XIII. Uma boa impressão

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O apartamento agora estava mergulhado em um silêncio absoluto, diferente de minutos atrás onde risadas e vozes altas ecoavam por todos os cômodos, trazendo um conforto gostoso para o coração de cada mulher, até para Leila, que estava completamente perdida em relação ao que exatamente estava acontecendo ali, mas tinha se mantido em silêncio o tempo todo pela promessa de Simone que a explicaria tudo quando estivessem sozinhas. Maya e Cecília estavam deitadas no tapete da sala de estar junto de Pipoca, nome escolhido para o cachorrinho que dormia tranquilamente entre as duas, provavelmente com o sono acumulado por ter passado dias na rua.

O celular da mais nova começou a tocar, fazendo com que ela atendesse o mais rápido possível para não acordar Soraya, que tinha pegado no sono assim que Janja, Leila e Simone tinham ido embora após um bom tempo após o almoço. A chamada de vídeo era de sua avó, trazendo uma breve sensação de saudade em seu peito por estar a alguns dias longe da mais velha.

— Oi, dona Marta! — sorriu docemente, erguendo um dos braços para deixar o telefone na altura de seu rosto. A mulher estava no escritório que dividia com Rodrigo na casa de Campo Grande, o óculos em seus olhos entregava que tinha acabado de dar uma pausa no trabalho.

— Oi, minha princesa — toda sua expressão se suavizou ao fitar a mais nova, como sempre acontecia quando estava perto da garota ou das duas filhas — Como você está? Estou morrendo de saudades de vocês.

— Eu estou bem, mas com saudade também, quando a senhora vai voltar hein? — fez um biquinho, arrancando uma risadinha rouca da mulher.

— Eu e seu avô ainda precisamos resolver algumas coisas aqui, mas acho que no final da próxima semana, querida.

— Vocês precisam voltar logo para controlar a dona Soraya e Lilian, sabia?

— Não me diga que aquelas duas já aprontaram alguma coisa em pouco tempo que estou longe...— como poderia dizer sobre tudo o que tinha acontecido sem chocar a mulher por completo?

— Só um pouquinho, a tia Lily talvez não sobreviva até que voltem, porque ela não consegue ficar perto de uma das novas amigas da mamãe sem quase ter uma síncope.

— Amiga? Que amiga? — pôde ver Marta dar tapas em alguém sentado ao seu lado para ganhar a atenção da pessoa e não precisava pensar muito para saber que era seu avô.

— A senadora Leila Barros, a mamãe disse que ela ficou flertando com a tia em um jantar que foram — ouviu barulho das teclas do teclado e a mais velha desviou a atenção da tela do telefone para olhar para o lado oposto, se demorando por alguns segundos para voltar a fitar a neta.

— Ela é bonita — murmurou, entretida — Via os jogos dela anos atrás.

— Vocês estão mesmo pesquisando sobre a Leila? Agora eu sei por quem as duas puxaram.

— Ué, se tem uma mulher dando em cima da minha Lily eu preciso ao menos saber o básico sobre ela. O mesmo vai acontecer com você quando chegar a sua vez — Maya, ao seu lado, soltou uma risadinha sincera que não passou despercebida pela Thronicke — Você está com alguém, querida? É sua mãe?

— Não, é a minha amiga — virou o celular para a loirinha, a fazendo parar de rir no mesmo segundo para poder cumprimentar a mulher.

— Oi, senhora Thronicke — disse educadamente, sorrindo sem mostrar os dentes.

— Oi, querida — sorriu sincera, sentindo uma boa sensação em relação à garota — Que bom que já fez amizades, minha princesa. Farei um jantar quando voltarmos para Brasília e faço questão da presença da sua amiga e da senadora Leila.

Cecília riu ao imaginar o pequeno caos que seria para convencer Lilian a convidar a ex-jogadora de vôlei, mas sabia que Soraya faria o convite se ela acabasse se negando, já que poderia ser pior do que uma criança atentada em certos momentos. Pipoca acordou pelas vozes e risadas, saindo dos pés das garotas para descansar ao lado de sua cabeça, permitindo que Marta pudesse enxergá-lo.

De repente mãe • Simone & SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora