capítulo 12

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Em seu quarto, branca olhava os cortes uniformes em suas mãos. Não conseguia ouvir um único ruído na casa toda, já que as batidas de seu coração pulsavam a todo o vapor em seus ouvidos.

Ela não conseguia entender o porquê de toda aquela fixação por um canivete. Mas, era sua culpa. Charles a havia avisado que se ousasse o incomodar outra vez, ele não exitaria. E foi exatamente isso que havia ocorrido, um pequeno deslize e tanto ela como Tristan haviam pago.

A menina suspirou ainda olhando os cortes em ambas as mãos. Não havia sido profundo, mas levaria um tempo para tocar em algo outra vez, e isso era algo ruim.

No andar de baixo Deniel continuava a falar com julia, a moça conseguia arrancar um sorriso dos lábios do homem com certa facilidade.
E mesmo ouvindo cada palavra que ela proferia, o irmão mais velho continuava focado em descobrir o porque seus irmãos estavam se matando e o que a jovem pálida escondida no quarto de cima tinha haver com tudo. Deniel olhou o cervo, droga... pensou, o cervo vai ter que esperar.

- então eu queria saber se vai me acompanhar? - julia sorria deixando o mundo de Deniel parado outra vez.

O homem assentiu, mesmo não tendo idéia do que dizia.

Depois que Julia se retirou, Carlos sentou em seu lugar.

O homem não tinha uma expressão muito acalentadora, mas ninguém nunca o vira sorrir de verdade. Ele olhou o cervo e voltou a contemplar o irmão, pronto para a conversa que ambos sabiam que havia de ter. - então...

Ele começou.

- ela não contou o motivo. - deniel correu as mãos pelo cabelos. - e.. acho que não vai contar.

Carlos assentiu pensativo - garota esperta. - por fim, deu de ombros olhando a poeira em seus sapatos de couro gasto. - só não tão esperta ao ponto de segurar aquele maldito canivete com as duas mãos...- deniel não se manifestou. Ele sabia que Carlos iria contar o resto da história, mas no seu tempo. O homem de cabelos lisos e pouco a baixo do queixo, tinha um ar selvagem, e com um tempo, assim como deniel previu, ele contou. - eu estava ensinando ela a bater, já que ele bate como uma mulherzinha. - riu. - Tristan como sempre, babando como um cachorro por ela, decidiu mostrar como um homem bate de verdade. - deniel pressionou o polegar e o indicador na ponte do nariz já prevendo o resto. - o idiota só não previu que charles não estava para brincadeiras hoje... Charles se irritou e nos deu o ar da graça do seu canivete... o resto, você já imaginou. Ele levantou o punho e ela segurou a lâmina com as mãos... - coçou a barba entediado. - garoto burro.

- sebastian, onde ele estava? - o irmão mais velho parecia irritado com tudo.

Carlos levantou dando de ombros. - não sei, ele não liga muito para o que acontece com a garota.

Deniel assentiu ainda quieto. O peso em suas costas era enorme, e saber que o segundo mais velho não dava a mínima para isso o deixava mais irritado. Mais que porra!

Aos poucos a luz da lua aparecia, deixando tudo mais frio fora da casa. Branca, agora limpa descia as escadas pouco a vontade com a situação que havia se metido. Mas se surpreendeu ao ver uma mesa posta e a bacia de água para as mãos, tingidas com a sujeira. O cheiro era... bem. - o que...

- o cheiro é de cervo. - Filipe sorriu. - você estava com as mãos machucadas, então... - voltou a cortar algumas cenouras.

Ela assentiu olhando tudo. - obrigado. - suspirou.

- nem todos são seus inimigos aqui branca. - ele resmungou. - nós, só... passamos tempo demais sem uma mulher nas nossas vidas, cuidando de nós. - o som da faca cortando as cenouras enchia a cozinha. E vez ou outra branca via um vislumbre de fagulhas amareladas vindo do lado de fora, sua atenção se voltou para isso. - vá. - ela piscou se aproximando. - essa noite deniel vai preparar o cervo...

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