capítulo 13

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Havia sangue.

Terra também. 

Mas principalmente gritos e sangue... e terra.

E antes que percebesse, as mãos antes secas estavam segundo firmemente as cordas ásperas que prendiam Matrona na Baía. O vento ainda soprava forte e os céus ameaçavam uma chuva, a linda égua levantava as patas da frente quase a dois metros do chão.  Branca via medo nos olhos escuros de Matrona, e no fundo estava com medo também.  As gotas de sangue lavavam a corda áspera, ela podia sentir os pequenos fíapos penetrando a carne exposta das mãos, causando uma agonia terrível.  Mas ela continuava a segurar o animal, seus olhos procuravam sebastian, e apenas ouvia os gritos do homem.

Acerca que prendia alguns dos animais havia caído com o sopro do vento, e o barulho de chuva os havia assustado. Branca segurava a égua, e sebastian prendia outra vez os porcos e galinhas em seu cercado.

- calma garota... calma..

Um.. dois.. três solavancos, branca prendeu o fôlego.  Lágrimas quentes desciam por seu rosto já corado de tanta força que fazia para manter o animal dentro da Baía, o impedindo de correr pelo campo. Em um último esforço ela tocou no focinho de Matrona,  e o mesmo pareceu acalmá-lo. Boa menina. Pensou consigo.

Sebastian correu ao seu encontro e tentou não assustar nenhuma das duas criaturas dentro do cercado. A garota tinha as mãos lavadas de sangue, e acariciava o focinho do cavalo com cuidado, ela o olhou, sebastian notava o sangue em suas mãos - ela está bem, o sangue é meu.

Depois de entrar dentro da casa o vento transmitindo uma futura chuva, processeguiu em sua fúria, mas, dessa vez sem perturbar os animais. Branca ofegou, as lágrimas ainda dançavam em seus olhos - deixe-me ver. - aproximou-se.

As mãos quentes e sujas de terra fundiram-se ao sangue vermelho da garota. - está...

- doendo, eu sei. - ele se afastou e voltou com uma caixa de remédios. - vou precisar limpar isso.. e talvez vá doer. - ela assentiu. - muito bem...

Sebastian segurou na cintura de branca, e a colocou sob a mesa, a garota apenas o observava quieta. E mesmo quando aquele líquido amarelado queimava as suas mãos, ou quando ele arrancava os pequenos fíapos da corda dos cortes, ela apenas o olhava. Estando tão próxima a sebastian, branca percebia pequenas imperfeições em sua pele. E até mesmo um sinal no canto da boca, coisa que nunca havia visto antes. Basth, como era chamado, sabia que a garota o olhava. Mas, preferia não perturbar esse momento de silêncio.

- você é bonito...

Suas mãos antes ágeis, pararam. Ele ergueu o rosto ficando a poucos centímetros do rosto pálido e jovem da garota a sua frente. Ela parecia não ter notado o que havia dito, ou já teria corado como uma pimentão. Havia uma mancha de sangue em seu nariz, ele ergueu a mão e o tocou levemente - tem sangue aqui...- ela respirou contra seu dedo chocando o calor em seu dedo frio.

Ela corou desviando os olhos, e ele voltou a limpar suas mãos. 

No fim, ele apenas a desceu e ambos ficaram em silêncio olhando um para o outro. Basth sentia falta do longo cabelo dela, e ele só percebeu isso, quando desejou agarra-los em sua mão.

- obrigado. - as mãos da moça pálida estavam enroladas em ataduras brancas. De modo que, se voltassem a sangrar, ele veria de longe. - somos dois desastrados...- riu levemente tocando com cuidado a mão grande e calejada do homem a sua frente. Havia um corte nela de fato, mas já estava praticamente curado.

Ela o olhou sob a luz baixa do fogo que queimava dentro do fogão de ferro. O céu pesado em chuva e trovões, anunciava que não seria generoso com ninguém no dia em questão. Basth retirou a mão do alcance da criança a sua frente, as pós no bolso e o olhar suave que havia tomado seu rosto voltou a ser frio. - você é desastrada. - virou-se em saída. - e nunca mais me toque outra vez.

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