tomava seu corpo. 

Haviam vozes, não.  Havia uma voz, e ela a chamava constantemente... molly olhou para a janela, não haviam vaga-lumes.  Só escuridão. 

Seus dedos tocaram acidentalmente os lábios e uma fina pontada de dor atingiu seu consciente, ela desceu os dedos pelo lábio e seu rosto ardeu logo em seguida. Sebastian havia beijado sua boca. Não, ela o havia beijado primeiro. Mas, porque? Porque o beijou? Talvez por impulso, foi o que imaginou, talvez por falta de senso. 


Então ela se via lá, outra vez, revivendo o momento com sebastian. Os detalhes do seu rosto, a forma como seu corpo se movia afim de protegê-la. Molly fechou os olhos, uma lágrima quente desceu por seu rosto, ela voltou a abri-los e descobriu estar tudo igual. Ela deitou olhando a parede, seus dedos machucados estavam doloridos, ela não se importava.

até que peculiarmente algo pequeno a chamou a atenção, e com a ponta do dedo tocou aquele pequeno ponto que brilhava. descobriu que o mesmo continha um certo relevo em relação a parede feita de cimento e pedras cinzentas.  e com um pouco mais de afinco descobriu ser uma pequena pedra brilhosa, ela se ergueu e com o auxilio de uma faca retirou o rejunte ao redor e descobriu ser uma pequena aliança, estava arranhada e velha, mas deixava de ser um anel. 

o limpou e observou o mesmo pela noite que se seguiu admirando-o e até mesmo imaginando, quem em sua sã consciência colocaria um anel tão lindo entre os rejuntes da parede. olhou ao redor, afinal, há quem pertencia aquele quarto?

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