Atentada e perturbada.

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Tamaya

Claro. Era óbvio que eu não tinha nenhum minuto de paz, mesmo sabendo que não havia transado com Esther, nada conseguia tirá-la da minha cabeça. Mesmo uma notícia tão feliz, mesmo assim, eu não conseguia arrancá-la da minha mente. Era como se eu não estivesse feliz com essa notícia, porém, não tinha sentido, eu deveria estar, porque ela é uma mulher cruel, perigosa e mentirosa. Eu não posso ficar triste com algo tão bom, pelo menos ela não me tocou, eu não a toquei, nós não nos beijamos. Então tudo perfeito. Mas por que, eu não consigo me sentir bem com nada disso?

Era como se eu tivesse tomado um banho gelado, lavando e levando consigo todas as coisas quentes que a ideia de não termos feito algo, me causava, me deixando com a cabeça fria, com o corpo feito picolé, de tão gelado. E isso me deixava irritada, eu não estava gostando de sentir esse frio em minha pele. Pior, a sua confissão, isso foi algo que caiu igual uma bomba dentro do meu estômago. Causando-me algo ruim. O que me deixava confusa e sem sono, mais uma vez.

Para piorar e me deixar mais confusa, a sua mãe fazendo-a trazer comidas para mim, me deixou de queixo caído, por essa eu não esperava. Me fez questionar sobre o porquê e também quais tipos de coisas ela disse sobre mim a sua mãe. E por qual motivo ela falaria sobre mim para a mãe dela? Ou se ela usou o nome da mãe e foi ela mesma quem fez tudo isso?

Arg!

Complicado. Tudo está sendo complicado.

Mexo em meus fios de cabelos, jogando-os para trás, deixando que meu corpo rolasse pela cama, apreciando o lençol gelado, o cobertor quente e claro, o teto branco de frente comigo, o silêncio por minhas mães estarem dormindo e o único maldito barulho que me impedia de poder dormir, era dentro de minha cabeça, agitando tudo em mim. Estava sendo difícil a noite, rolando de um lado para o outro e com os momentos de três dias atrás.

Como era possível eu me lembrar de cada segundo? De cada palavra dita entre nós?

E a decadência. A pior parte. Era...

Por que raios eu estava bisbilhotando as suas redes sociais?

Por que estou usando o perfil do meu amigo Rodrigo, dono no estúdio, para olhar no perfil de Esther Campbell?

Era muita loucura.

Deixei o celular ao meu lado da cama, não queria mais perder tempo olhando as coisas de uma mulher que não merecia nada que viesse de mim. Respirei fundo, o máximo de tempo que consegui, fechei os olhos e tentei dormir mais vezes do que o normal, mas nada mudava dentro de mim, as lembranças vinham a todo momento e o aperto no peito também. A curiosidade sobre Esther mais ainda, a sua forma de agir e sua amabilidade comigo, foi uma versão sua que me agradou, por um segundo, é claro, mas isso não tem muito sentido vindo de alguém como ela.

Ela não é boa. E sim cruel. Gosta de ferrar com as carreiras das pessoas que não fazem nada além de seguir os seus sonhos. Isso era irritante. Porque queria entender o porquê de tanto afeto no nosso último encontro, tantas demonstrações e desejo que ela teve por mim, bom, isso é loucura. Preciso ocupar a minha cabeça com coisas que não me façam lembrar dessa mulher de forma alguma.

Não posso deixar ela criar morada dentro dos meus pensamentos. Não posso. Isso seria muita burrice da minha parte, é claro.

E mesmo tentando evitar, Esther Campbell por mais uma noite, fez morada em minha mente, era impossível deixar ela sair, era como se ela gostasse de viver dentro dos meus pensamentos e me atormentar, me tirar o sono.



Odiosa fascinação [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora