Tudo Pelo Poder - Fanfic Gabriel Guevara

A Primeira Transação

Depois de incontáveis dias e finais de semana perdidos na frente de um computador, tivemos nosso primeiro resultado. Um pequeno resultado, mas era significativo para o tamanho do nosso esquema.

- Cara, eu acho impressionante o quão fácil é manipular esses gráficos. Eles não são originais, são réplicas, por isso é tão fácil de alterar as variações das negociações. - Disse Carlos, sorridente como uma criança.

- Sinceramente, vai ser muito mais fácil do que parecia ser. - Sorri convencida, Gabriel fez o mesmo atrás de mim.

- Deixando claro que todo esse plano vai ficar entre nós três, correto? - Gabriel se agachou para falar com nós dois, e apenas assentimos.

- Claro, não queremos ser presos, não é? - Ríamos quando o celular de Gabriel começou a tocar.

Enquanto ele falava no telefone, Carlos e eu observávamos as transações ocorrerem para a conta da empresa.

- Já estão suspeitando. - Disse Gabriel, após encerrar a chamada, apreensivo.

- Como assim? - Perguntamos.

- A parte financeira e de contabilidade da GR Investimentos já estão suspeitando desse dinheiro todo entrando de repente. Não temos o que dizer ou explicar, senão isso vai cair nos ouvidos errados.

- De fato. Precisamos dar alguma desculpa, alguma justificativa bem fajuta. - Disse Carlos - Algo do tipo... Hum... Diga que as ações da bolsa estão indo bem.

- Aí que mora o problema. Todas as ações que eu comprei estão na minha conta financeira, e não na conta da GR Investimentos. É no mínimo suspeito para eles que em um belo dia eu tenha decidido deixar todo meu dinheiro na conta da empresa. Não sei se vocês sabem, mas isso é um claro sinal de desvio de dinheiro.

- É, e não queremos passar essa suspeita para qualquer pessoa que não seja nós três. - Eu disse, e todos concordaram.

- Pois bem, irei descansar um pouco. Qualquer coisa você me chama. - Gabriel me deu um selinho, e se retirou do escritório.

- Caralho, eu estou com uma puta fome. Não tem como a gente pedir um hot dog mais cedo? - Carlos esfregava a barriga.

- Pede lá, vou continuar verificando esse sistema aqui. - Eu olhava atentamente para a tela do computador quando Carlos se levantou da cadeira para ir pedir seu lanche para entregar.

Nessa altura do campeonato, era certo de que Gabriel estava tirando seu sono de beleza da tarde. Eu continuava trabalhando enquanto Carlos demorava horrores para voltar. Sua demora estava levemente suspeita.

- Por que ele está demorando tanto...? - Perguntei para mim mesma, enquanto continuava lendo alguns arquivos.

Quando finalmente certifiquei de que a demora de Carlos não era normal, retirei-me do escritório e desci as escadas, indo em direção ao lado de fora daquela casa enorme.

Nenhum sinal de Carlos por ali.

Tudo estava estranho, pois Carlos sempre avisa onde vai e por onde está andando. Caso tenha dado problema com delivery, ele certamente avisaria para mim ou pelo menos deixaria uma mensagem, um bilhete... Resumidamente, estava estranho.

Resolvo ir em um dos seguranças que guardavam em volta da casa para perguntá-lo sobre Carlos.

- Boa tarde, Sr. Lima. - Sorri simpática.

- Boa tarde, Senhorita Laura. Em que posso lhe ajudar? - Ele se agachou levemente para que pudesse me ouvir melhor.

- Por um acaso você viu o Carlos passando por aqui?

- Carlos? Eu não o vi até agora. Ele havia saído de dentro de casa para atender alguém, e até agora não voltou. - Foi aí que eu percebi a gravidade da situação.

- Ok, obrigada. Bom serviço.

De fato estava estranho, pois o delivery provavelmente havia chegado, mas Carlos não voltou para dentro de casa.

Resolvo ir até a sala das câmeras e voltar alguns minutos, até o momento que Carlos foi buscar seu lanche.

Carlos foi sequestrado.

Em uma reação de desespero, eu saí rapidamente da sala das câmeras de vigilância e fui até o quarto de Gabriel para acordá-lo.

- Amor, acorda, por favor. - Sacudia incessantemente Gabriel, na tentativa quase que impossível de fazê-lo acordar.

- O que foi, amor? Eu estava tendo um sonho tão gostoso... - Resmungou.

- O Carlos foi sequestrado. Precisamos fugir.

- Carlos foi o quê? - Em um passe de mágica, Gabriel imediatamente acordou.

- Sim, precisamos fugir. Provavelmente estão atrás da gente. Rápido, arrume nossas coisas.

Gabriel se levantou rapidamente da cama, vestindo uma camisa e preparando nossas coisas para fugirmos. Pela gravidade da situação, não poderíamos ir atrás e procurar por Carlos, senão os próximos a desaparecerem seriam nós dois.

- Não precisa levar tanta coisa. Apenas o necessário, por favor. - Disse, e Gabriel assentiu.

Voltei correndo para o escritório, peguei o mínimo de laptops possíveis e me encontrei com Gabriel nas escadas. Nós dois descíamos freneticamente os degraus e corremos até o carro. Enquanto eu colocava os laptops no banco de trás do carro, Gabriel guardava as malas no porta-malas.

- Antes, precisamos fazer um teste. - Gabriel, ofegante por causa do peso das malas, me  olhou com estranheza.

Por algum motivo que eu não sei - na verdade, eu imaginei que um dia seria útil - eu tinha um detector de sinal de rede como chaveiro. Ele funcionava basicamente da seguinte forma:

Você colocava esse detector próximo de algo que emitisse ondas e funcionasse como uma rede - por exemplo, wi-fi - e ele apitaria caso realmente tivesse algo.

- Para que você quer saber se existe sinal de rede no carro? - Gabriel me observava ofegante e com as suas duas mãos na cintura.

- Está tudo certo. - Guardei o detector no bolso - Isso era para certificar de que não estaríamos sendo perseguidos ou observados por alguma espécie de GPS. Não tem nada, podemos ficar tranquilos. - Disse, e Gabriel sorriu orgulhoso.

- É muita inteligência para um ser tão baixinho desse jeito. - Esfregou meu cabelo, e eu sorri tímida - Vamos, antes que os próximos a desaparecerem sejamos nós.

Gabriel e eu adentramos rapidamente o carro, finalmente saindo de sua casa e passando pelas ruas.

- O pior de tudo é que vamos ficar sem ele. Que droga. - Gabriel apertou o volante - Quem poderia estar por trás do sumiço dele?

- Desculpe-me informar, mas você conseguiria responder isso bem melhor do que eu.

- De fato. - Gabriel concordou, inconformado com a situação.