VI. O vazio que Simone havia causado.

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Cecília saiu de dentro da escola às dezessete horas, as pessoas de sua sala estavam logo atrás de si, distraídos em uma conversa que ela deixou de prestar atenção a alguns minutos. Maya, a garota que mais tinha tentado se aproximar de si nos últimos dois dias, envolveu o braço livre no seu, aproximando mais os dois corpos. Os fios loiros e com uma única mecha de cabelo roxa estavam presos em um coque frouxo, o que ajudava a dar destaque para os olhos verdes.

— Você está quieta hoje — disse baixo, a fim de não ganhar a atenção do restante dos amigos — Aconteceu alguma coisa?

— Nada demais, Maya. Só não consegui dormir o bastante hoje — tentou sorrir para tranquilizá-la.

— Entendi...— confirmou com a cabeça, mesmo não se dando por convencida com aquela resposta, mas não desejando soar invasiva — O que acha de irmos tomar café da manhã juntas amanhã? Pode ser na minha casa se não gostar de algum lugar.

— Estava pensando em passar a manhã com minha mãe — viu de relance uma feição de desapontamento ameaçar surgir na feição da loira, fazendo com que as palavras saíssem por sua boca antes mesmo de raciocinar — Mas você pode ir no nosso apartamento. Se acabar não se importando com a pequena confusão que pode acontecer caso minha mãe e madrinha se juntem.

Maya sorriu amplamente, não desviando as íris verdes das suas. Esse era um dos costumes da garota que a deixava um pouco desconcertada.

— Me mande o endereço por mensagem, juro que sou alguém que a maioria das mães amam — tombou a cabeça para o lado esquerdo, descansando no ombro da morena enquanto andavam até o estacionamento onde a maioria dos pais aguardavam os filhos. Elas se despediram do restante dos amigos quando caminharam na direção oposta, Ceci conseguiu ver o carro de Lilian estacionado próximo ao do pai de Maya.

— É aquela ali a minha madrinha — apontou com a cabeça para a ruiva, recostada na traseira do veículo enquanto mexia distraidamente no celular.

— Ela é linda — admirou a médica por alguns segundos, repousando o olhar de volta para a garota ao seu lado — Acho que toda sua família deve ter um ótimo genes, que sortudos — Ceci riu baixinho, negando com a cabeça.

— Eu acho que preciso concordar.

— Adoro seu sotaque, sabia? É todo bonitinho — beijou a bochecha da jovem Thronicke — Não esqueça de mandar o seu endereço. Até amanhã, Ceci — sorriu, correndo até o carro de seu pai.

Lilian observava as duas com uma sobrancelha arqueada, sorrindo para a afilhada. Guardou o celular no bolso traseiro de sua calça jeans, alguns fios soltos de sua trança, lhe dando um ar mais leve.

— Oi, pequena — abriu os braços, só saindo do caminho da garota quando ela a abraçou de volta — Como foi sua aula?

— Muito boa, madrinha — respondeu com a voz um pouco abafada por estar com o rosto escondido no pescoço da ruiva — E seu dia no trabalho?

— Um pouco agitado, mas gratificante por ver meus pequenos pacientes felizes ao ganhar um pirulito no final da consulta — depositou um beijo na testa da morena ao se afastar, pegando a mochila de suas costas — Vamos para casa ou quer passar em algum lugar para comer? — abriu a porta traseira, deixando a bolsa no banco.

— Podemos passar para pegar algo? Eu preciso me arrumar, vou sair com a Janja — entrou no banco do passageiro, deixando a mais velha com o cenho franzido para trás.

— Janja? A primeira dama? — indagou ao fechar a porta, virando o corpo para ficar de frente para a afilhada — Quando isso aconteceu?

— Essa manhã — respondeu simples, colocando o cinto sem nem olhar para a mulher — Nós vamos ao cinema — sorriu quando finalmente ergueu o olhar para as íris azuis.

De repente mãe • Simone & SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora