O Arrependimento

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- Sim, princesa, você mesma! - Disse empolgado, e eu não conseguia expressar nenhuma reação.

Não é que eu não acreditava no meu potencial, mas nenhuma pessoa é totalmente invisível aos olhos do governo. O governo detém todo poder e controle sobre nós, é como se estivéssemos jogando futebol com os olhos fechados em meio a um tiroteio.

- Precisamos começar essa busca pelas informações logo amanhã, mas eu sei que você vai precisar de um descanso, então vou te levar para jantar hoje. Onde quer ir? - Gabriel dizia, enquanto focava sua atenção na estrada.

- Eu aceito um fast-food. - Disse entediada, olhando atentamente para a tela do meu celular.

- O que houve com você? Achei que ficaria feliz com uma oportunidade dessas. - Ele tentava olhar para mim, mas precisava prestar atenção nas ruas.

- Não, Gabriel, eu não estou. Você acha que é fácil ter que lidar com a pressão de que eu vou invadir um sistema do governo só por causa de ganância? Eu não tenho sede por dinheiro ou poder, eu só queria sair da casa da minha mãe e olha onde eu me meti.

- Se não queria, por quê veio então? - Gabriel rapidamente parou o carro.

- Porque você nem ao menos deu uma oportunidade para que eu desse a resposta final. Você simplesmente passou por cima do meu livre arbítrio de dizer que não queria. - Gritei.

- Basta. - Gabriel gritou, saindo do carro e indo em direção a minha porta e a abrindo - Saia do carro.

- Oi? - Digo incrédula.

- Saia do carro.

Eu realmente não estava acreditando que ficaria largada na rua, sem saber onde eu estava só porque eu não queria ir para a cadeia.

- Isso é inacreditável! Você vai se arrepender do que você está fazendo comigo. - Gritei no meio da rua, enquanto ele adentrava de volta no veículo.

- Foda-se, garota. - Deu o dedo do meio e deu partida no carro.

- Eu te odeio, Gabriel! - Gritei pela última vez, até seu carro ter sumido do meu campo de visão.

Que inferno de garoto! Tomara que ele bata com o carro.

- Moça? - Uma voz desconhecida vinha em minha direção.

- Ah oi! - Dei um sorriso desajeitado.

- Está tudo bem? Você parece um pouco perdida. - O jovem coçou a cabeça, enquanto brincava com as chaves do seu automóvel.

- Nem tanto... Meu chefe acabou de me abandonar aqui na rua, não sei como eu volto para casa. - Tentava manter um sorriso para o jovem simpático, mas falhava miseravelmente.

- Eu posso te ajudar? - Ele perguntou e eu assenti - Eu sei que vai soar meio esquisito ou suspeito, mas você pode ficar em casa até conseguir internet para acessar o mapa da cidade.

- Muito obrigada, é... - Hesitei, na intenção de saber seu nome.

- Juan. - Sorriu simpático - E como a senhorita se chama?

- Meu nome é Laura. - Devolvi o sorriso, e nesse momento fiquei mais calma. Era bizarro ter que confiar em um estranho por causa de um chefe esquisito.

- Vamos até o meu carro. Te levarei até minha casa. - Ele começou a andar na frente, e eu apenas o acompanhava.

Ao adentrar aquele carro de luxo, coloquei meu celular no meu colo na intenção de esperar qualquer sinal de rede wi-fi disponível. Depois dessa terrível experiência que Gabriel me fez passar, eu certamente vou providenciar um GPS offline.

Juan e eu permanecemos em silêncio em um curto período de tempo da viagem, até que a minha barriga roncou, chamando atenção dele.

- Eu acho que tem uma mocinha com fome por aqui. - Sorriu simpático - O que acha de pararmos em um fast-food e comer algo?

- Acredita que isso já estava nos meus planos? - Rimos juntos.

Ao adentrar a rede de fast-food, Juan e eu andamos até o balcão para fazer nossos pedidos.

- O que a senhorita quer? - Ele tirava a carteira de seu bolso.

- Eu quero aquele lanche que vem acompanhado com brinquedo. - Fiz biquinho, e Juan parecia ter se divertido com a situação.

- Te dou se você me prometer que vai guardar o brinquedo com você e se lembrar de mim. - Olhou em minha direção sorrindo, enquanto tirava um de seus cartões para fazer o pagamento.

- Prometo. - Sorri feito uma criança. Ele pagou, esperamos o pedido ficar pronto e peguei o brinquedo.

Depois de pegarmos tudo, sentamos em uma das mesas no segundo andar do estabelecimento.

- Conte para mim, eu estou curioso. Por que seu chefe fez isso com você? - Ele tentava segurar a risada, mas falhava miseravelmente.

- Ele queria que eu fizesse uma coisa absurda, algo que é... - Hesitei muito em falar, pois não queria me comprometer revelando um segredo de um homem poderoso - Algo que eu não concordo, basicamente.

- E o que era isso, se me permite perguntar. - Ele deu a primeira mordida em seu lanche.

- Perdão, mas eu não posso contar. - Fiz o mesmo, logo após abrir o meu sanduíche.

- Tudo bem, entendo. Às vezes tem coisas comprometedoras que envolvem nome de gente poderosa. - Deu um leve sorriso, e pegou uma de suas batatas-fritas.

- O pior de tudo é que eu vou ter que voltar para casa dele, pelo menos para pegar as minhas coisas. Será que você poderia me ajudar? Eu realmente não quero te incomodar... Você já me ajudou demais me trazendo aqui.

- Que isso, não tem problema. Eu levo sim. - Sorriu simpático e eu fiz o mesmo.

[...]

Depois que terminamos de lanchar, Juan e eu voltamos para seu carro para ir até a casa de Gabriel. Iria ser uma tarefa difícil, visto que eu não lembrava onde ficava sua casa, mas sabia que o endereço estava na minha caixa de e-mail. O problema é que eu não tinha internet para isso.

- Hum... Eu posso te ajudar. - Juan tentava falar comigo enquanto prestava atenção na estrada - Você pode acessar seus e-mails através do histórico de notificações do seu celular. No meu é assim, talvez no seu seja diferente.

- Achei! - Quando achei, Juan pediu para que eu o fornecesse o endereço, e assim foi feito.

- Ah nossa, já estamos pertinho. É ali? - Ele apontou, e eu assenti.

Tudo Pelo Poder - Fanfic Gabriel GuevaraOnde histórias criam vida. Descubra agora