Soraya e Simone voltaram para as proximidades da casa sede quando as estrelas já pintavam o céu, as lingeries e os fios de cabelo já estavam parcialmente secos, mas as expressões tranquilas eram a mais pura prova da tarde gostosa que tinham passado ao lado uma da outra. Tornado já descansava em sua baia ao lado de Duquesa e as coisas que a morena tinha organizado para usarem estavam organizadas na cesta que a mais nova não permitiu que ela carregasse, rendendo um breve debate entre elas.
Estranharam quando não encontraram ninguém na área principal e se questionaram se eles já poderiam estar dormindo, coisa que não fazia muito sentido quando todos estavam no mesmo ambiente. A ministra puxou a cintura da ex-esposa antes de adentrarem a casa, selando seus lábios em um beijo que seria o bastante para suprir sua saudade pelo tempo que não estivessem sozinhas.
— Só pra garantir — sussurrou, deixando a mulher livre do seu contato. Soraya soltou uma risadinha boba, precisando de alguns segundos para se sentir capaz de abrir a porta da casa, agora conseguindo ouvir as vozes das pessoas se misturando na sala principal em meio a cantoria que acompanhava a música que vinha da televisão. A loira sentiu uma mão em seu pulso, tentando pegar a cesta que segurava e se virou para trás, encontrando o olhar terno de Irene sobre ela e Simone.
— Eles vão desconfiar se verem isso — sussurrou — Ou mais do que deveriam.
A loira revezou o olhar entre Simone e a mais velha, teve a breve impressão que tinha voltado para a época que era jovem e estava sendo pega em flagrante depois de sair com algum namoradinho sem que seus pais soubessem, mas não havia julgamento ou nenhum tipo de questionamento nas íris da mulher à sua frente. Ela parecia entender o motivo de estarem em uma situação como aquela e sobre o tempo que precisavam sozinhas, principalmente para entenderem verdadeiramente o que estava acontecendo entre elas antes de contar para alguém.
— Obrigada, Irene — a loira respondeu no mesmo tom, entregando a cesta para a mulher, recebendo um sorriso compreensível assim que Simone murmurou um "obrigada".
Ela se afastou na mesma velocidade que apareceu no campo de visão das mais novas, as deixando sozinhas e sem serem notadas pelo restante. Tebet soltou uma risadinha e descansou a mão nas costas da advogada, a guiando até a sala de estar e nenhuma delas estavam esperando a cena que encontraram logo à frente. Leila, Marta, Ramez e Rodrigo estavam sentados espalhados pelos três sofás que agora estavam juntos, permitindo que não precisassem ficar tão longe um do outro. Já Maya, Cecília, Lilian e Eduarda dançavam e pulavam pelo cômodo ao som de "Dancing Queen" enquanto o restante sorriam amplamente as observando, esquecendo parcialmente o filme.
Era evidente as bochechas vermelhas das mulheres mais velhas, mas elas não ameaçavam voltar a se sentar nem por um segundo, seguindo a dança adorável que as garotas indicavam com uma doçura que suspeitavam ser só delas. A voz quase angelical de Cecília a cada palavra da música fez o coração de ambas as mulheres derreterem, não sendo do conhecimento de nenhuma delas a maneira como a garota poderia cantar.
As íris castanhas escuras encontraram as das advogadas, tornando seu sorriso ainda maior e mais solto. Parou seus passos, seu peito subia e descia com rapidez e, deixando as outras três de lado, correu até as mulheres em uma fração de segundos.
— Senti saudades — murmurou assim que esbarrou seu corpo contra o delas, envolvendo um braço no pescoço de cada uma. Não questionou sobre o sumiço de horas, sentia que não era algo que realmente lhe cabia, então preferiu ignorar completamente aquele fato e só focou na falta que elas fizeram naquela tarde, mesmo que fosse algo que elas precisavam.
— Nós também, pequena — Simone depositou um beijo na bochecha rosada da mais nova, tirando alguns fios de cabelo que estavam grudados em sua testa pelo suor, sentindo o olhar atento de Soraya sobre elas.
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De repente mãe • Simone & Soraya
FanfictionSimone e Soraya estavam casadas há dez anos, o relacionamento de ambas era considerado, por amigos e familiares, algo saído de um conto de fadas. Mas até os mais belos dos romances podem não aguentar uma grande ruptura e causar danos irreversíveis...