XXX. O que era destinado a ser deles.

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Para minha bella,
meu mar de estrelas, minha musa e meu sonho mais
genuíno.

Eu amo você.


18 de Outubro de 2028.


Lilian estranhou o sumiço repentino das duas garotas e como Soraya sempre gostava de mencionar, aquilo só significava que elas estavam aprontando alguma coisa. Queria dizer que esse lado não tinha nada relacionado a ela e colocar toda a culpa na esposa, mas as semelhanças estavam ali, tão evidentes e nítidas para quem quisesse ver que tornava impossível tentar se abster da culpa.

Vagou o olhar pela grande extensão do jardim da casa das melhores amigas, buscando pacientemente por dois pequenos furacões que poderiam aparecer de repente e sem avisos. Mas, quando as íris azuis repousaram sobre um pequeno corpo, sentiu seu coração errar uma batida e torceu mentalmente para estar delirando.

— Heloísa! Antonella! — disse, um pouco mais alto do que o normal, atraindo os dois pares de olhos curiosos e falsamente inocentes. Elas tinham aperfeiçoado muito bem aquela carinha que as ajudava sair de alguma possível encrenca — Meu Deus, eu não posso deixar vocês sozinhas mesmo.

Apressou os passos na direção da maior árvore plantada no fundo da mansão, um pouco distante da área da piscina, nem mesmo quatro anos vivendo aquele tipo de situação havia sido o bastante para preparar seu coração para ver a filha correndo grandes chances de sofrer alguma queda, simplesmente detestava ouvir o choro sentido da garota e ver algum machucado por sua pele. Heloísa usava um vestido vermelho florido que contrastava perfeitamente com sua pele e fios loiros, suas bochechas estavam vermelhas demonstrando o quanto tinha corrido por todos os lugares imagináveis. Ella, a mais velha entre as duas, não era muito diferente. Sua camisa branca com detalhes de renda tinha certas manchas de terra, os fios castanhos claros grudavam em sua testa e seu peito subia e descia, ofegante.

— Oi, tia! — disse animada enquanto acenava para a médica. A garota de seis anos estava em um dos galhos mais altos daquela árvore e Lilian só queria entender como ela tinha sido capaz de chegar até ali com tanta facilidade, seu coração voltou a errar uma batida quando notou que Heloísa tentava seguir os mesmos passos da prima.

— O que aconteceu? — a voz de Barros surgiu atrás de si antes que pudesse chamá-la para tirar as garotas dali e as duas advogadas vieram logo atrás quando notaram que a médica estava demorando mais do que o necessário.

— A sua filha e sua sobrinha estão subindo em uma árvore! Leila, tira as duas de lá, pelo amor de Deus — apertou o braço da esposa, tentando dissipar um pouco da preocupação que percorria seu corpo.

— Ella! — Simone vociferou, parando ao lado da cunhada. Ela e Lilian pareciam dividir a mesma reação em relação ao medo de uma das crianças caírem da altura que se encontravam, já Soraya e Leila eram o completo oposto. A advogada tinha tido tempo o bastante para se preparar para momentos como aquele, a infância de Cecília a proporcionou isso e a senadora era a pessoa mais tranquila em relação a tudo — Minha filha, você precisa descer daí.

— Eu não sei se consigo...

— A titia te ajuda, querida — Leila se aproximou, precisando apoiar uma das pernas em uma parte da árvore, ficando um pouco mais alta. Esticou os braços na direção de Heloísa, pedindo docemente para a filha ir ao seu encontro com cuidado — Você não vai cair, princesa — garantiu, suspirando baixo quando o pequeno corpo veio de encontro ao seu.

De repente mãe • Simone & SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora