Capítulo 2

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ela ainda se encolhia enquanto caminhava pelos caminhos na floresta, a noite estava caindo, e o vento frio  tocava sua pele pálida e suja, vez ou outra olhava para o caminho que já havia percorrido, e a cada passo atinha a plena certeza de que seu lar... ou aquilo que costumava chamar de lar, estava cada vez mais distante.

uma lagrima estranha e sorrateira percorria seu rosto sujo de terra úmida que havia adquirido da floresta enquanto corria. branca suspirou, e tentou se manter o mais firme o possível.

- eh... oi! - o dos irmãos se aproximou. - sou o carlos... mas os caras me chamam de soneca... - branca o olhou surpresa. e como se ele lesse seus pensamentos explicou - eh... eu gosto de dormir... daí o apelido idiota. - deu de ombros.

ela não sabia se sorria ou se simplesmente permanecia em silencio - oi... - suspirou.

seus olhos baixaram pesados.

- carlos! oque eu disse sobre ficar de cuxixos com a garota porra! - o irmão mais velho, e de cara irritada o tempo todo rosnou.

-qual seu problema bastardo...

- fica longe da garota oh... soninho! - branca se encolheu quieta.

carlos se afastou - vão se ferrar idiotas!, só tentei ser gentil...

-ta.. agente acredita.

todos a olhavam como se ela fosse um pedaço de presa, e de fato agora ela era. um presa fácil e ingenua prestes a ser atacada por 5  lobos gigantes e desconhecidos. 

[...]

- bem vinda a porcalandia... - a porta se abriu e o cheiro forte de cerveja e comida estragada a estapeou a face. - sinta-se a vontade, mas não vomite...

ela olhou ao redor - meu Deus...

haviam roupas sujas e meias que outrora eram brancas dentro de panela na pia, no chão haviam papeis roupas lama e sapatos amontoados no canto da parede. a sala podia ser confundida facilmente com uma lixeira, o ar abafado e úmido deixava tudo em um estado de podridão. branca sentiu as mãos suarem com tamanha bagunça e sujeira. 

ela caminhou pela casa tentando imaginar a quanto tempo aquilo tudo não era limpo. as manchas de óleo nas paredes da pequena cozinha juntamente com o morfo e os vermes quase a fizeram vomitar. no fundo ela era observada e alguns ainda faziam apostas sobre quanto tempo e a iria demorar para sair gritando ou simplesmente desmaiar. branca fechou os olhos e fingidamente abriu um sorriso. 

- onde vou ficar

todos riram.

-Isso e alguma piada pra vocês...- ela perguntou seria.

-venha comigo alteza vou leva-la a seus aposentos reais. - todos ainda riam da menina.

branca subiu as escadas empoeiradas e sujas de lama, a situação do comodo de cima era ainda pior, teias de aranhas e insetos estavam em todos os lugares,  em uma das portas haviam quartos com camas e roupas jogadas por todos os lugares, por um segundo pensou que seria ali aonde iria dormir. mas ainda em silencio segui  o irmão mais velho de cabelos escuros e pele queimada, o mesmo que se responsabilizou pela garota , indicava a porta no fim do corredor, afim de que ela mesma a abri-se. 

e assim o fez.

o lugar escuro, foi iluminado por um vela que existia na parede esquerda sentido a saída, branca olhou a cama empoeirada havia ao lado uma pequena comoda e uma mesinha com uma maquina de costura. ela tocava tudo com muito cuidado, sentia grata a os céus por estar ali. 

- você vai ter de limpar - ele apontou - não e como no palácio onde você vivia... mais vai servir.

ela observou a cama com cuidado -não... não é, -  tocou a cama levemente - eu nunca tive isso...

ele riu - oque... um quarto - seu tom de deboche o fazia notoriamente cruel.

branca não se importou - não... - olhou novamente o homem - uma cama...

um silencio mortal os cobriu, ela não sabia oque dizer, e ele a olhava sem emoção alguma. branca sabia oque havia passado nas mãos de ravena, muitos a tinham como uma princesa forte e mimada, mas a verdade ela sabia. 

e somente ela e os ratos da cozinha e masmorra conheciam. 

vez ou outra a madrasta lhe chamava em sua presença, talvez na esperança de saber se sua beleza e juventude ainda existiam, e só fim era sempre o mesmo... acoites e feridas a serem curadas em suas costas e pernas. mas o rosto não, o rosto era mantido intacto. apenas para lembra-la de que quanto mais tempo ela estivesse viva e aflorando, mais seria a beleza da rainha ao se banhar com seu sangue.

branca sorriu tentando afastar as lembranças  - obrigado, eu adorei o quarto. - se curvou em forma de agradecimento.

ele assentiu e a deixou com um olhar confuso e surpreso. sebastian não era um homem ruim, e sua raiva não era sem fundamentos, ele também tinha um estoria...

ele também sabia o que era sofrer... e foi nesse momento em que ele percebeu que, tanto ele como a garota tinham muito incomum.

mas isso não era desculpa para aliviar a barra da bonequinha quebrada no quarto ao lado, se ela quisesse sobreviver teria que lutar sozinha. 

esse era seu lema, essa era sua vida. 

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