Capítulo 6

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Branca subiu as escadas de forma nada discreta, deixando todos na mesa assustado com sua ação.

Sebastian continuou olhando para as escadas por um curto período de tempo, Carlos questionou - mais que merda foi essa? - todos estavam apreensivos.

do seu quarto mau iluminado e pouco confortável, branca ouvia tudo. ela sentia aquela estranha agonia se formar em seu peito, as marcas em seu pulso mostravam um passado sombrio e distante que a muito não pensava.

ela já havia se perdoado por aquilo, ela já havia superado aquilo. e isso era oque importava.

sebastian continuava olhando as escadas. charles resmungava algo enquanto limpava a mesa suja de sopa. alguns salpicos lhe queimaram a pele suja e suada.

- oque houve? - carlos questionou.

basth voltou a comer - nada...

depois do jantar, branca ainda não havia descido para comer e nem para lavar os pratos, todos estavam ocupados do lado de fora fumando e bebendo um pouco de vinho do porto. basth estava inquieto, ele bebia e lembrava das marcas profundas em seus pulsos, pensava fielmente que aquelas marcas não eram apenas sinais de maus tratos.

Não, ela eram propositais. E isso o surpreenderá muito, principalmente em um corpo de uma mulher... criança. Ele correu os dedos pelos cabelos, Charles o observava. - acho melhor irmos dormir. - descruzou os braços dando um tapa no joelho. - devemos ir ao reino, amanhã bem cedo. - Carlos assentiu.

- é, a noite não está muito boa mesmo. - sorriu - talvez amanhã tenhamos estória para contar - os irmãos riram de forma conspiratória. - soube que chegou uma garota nova na taverna cavaleiro de prata. - piscou, com as mãos presas a um cachimbo artesanal - Bessie.

Sebastian não dava a tenção as conversas impróprias dos irmão, seu foco estava em uma janela aberta e escura logo acima de suas cabeças. - havena irá matá-la - soprou. - temos que protegê-la. - chutou uma pedra qualquer para dentro do fogo. Ninguém ouviu de fato suas palavras, e ele não ligava, não ligava para nada. - ou podemos apenas deixar que cada um sofra o que deve sofrer... - conversava consigo. - não que já tenha sofrido o bastante... ou que mereça sofrer um pouco mais. - coçou o rosto cansado.

Deniel o observou - basth... - o tocou - está bem? - o homem irritado assentiu.

- ele está pensando na garota! - Charles riu. Todos se olharam maliciosamente.

Daniel negou com a cabeça - não digam bobagens! - se ergueu e seu irmão irritado cerrou os pulsos.

Tristan comentou - não seja bobo, basth não só pensa em sua Lúcia. - piscou - não é?

O homem se ergueu e caminhou para a floresta escura, ao longe ouvia os gritos de deniel, que defendia seu irmão. Sebastian caminhou por um longo tempo, e só descansou quando se viu de frente a seu túmulo no meio da floresta, ele se ajoelhou e tocou em algumas flores que cresciam ao redor. Lúcia era apenas um sonho bonito, que não iria voltar.

Mas isso já fazia muito tempo.

...

Na manhã seguinte enquanto todos se preparavam para sair, branca ouvia atenta atrás da porta trancada de seu quarto. E só saiu quando não ouviu mais barulho algum, se sentia segura assim.

Desceu as escadas e roubou um pedaço de pão na cozinha. Logo iria ter que voltar a limpeza, os homens voltariam da aldeia para o jantar. Branca respirou fundo, iria ser mais dedicada. E quem sabe, poderia encontrar ali, uma... um bom convívio talvez? Correu os dedos pelos cabelos, notou os fios longos e escuros que lhe caiam abaixo do ventre. Branca escorregou os dentes suavemente pelo lábio inferior e voltou a encarar a floresta lá fora.

Depois de comer, prendeu o avental na cintura e voltou a limpeza. Havia tanto lixo e sujeira feita por homens que vez ou outra pensava seriamente se ali moravam humanos ou animais. - com toda a certeza animais nao fariam tanta bagunça...- suspirou passando a mão no brilho de suor na testa.
Depois de terminar de organizar os quartos - que havia lhe tirado a manhã toda - ela desceu para o andar de baixo, precisava bater alguns tapetes, ao passar pela cozinha sentiu algo atrás de si. Olhou por cima do ombro mas não havia nada e nem ninguém. Ela tivera essa mesma sensação algumas vezes no dia anterior, talvez fosse impressão sua, foi o que pensou.
Depois de bater os tapetes, era definitivo, aqueles homens eram porcos. - Deus! Como pode haver tanta sujeira?! - grunhiu.

- com licença? - branca ergueu-se olhado por cima da tapeçaria. - oi? - a voz voltou.

Era uma moça com cabelos cor de mel, tinha as bochechas coradas e uma doce voz. - oi... - a fitou se jeito.

Ela sorriu - sou Isabel. - se curvou. - deniel me mandou aqui. - tinha uma bolsa nas mãos.
Branca saiu de trás do tapete, a moça aparentava ser um pouco mais velha. Ela notou que a garota a sua frente estava nervosa e pronta para fugir. - não fique com medo! - ergueu as mãos - juro que não farei mau algum. - sorriu amavelmente - sou amiga dos garotos. E estou aqui para trazer alguns presentes... - ergueu a bolsa.

Branca tremeu - os últimos que tentaram me ajudar puseram uma faca em minha garganta. - a olhou desconfiada.

A moça piscou e riu - está falando do merdinha do Carlos? - ela balançava os ombros enquanto ria. - ele fez isso com todos... eu nunca vou entender aquela fixação pela loureine. - revirou os olhos.

A olhou um pouco confusa e assustada. A garota parecia ser mais velha um pouco que branca, e seu rosto passava certa confiança. Ela sorriu - pobrezinha... imagino que tenha passado por muita coisa.- seu olhar amável a fez corar - havena um dia irá ter oque merece.- deixou a bolsa em seus pés.- eu vou deixar aqui, e vou embora... espero que goste, e talvez na próxima nos sejamos mais amigáveis uma com a outra. - se curvou - alteza.

Ninguém nunca havia se curvado a ela antes, se sentia estranha. Branca viu seus cabelos sumirem por entre os galhos, a bolsa estava a sua frente. A encarou por um tempo, mas a pegou. Dentro haviam roupas e acessórios que uma mulher usaria, coisas tão simples mas que a fizeram chorar. - obrigado...- ergueu os olhos.

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