Capítulo 15

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Ela caminhava de um lado para o outro, não havia motivos para ter tanto temor de um homem como sebastian. Mas, ainda sim, branca tinha. O barulho dos cascos do cavalo usado pelos 6 irmãos finalmente soava em seus ouvidos, e com eles os tremores em sua mão. A discussão não havia sido nada promissora naquela manhã, e branca tinha quase certeza de que um dia cheio e cansativo não o faria refletir sobre o incidente.

As vozes aos poucos deixaram de ser embaralhadas para tornarem-se distintas. Ela respirou e desceu as escadas, as manchas de terra vermelha sujavam o tapete recém limpo, mas ela havia notado dois pares sujos ao lado da porta. As mudanças, pensou branca , vem com o tempo.

- esse cheiro está ótimo! - Tristan sentia o arroma da panela no fogo. - o que aprontou para essa noite molly ? - um estalo seco seguido por um protesto de dor chamou a atenção da garota.

- o nome dela é branca! Idiota! - Carlos olhava seu irmão mais novo de forma irritada.

- eu pedi. - a garota sorria - pedi para que me chamassem de molly, Tristan não tem culpa. - seus olhos escuros percorreram a mesa já posta. Faltavam dois dos irmãos na casa.

- se está procurando Deniel e o basth - Carlos apontou. - eles foram juntos a cidade antes de voltamos para casa.

- acho que só irão voltar tarde - Felipe analisava o talher em sua mão com pouco animo. Talvez por estar limpa a ponto de se ver a real cor prata e não a cor sombreada como antes. - eu voto por comer agora. - a garota desviou os olhos dos quatro irmãos entretidos na comida para a porta, que mostrava ao longe da estrada pequenas luzes que surgiam e sumiam na mesma proporção.

Talvez não tivesse sido muito prudente ter tocado em tal assunto com sebastian, mas ela simplesmente não podia evitar. Pois se havia uma aliança pequena com um cristal rosa enfiado dentro de sua parede, nada mais justo do que perguntar a quem pertencia. Ela só não imaginava que o homem sério de olhos verdes um dia havia tido uma noiva.

- não devia se preocupar com eles criança. - Charles sempre muito quieto a tirava do transe após o jantar, enquanto sentados a beira do fogo.

Tristan piscou - é, logo eles voltam... não tem mistério nisso. - branca sorriu e ele voltou a aquecer as mãos junto ao fogo.

A garota respirou fundo - quem era ela? - todos os olhos se voltaram para a pequena mulher se olhos negros e lábios vermelhos.

Um episódio de silêncio se fez ao redor da fogueira. Cada um ponderava se devia ou não falar sobre o assunto, coisa que não era dita em voz alta a muito tempo. - ela...- Tristan tinhas os olhos fixos ao fogo. - ela era uma alma gentil, molly.

Felipe ergueu o cachimbo em concordância.- fazia nosso irmão feliz.. mais do que podemos imaginar.

- o que houve? - sua pergunta foi quase um sopro.

Ambos se olharam, por fim Charles falou - nós a tínhamos como uma irmã caçula, mamãe a adorava. Faziam tortas de maçã todas as semanas...- branca sorriu. - basth só se declarou quando tínhamos 18 anos. Eles ficaram noivos.. mas..- seu sorriso falhou. - houve um torneio, não muito longe daqui.. nas terras do rei Minas. - branca houvia atenta. - o fato é que..

- sobre o que estão falando? - a voz de Deniel explodia em bom humor. Branca corou ao ver sorrir - senhores, senhorita.

- nada em especial, como foi na cidade?

Um arrepio percorreu a nuca da garota, havia uma voz, sim era uma voz doce a chamando. A passos lentos branca seguiu as luzes que acendiam e voltavam a apagar no caminho escuro, só se dando conta que estava caminhando rumo a floresta, quando uma mão segurou seu ombro. - onde vai?

Ela piscou olhando para a escuridão a sua frente e depois para os homens logo atrás, todos em silêncio a observando. - eu...- outra vez o arrepio e seus olhos se focaram no breu que se mantinha nas árvores. - eu não sei...

Sebastian assentiu e a guiou de volta à roda na fogueira. - está tudo bem molly? Ela assentiu.

- você saiu andando do nada. - Felipe comentou distraído.

Branca sorriu, ela não sabia ao certo o que havia acontecido, mas ela jamais iria dar ouvidos aquele chamado outra vez.

Mais tarde naquela noite, algumas batidas foram desferidas na porta da garota. Depois de alguns segundos a mesma se abriu lentamente, ela se levantou e encarou o homem no qual sua cabeça batia em seu peito. - sim?

Basth retorcia as mãos, seus olhos apesar de fixos na garota, vez ou outra oscilavam para alguma outra parte do rosto que não os olhos. Branca vestia uma roupa leve, um dos muitos vestidos que Julia havia lhe presenteado. ela não estava acostumada àquelas visitas em seu quarto, principalmente vindas de sebastian. - eu... adorei o jantar que fez. - o homem torcia as mãos.

- eu coloquei um pouco daquela pimenta que Charles plantou. - sorriu levemente.

Os olhos de sebastian se tornaram mais suaves ao concordar, mas assim como as mãos que se torciam uma na outra, seus lábios se tornaram uma linha fina.

- está... tudo bem? - ela se aproximou de vagar.

Ele negou. - eu... - branca franziu o nariz de forma peculiar chamado sua atenção outra vez. E de forma mais inconsciente ainda, suas mãos grosseiras e quentes, se encontravam quase tocando o rosto da pequena criatura pálida a sua frente. Que sem se dar conta fechava os olhos em um suspiro, Basth ofegou sem desviar os olhos uma única vez.

E então retraiu a mão e da mesma forma que entrou no recinto, saiu. Branca abriu os olhos confusa com sua atitude, e voltou ao lugar em que estava, ainda fixa ao caminho escuro da floresta que vez ou outra a fazia lembrar do grande espaço vazio que havia dentro de si.

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