De repente mãe • Simone & Soraya

I. De volta para casa.

Eu pensei que pararia de escrever após o final de Summer Love, mas já estou me metendo em outra história sem nem ter finalizado ela. Queria dizer que farei de tudo para atualizar toda semana, mas tenham paciência comigo. A fanfic se passará no presente mas teremos alguns flashbacks da época do relacionamento delas e da separação, apenas para complementar toda a história. E, antes que perguntem, principalmente quem não leu a minha primeira fic, a personagem Lilian é da minha autoria já que preciso de um ciclo de amizade diferente para as duas. Eu realmente espero que vocês gostem :)

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Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2001.

Soraya encarava o teste de gravidez sob a pia do banheiro, o resultado não lhe surpreendia mais, era o terceiro negativo desde que decidiram ser o momento certo para engravidarem. Um suspiro trêmulo escapou por seus lábios, se sentia frustrada e, mesmo que negasse, a sensação de ser incapaz de realizar seu sonho e de Simone a sufocava. Jogou o teste no lixo e se recostou na parede, respirando fundo algumas vezes para tentar evitar que as lágrimas rolassem por seu rosto. Fungou baixo e deixou que seu corpo caísse lentamente até que estivesse sentada no chão frio, o silêncio ensurdecedor na casa lhe causava um aperto ainda maior.

Escondeu seu rosto entre suas pernas, deixando que os pensamentos tomassem conta de sua mente, a tirando da sua realidade. Não ouviu quando o salto alto passou a ecoar pelo corredor e se aproximar a cada segundo, só percebeu não estar sozinha ao sentir o perfume floral tomar conta do banheiro, a fazendo erguer os olhos lentamente. Simone parecia tentar entender o que havia acontecendo mas, em uma fração de segundos, se ajoelhou na frente da loira e a envolveu em seus braços carinhosamente. Não precisava perguntar para saber que tinham mais um negativo como resposta, mas jamais deixariam de tentar até terem uma criança correndo por aquela casa e trazendo vida para onde faltava.

— Está tudo bem, meu amor — sussurrou, deitando a cabeça da loira na volta de seu pescoço. Acarinhou suas costas com leveza, como se ela pudesse quebrar a qualquer momento — Só não foi dessa vez.

— Igual as outras duas, Simone? — agarrou seu terno como se aquilo pudesse trazer um pouco de conforto para si.

— Nosso filho vai vir no momento certo, querida. Só não pode se culpar por isso porque não cabe a você e nem a mim — se sentou na sua frente, havia passado sua reunião inteira preocupada com a mulher, até se perdia em seus próprios pensamentos e falas, confundindo todos ao seu redor.

— Talvez seu pai esteja certo, talvez seja melhor desistir disso, Sisa...

— Não devemos levar em conta o que meu pai fala ou não, mas se for o caso de você não desejar mais ser mãe, eu irei te entender.

Ela ponderou, não conseguia deixar de imaginar tendo um filho com a morena, fazia tantos planos em sua mente de lugares que visitariam e memórias que teriam com seu bebê, não podia abrir mão disso agora.

— Meu maior sonho é termos um filho...

— Então nós vamos passar por isso juntas e, quando for o momento, podemos tentar mais uma vez — depositou um beijo em sua testa, sorrindo suavemente para a mulher — Você comeu? — Soraya negou com a cabeça, sentindo seu coração ser preenchido por um sentimento calmo ao fitar as íris castanhas — Então venha, vamos preparar algo — se levantou, estendendo a mão para ajudá-la a fazer o mesmo.

— Pensei que seu pai precisava de você hoje.

— O avisarei que não irei, não existe outro lugar que eu queira estar a não ser aqui, querida — a abraçou de lado, caminhando para fora do banheiro, Soraya abraçou sua cintura com um braço e deitou a cabeça em seu ombro, não ousando se afastar em nenhum momento. Precisava daquele contato como se sua vida dependesse daquilo.