De repente mãe • Simone & Soraya

XXVI. Tipo de convite.

Simone levou sua mão livre até o zíper do moletom e abriu lentamente dando tempo o suficiente para Soraya voltar atrás na sua decisão, mas a maneira que ela se remexeu abaixo de si só demonstrava que ela estava longe de tomar tal decisão. Prendeu um suspiro pesado ao repousar o olhar sobre o sutiã rendado branco, contrastando perfeitamente com a pele mais bronzeada pelos dias sendo um dos alvos do Sol ardente de Campo Grande. Já tinha visto a mulher em peças íntimas depois de todos aqueles anos, sabia muito bem disso, mas agora era totalmente diferente.

Seu corpo implorava pelo de Soraya e sentia sua pele pegar fogo, como se nada no mundo pudesse cessar aquela sensação, exceto pela mais nova. Tinha imaginado aquele momento tantas vezes durante os anos que se passaram, ter a mulher entregue a ela e pronta para ser sua novamente soava como uma realidade inalcançável até meses atrás e agora a tinha ronronando como uma gata que precisava de mais para sentir ser o bastante, muito mais.

Não desprendeu os pulsos da mulher de sua mão porque sabia que ela tentaria deixar de ser a única pessoa a estar se livrando das peças de roupa e, naquele momento, a única coisa que queria era que Soraya ficasse exposta para ela. Precisava disso como necessitava de ar para viver.

— Eu quero amar você. Quero que saiba ser minha — sussurrou, aproximando seus rostos, tocando seu nariz contra o da loira em um beijinho esquimó, aproveitando para prender seu lábio inferior entre seus dentes, ganhando um suspiro pesado como resposta. Soraya estava desnorteada sem ao menos ter feito nada e constatar isso só a deixava com mais sede de seu gosto — Depois farei exatamente como quiser, querida — depositou um beijo demorado no queixo da mulher, sorrindo de lado quando ela voltou a se remexer inquieta, aquilo era o mais perto de implorar que ela chegaria se não fosse quase obrigada a ultrapassar aquele limite.

— Eu nunca deixei de duvidar sobre ser só sua, Simone — sua respiração errática causava reações satisfatórias na outra, ela gostava de saber o poder que tinha sobre a mais nova, era quase um fator enorme para a elevação de seu ego. O sorrisinho que nasceu nos lábios que antes marcavam com cuidado sua pele deixou a mulher ainda mais hipnotizante, tornando impossível sequer pensar na possibilidade de desviar o olhar de seu rosto — Mas me faça relembrar completamente sobre isso...— dobrou a perna esquerda, fazendo seu joelho ir de encontro a intimidade da mulher e viu seu autocontrole ameaçar desaparecer em uma fração de segundos, deixando escapar um gemidinho baixo.

Soraya sempre adorou quando decidiam fazer amor, todos os movimentos eram carregados de um turbilhão de sentimentos, a voz sussurrada e arrastada de Simone em seu ouvido só lhe destinavam elogios e os beijos depositados por todo seu corpo, principalmente nos detalhes favoritos da mais velha, a fazia entender que tinha definitivamente encontrado o lugar que pertencia. Mas agora isso estava sendo algo muito distante saciar sua saudade.

Tebet beijou cada uma de suas bochechas, sua testa, a ponta de seu nariz, seu queixo e, por fim, seus lábios. Descendo os beijos suaves e molhados para seu pescoço mais uma vez, aproveitando que agora seu colo estava exposto também, revelando algumas das pintinhas que costumavam ser alvo da devoção da morena. Sua mão livre abriu o fecho do sutiã que ela usava, agradecendo mentalmente por ele ficar na frente, lhe proporcionando uma facilidade muito bem vinda para a situação.

Sentiu um frio na barriga semelhante ao do dia que soube estar apaixonada pela loira e não se assustou como pensou que poderia acontecer, na verdade, desejou ser consumida por ele. Nada no mundo fazia sentido se não estivesse sendo envolvida por aquele sentimento, só esperava não ser a única a se encontrar naquele nível de intensidade em relação ao isso. Seu coração estava acelerado e Soraya podia muito bem ouvi-lo na posição que estava, de tão forte que retumbava dentro do peito da ministra. Sentiu um alívio instantâneo em saber que dividia o mesmo com a mais velha.