II. Faz tudo valer a pena.

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O tempo em Brasília era mais fresco do que o normal, o cansaço era nítido nos olhares de Soraya e Cecilia, mas estavam genuinamente felizes por estarem pisando em solo brasileiro depois de tantos meses. Nada se comparava com a sensação de estar em casa, sentir o calor humano e a maneira como as pessoas eram bem mais receptivas. A jovem faltava dar pulinhos de felicidade enquanto empurrava sua mala e a da loira, a deixando livre para descansar um pouco.

— Nós vamos para a casa da vovó? 

— Acho que sim, pequena. Sua madrinha está trabalhando e eles são os únicos que devem estar resolvendo papeladas do escritório em casa mesmo.

Levantou o olhar quando estavam passando pelo portão de desembarque, encontrando um homem alto de terno, segurando uma placa com seu nome e um rostinho feliz embaixo. Franziu o cenho ao pensar em como ele poderia saber de sua chegada, só então lembrando que tinha avisado ao presidente para caso ele precisasse de seus serviços antes do que combinaram.

— Senhorita Thronicke — ele curvou a cabeça em um aceno rápido quando se aproximaram, a mão estendida em sua direção — Me chamo Beto, ficarei responsável em levá-la até sua casa a pedido do presidente.

— É um prazer conhecê-lo, Beto — apertou a mão rapidamente — Essa é minha filha, Maria Cecília — a garota assentiu com a cabeça em meio a um sorriso suave — Não tinha necessidade de se preocupar com isso, de verdade.

— O senhor Luiz Inácio fez questão, se não for um problema, é claro.

— Na verdade, nós agradeceríamos.

— Eu ajudo nisso — pediu licença para a mais nova e pegou as duas grandes malas, a deixando apenas com a mochila azul em suas costas — É por aqui — apontou para que elas o seguissem. Sua expressão era séria, mas seus traços eram suaves e traziam um certo conforto para a loira.

Soraya soltou uma risada involuntária ao abraçar de lado o corpo da filha, andaram assim até a saída do aeroporto, Beto sempre à frente como se fosse uma barreira para que nada acontecesse com as duas. Um Honda Civic sedan preto estava estacionado em uma das primeiras vagas do estacionamento, o homem abriu a porta traseira para as duas antes de colocar as malas no porta malas, recebendo um sorriso em resposta. 

— A primeira dama pensou que vocês não teriam comido nada, já que acabaram de chegar, então pediu para trazer isso — ele disse quando sentou no banco do motorista, pegou a caixa com donuts e o pacote com sanduíches naturais, junto do suporte com café e chocolate com leite, estendendo para trás — Espero que sejam coisas que agradem vocês.

— Muito obrigada, Beto — Cecília foi a primeira a falar, agradecendo mentalmente pela mulher ter pensado nisso.

— A senhorita pode me falar o endereço que posso deixar vocês.

Antes que Soraya pudesse responder, o toque do telefone no bolso do homem ecoou pelo veículo, ele pediu licença em um murmúrio e atendeu a ligação:

— Sim, presidente, elas estão comigo. Claro, eu posso falar com ela... tudo bem, eu aviso o senhor.

— Aconteceu alguma coisa? — indagou quando ele desligou o telefonema, bebericou um pouco do café sentindo o calor lhe aquecer o interior.

— A senhorita acha que pode ir até o presidente agora? Aparentemente ele está precisando de seu auxílio em algo.

— Primeiro de tudo: pode me chamar apenas de você, Beto, sem tantas formalidades. E sim, posso ir até lá, ninguém da minha família sabe que já estou aqui. O único problema é que não sei onde a minha filha pode ficar.

De repente mãe • Simone & SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora